Segundo maior município em números de habitantes no estado, Guarulhos ficou ausente da malha metroferroviária de São Paulo até 2018, quando a Linha 13-Jade da CPTM foi aberta. Mas esse cenário pode mudar radicalmente nesta década. Além do avanço da extensão da Linha 2-Verde, cujas obras até Penha estão prestes a serem iniciadas, o Metrô lançará nesta segunda-feira o edital do projeto básico da Linha 19-Celeste.
Trata-se da última etapa antes de o governo do estado preparar a licitação de concessão do ramal subterrâneo que ligará Guarulhos ao centro da capital paulista. É esse projeto que fornece as condições e critérios para que seja delineado o edital de construção da linha que, nos planos da gestão Doria, será uma concessão ainda sem modelagem definida.
Em tese, essa etapa de preparação poderá ser concluída ainda no mandato do atual governador, que vai até dezembro de 2022. Ou seja, se a Linha 19 evoluir como esperado é possível que as obras comecem ainda nesta década, o que pode coincidir com o avanço de outros dois projetos, a Linha 2-Verde entre Penha e a estação Dutra, que depende hoje de desapropriações, e da extensão da Linha 13-Jade no sentido de Bonsucesso.
Apesar desse cenário ideal para os moradores da cidade, o efeito dessa frente de obras só deverá ser sentido nos últimos anos da década. Dos três projetos, o que pode trazer reflexos positivos mais cedo está em outra solução, a modernização das vias da Linha 12-Safira e que permitirão que a Linha Jade possa ter mais horários de partida no sentido da estação Brás. A segunda fase da Linha 2-Verde pode ter as obras iniciadas nesse mandato, porém, sua conclusão deve ficar para um período entre 2027 e 2029.
Já a Linha 19-Celeste está seguindo os passos necessários para se tornar realidade. Há no momento, três estudos em andamento para fornecer subsídios para o projeto básico, o mais recente foi contratado na semana passada e envolve o levantamento topográfico do trajeto, de 18 km.
Metrô saindo da capital
A chegada do metrô a um município vizinho a São Paulo tornou-se uma espécie de tabu. Não é de hoje que se cogita levar alguma linha para fora dos limites da capital, porém, esses projetos nunca avançaram. Um deles foi a Linha 4-Amarela, que Taboão da Serra pleiteia há muito tempo, mas que ainda não foi viabilizado, embora seja uma tarefa relativamente simples, dada a proximidade da estação Vila Sônia com o município.
O projeto que mais se aproximou de transformar essa meta em realidade foi a Linha 18-Bronze. A PPP teve o contrato assinado em 2014 e previa o início de operação em 2018 de um ramal de monotrilho que atenderia nada menos que três cidades vizinhas de São Paulo: São Caetano do Sul, Santo André e São Bernardo do Campo.
Aliás, é justamente esta última cidade que se transformou em uma “fortaleza” contra o transporte sobre trilhos, para azar de seus habitantes. Após anos de inanição por parte do governo, a gestão Doria cancelou o projeto e hoje cogita repassar a Metra, parte de um grupo empresarial da cidade, a construção e operação de um corredor de ônibus BRT para o lugar do monotrilho. A empresa, ligada à tradicional família Setti Braga, dona de viações de ônibus, acaba de vencer a concessão do transporte coletivo de São Bernardo do Campo sem ter enfrentado qualquer concorrente.
Mais passageiros, poucas conexões
O direcionamento da gestão Doria nos projetos sobre trilhos, no entanto, causa preocupação pela prioridade dada a linhas radiais e pendulares. A Linha 6-Laranja, que deve ser retomada neste ano, atrairá mais de 600 mil pessoas cuja maioria deverá acessar as linhas 7 e 8 da CPTM e linhas 4 e 1 do Metrô.
A Linha 13 da CPTM, que originalmente deveria seguir um caminho próprio até a região da Mooca ou além, pode acabar sendo uma extensão da Linha 12 na prática, trazendo mais gente para a lotada estaçao Brás, no centro. E mesmo a Linha 2-Verde chegando a Guarulhos pode tornar-se o maior pesadelo para os usuários.
Com um perfil “híbrido”, o ramal é a primeira experiência em São Paulo de um trajeto de anel metroviário, ao contornar a cidade entre Guarulhos e Vila Prudente. Porém, a partir dali a Linha 2 torna-se radial, em direção à região da Paulista e carregando com ela passageiros oriundos de linhas como a 3-Vermelha, 11-Coral, 12-Saifra, 13-Jade e 15-Prata, para citar as mais pendulares.
Chama a atenção, no entanto, que vários projetos de linhas hoje passam a uma pequena distância de outros ramais importantes. A Linha 6, por exemplo, poderia ser conectada à Linha 3 em Barra Funda enquanto a Linha 2 pode um dia chegar à Lapa, mas isso não parece ser prioridade ainda.
A própria Linha 19-Celeste será conectada no centro às linhas mais movimentadas do Metrô, a 1-Azul e a 3-Vermelha. Se um usuário quiser seguir de Guarulhos para Butantã, por exemplo, terá de fazer duas baldeações para andar uma estação e chegar à Linha 4-Amarela.
Como já lembrado por este site, a expansão do Metrô e da CPTM para regiões distantes precisa de uma contrapartida na área central da capital. Só assim será possível equilibrar a enorme demanda que essas novas linhas atrairão, sobretudo de Guarulhos, a bola da vez dos trilhos, pelo que se vê.
Ótima materia como sempre, eu tbm acho que a linha 3 deviria ser estendida e se conectar com a linha 6, assim uma pessoa que precise ir para Santa Cecília nao precise fazer duas baldeações e tbm acho que a linha 19 já deveria ter seu projeto original executado, ou pelo menos essa primeira fase ser levada ate a estação Brigadeiro e não até o Anhangabaú. O que eu sinto e não e feito um estudo programado do governo (PSDB) com esse pensamento, apenas faz e ver no que dá, se der certo deu se nao der promete estenderem a linha.
O grande problema das concessões, embora sejam um ótimo caminho para acelerar a malha metroferroviaria da cidade é que não se licita o trecho inteiro. Isto causa problemas futuros para expansão como é o caso da linha amarela que só agora o governo está “negociando” com a concessionária. Ou seja, se a concessionária não achar vantajoso eles tem todo o direito de não fazer. O que deveria ser feito é a licitação do trecho total planejado, porém, para não pesar demais devido o investimento, estabelecer em contrato as etapas ao longo da concessão.
Ex: Linha 19 construída em duas etapas: primeiro trecho sendo entregue até a estação Anhangabaú ou brigadeiro e segundo trecho com início de construção no 15° ano. Assim vc motiva a concessionária a não atrasar a construção, já que quanto mais rápido ela entregar, mais rápido receberar pelos novos passageiros .
É um exemplo simples mas que segue algo deparecido embora diferente do que o ministério da infraestrutura está fazendo com os aeroportos concedidos, estipulando gatilhos de investimento.
Até onde eu me lembre, a linha 3 era pra ser Lapa-Guaianazes. Devido à superlotação do ramal, houve o repasse das 3 estações do trecho leste (Dom Bosco – José Bonifácio – Guaianazes, todas hoje linha 11) para a CPTM (basta ver a marca dos trilhos nas estações e ver o logo do metrô neles, e não o da CPTM), bem como o ramal oeste (Barra Funda – Água Branca, que foi remanejada para linha 6 – Lapa, que foi remanejada para a linha 20).
Mas como a sobrecarregada estação Barra Funda do metrô também não comporta mais conexões vindas de outros pontos (Água Branca e Lapa), optou-se por manter o ramal da linha 3 reduzido. Assim como outras extensões das linhas 1, 4 e 5. Espera-se que pelo menos o trecho extensivo da 2 (Jaguaré ou Cerro Corá-Dutra) saia, bem como o das linhas 4 (Pari-Taboão) e 5 (Itapecerica-Bresser, passando pela estação Ipiranga). A única saída de São Paulo é sobre trilhos, basta ver as inundações que praticamente não pararam os serviços deste tipo de modal.
Sim. Porém, a ampliação da linha 3 até Guaianazes acredito que não será feito devido justamente a obra ter sido repassada à CPTM, então acredito que seja mais viável o prolongamento até a Lapa. Linha 5 também acredito que não deva ir até Itapecerica da Serra devido planos de ir ao Jardim Ângela, assim como a estação Bresser, torcendo para pelo menos chegar até o Ipiranga já serão avanços importantes. Acredito que uma fusão entre o metrô e a CPTM seja o caminho, por mais caro que a obra possa ser e restrições existentes nos trechos compartilhados com carga. É mais fácil investir pesado nesta modernização do que se fosse para construir 270 km de túneis.
” A única saída de São Paulo é sobre trilhos, basta ver as inundações que praticamente não pararam os serviços deste tipo de modal.”
Assino embaixo Fernando, pena que o governado não pense o mesmo, preferiu o BRT numa área que costumeiramente alaga, e ainda parece que vai sair outra porcaria do tipo, passando pela Jacu Pêssego.
Campinas é o segundo maior município em população. Guarulhos já foi, hoje é o terceiro maior município.
Segundo o IBGE, Guarulhos é a segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo e Campinas é a terceira.
Tem uma pequena coisa errada na matéria. Quando fala “nesta década” certamente se refere a próxima década, a de 20, que começa em 2021
A extensão planejada pela CPTM para a Linha 13 poderia ser repassada a Linha 5 do METRÔ, na minha opinião, já que a terminação seria em Chácara Klabin.
A Linha 13 deveria tomar um outro caminho, pela Marginal Tietê, semelhante ao que ocorre na Linha 9/Marg. Pinheiros, retirando 3 faixas de cada lado da Tietê. Poderia se fazer a terminação em Imperatriz Leopoldina ou passar por essa estação e chegar a Alphaville/Santana de Parnaiba.