Nesta terça-feira (25), o secretário dos Transportes Metropolitanos Alexandre Baldy participou de uma audiência de prestação de contas na Assembléia Legislativa de São Paulo. Entre vários temas abordados, o chefe da pasta lembrou que o governo do estado tem estudado desde fevereiro um novo sistema de bilhetagem para o lugar de cartões magnéticos e os bilhetes Edmonson. E citou como exemplo o metrô de Nova York iniciou a mudança da sua plataforma tradicional para o OMNY, um sistema de cobrança por aplicativos.
Desde seus tempos na prefeitura de São Paulo, o governador João Doria fala em uma nova forma de cobrar as passagens, mas a mudança esbarra mais em aspectos burocráticos do que técnicos. O grande problema está no fato de prefeituras da Grande São Paulo e o estado terem sistemas de transporte urbano independentes. São tarifas, contratos e serviços bastante diferentes e que dificultam uma possível padronização no sistema de cobrança.
É o que Baldy comentou aos deputados presentes na audiência. “A gestão do transporte público e a concessão é do município, já o bilhete é feito por diversos modos”, afirmou, reconhecendo o imenso desafio que o governo tem pela frente.
Outra dificuldade existente é que o modelo de cobrança atual tem uma conotação social imensa. Cobra-se o mesmo valor independentemente do trecho percorrido. Com isso, um passageiro que utilize três linhas de trem tem um custo bem mais baixo do que outro que circula por cinco ou seis estações, por exemplo. “Buscamos uma integração física e tarifária onde o passageiro que more perto do trabalho não pague injustamente por aquele que vem de uma região mais distante”, explicou.
Baldy fez um apelo aos presentes para que o embrião de uma agência reguladora do transporte público seja criada para fazer a gestão de todos os sistemas existentes na região metropolitana e mesno no estado como um todo.
Por fim, há o fantasma das fraudes e que atinge sobretudo o bilhete único da capital paulista. Já se tornou uma cena comum ver pessoas vendendo cartões fraudados ao lado de bilheterias do Metrô e CPTM, apesar das frequentes afirmações de que a prefeitura de São Paulo está tomando atitudes para evitar isso.
OMNY
O exemplo citado pelo secretário acaba de ser disponibilizado em Nova York pela MTA, a agência que administra o metrô da cidade. O sistema cobra a tarifa por meio de um leitor “contactless” (sem contato) existente nos bloqueios e aceita não só cartões de crédito e débito como “smart watches” e smartphones. A plataforma já é usada em outras cidades como Londres, por exemplo.
Nesse cenário, torna-se mais importante possui um banco de dados confiável e seguro e que identifique usuários e seu perfil. Ao ser reconhecido nos bloqueios, o sistema identificaria o tipo de tarifa do passageiro e cobraria o valor coerente – um estudante ou um trabalhador com direito a vale transporte, por exemplo.
A medição do trecho percorrido poderia ser feita por uma nova leitura na saída dos bloqueios, como ocorre em vários metrôs do mundo. Com o controle de entradas e saídas em tempo real, seria possível até oferecer tarifas diferenciadas em períodos de baixo movimento para estimular o uso do transporte público, além de poder direcionar mais trens em determinados trechos e sentidos.
Sem dúvida, o futuro da cobrança de bilhetes no transporte passa por esse sistema. Resta saber quando a burocracia e a deficiente legislação brasileira permitirá que ele se torne realidade.
Ao invés de gastarem mais dinheiro com, que não é tão urgente, poderiam apressar obras, modernizar sistemas e estações.
O que não foi dito na matéria é que outras burocracias como “Vale-transporte” fazem com que empresas já tenham preconceito com pessoas que moram em regiões distantes do trabalho. Ou seja, se caso isso se confirmasse, muitas empresas deixariam de empregar pessoas que pagam mais pelo transporte, por que em parte é a empresa que arca como isso. Ou seja, para cobrar por trecho, deve-se criar medidas para que empresas ainda possam contratar pessoas que moram em regiões distantes, inclusive, por nosso sistema de transporte ser pendular.
Porque um novo sistema de pagamento precisa estar vinculado à uma nova forma de cobrança (por trecho)?
Porque não deixar como está onde você paga a tarifa quando entra no sistema e só depois estudam as possibilidades de cobrar por trecho?