Governo de SP ainda não tem uma posição clara sobre os projetos de expansão de metrô

Secretáro dos Transportes Metropolitanos analisa alternativas das novas linhas de metrô, mas admite até substituir modal sobre trilhos por um sistema sobre pneus
Secretário Alexandre Baldy na estação Mogi das Cruzes, em coletiva durante extensão do horário do trem direto entre a Luz e Estudantes | Foto: Renato Lobo

O governo estadual ainda não tem uma posição clara sobre o futuro das obras metroviárias que estão paradas ou estavam em vias de serem iniciadas. A indefinição atinge projetos importantes como a extensão da Linha 2-Verde até Guarulhos, a Linha 6-Laranja, que foi iniciada como PPP e a Linha 18-Bronze, outra PPP mas em formato de monotrilho.

Em entrevista nesta segunda-feira (04) aos portais Via Trolebus e Diário do Transporte, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, durante viagem que marcou a extensão do horário do atendimento direto de trem entre a Luz e Estudantes, falou sobre a expansão da malha sobre trilhos.

Linha 6-Laranja

Diferente da declaração do governador João Doria, que em dezembro cogitou revogar o cancelamento da PPP da Linha 6, o titular da pasta dos transportes afirmou o estado ainda busca alternativas.

“Estamos estudando formas e procedimentos a serem tomados no decreto de caducidade, que atinge a sua plenitude em meados de agosto. Então até o mês de agosto teremos buscado alternativas.” disse Baldy.

O Consórcio Move São Paulo venceu a licitação para construir e operar a ligação metroviária entre Brasilândia e São Joaquim em 2013, mas as obras estão paradas desde 2016 por conta de problemas financeiros, e depois que as construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, que integravam o consórcio, se envolverem em crimes investigados pela Operação Lava-Jato.

Segundo apurou o site, Baldy trabalha com três alternativas, incluindo cancelar a caducidade, mas esta seria a menos provável. Restaria possivelmente fatiar a obra e repassá-la para que o Metrô gerisse o projeto ou, então, promover outra concessão à iniciativa privada. Com 15 km e 15 estações, o ramal deve transportar mais de 600 mil pessoas por dia quando estiver pronto.

Linha 2-Verde

O projeto sobre trilhos que conectará a Vila Prudente até Guarulhos segue no radar de expansão. A extensão da Linha 2, no entanto, foi congelada por conta de restrições orçamentárias. Caberá ao governador se prioriza este projeto com 14 km de 13 novas estações, conforme já previa o blog no começo de 2018.

“Problemas fiscais e financeiros foram motivadores da sua interrupção. Estou na fase final de apresentar os estudos ao governador João Doria de todas as possibilidades que teremos para estes quatro anos de governo, para que nós possamos de forma planejada saber as obras e intervenções necessárias, e os investimentos necessários, e que abrange também a Linha 2, para que o governador João Doria possa de maneira planejada tomar a decisão de qual seria os investimentos e de qual serão as obras de que a secretária dos transportes metropolitanos e o governo de São Paulo estará realizando para todo o período do governo”, disse o secretário.

Comenta-se que o governo deverá dividir o projeto priorizando um primeiro trecho até a região da Penha, onde a Linha 2 se encontraria com a Linha 3 e a ajudaria a desafogar. A segunda fase, até Guarulhos, no entanto, também é vital não só por levar o Metrô até o populoso município como também conectar a Linha 13-Jade de forma mais eficiente que hoje.

Linha 18-Bronze

As notícias não são tão boas para o passageiro do ABC que espera a Linha 18-Bronze. A previsão, segundo o secretário, e que as obras devam ser retomadas apenas em2020. O titular da pasta confirma que há estudos alternativos do projeto que inicialmente previa monotrilho.

“Na realidade, não houve outros projetos até o momento para a linha 18. Foram determinados estudos pelo governador João Doria pela impossibilidade do início da linha 18 pelo fato da caducidade do DUP [decreto de utilidade pública] – decreto de desapropriação. O decreto de utilidade pública [das áreas para desapropriação] tem um prazo para ser utilizado. São cinco anos. Esse decreto caducou e nós não poderemos iniciar a linha 18 até o final do ano de 2019 pela caducidade.”, disse Baldy.

“Não tem a menor justificativa para a [linha 18] ser obrigatoriamente de monotrilho. Pode ser outro modal como o BRT [Bus Rapid Transit – ônibus de trânsito rápido]. Poderia implicar em um ou outro trecho em desapropriações, porém, a velocidade de implantação [do BRT] é muito maior e o custo é inferior. Infelizmente aqui em São Paulo a gente está tendo uma péssima experiência com a implantação dos monotrilhos. As demais linhas do monotrilho não têm cumprido o cronograma de implantação que havia sido previsto pelo Governo do Estado e em alguns trechos está abandonado.” afirmou.

Os rumores sobre a troca de modal aumentaram nos últimos meses e a declaração do secretário Baldy revela que essa possibilidade infelizmente existe. Trata-se de um retrocesso em que pese os problemas enfrentados pelo monotrilho, a maior parte deles relacionados à gestão e não ao modal em si. Um corredor de ônibus, por melhor que seja sua implantação, incorrerá em oferta menor de assentos/hora e desvalorização imobiliária pelo seu percurso, ao contrário de uma linha de metrô.

Caso o monotrilho não seja mais uma alternativa existem sistemas de metrô leves disponíveis e que poderiam suprir essa lacuna. O grande atrativo da rede metroferroviária que a diferencia dos sistemas de ônibus é justamente sua velocidade, segurança e conforto. As experiências mais próximas de um BRT na Grande São Paulo, como o Expresso Tiradentes e o Corredor ABD, não se equiparam nem de perto à qualidade das principais linhas de trem e metrô.

Com Ricardo Meier

Entrevista na íntegra:

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4 comments
  1. Como morador de São Bernardo e usuário do sistema de trólebus, posso afirmar que um BRT ou VLT não solucionaria as nossas necessidades.
    São Bernardo é a única cidade do ABC que não tem um acesso por trilhos para a capital, sendo caro e demorado o trajeto (já que se tem que pagar uma passagem a mais nas conexões com o trem ou metrô) e a população carece desse sistema. Um BRT já existe na cidade, e é eficiente até, mas não atende a necessidade da população.

  2. Simplesmente patético!!!!

    Esse infeliz tem a coragem de falar em BRT como solução pra linha 18, meu Deus do céu na onde iremos parar????

    Algo tem que ser feito contra essa ideia de retardado mesntal, seja uma petição on-line ou escrita, antes que seja tarde.

    1. Apenas complementando meu comentário…

      Alguém que conhece o trajeto do projeto original, sabe dizer se há espaço suficiente para a construção de um elevado que comporte um trem convencional?

      Se sim,creio que seria o ideal.

      1. O trajeto do projeto não consegue comportar um trem convencional por causa das curvas adotadas, é possível implementar um trem convencional mas implicaria em mais desapropriações ou até mesmo transferir metade do percurso para l subterrâneo oq deixaria a obra mais custosa ainda

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