Um impasse entre a GRU Airport e o governo federal está postergando a decisão a respeito do sistema People Mover que será implantado no Aeroporto de Guarulhos a fim de conectá-lo à Linha 13-Jade da CPTM. Após o aval do TCU e do Ministério da Infraestrutura para alterar o contrato de concessão do aeroporto e descontar o valor a ser investido no projeto das parcelas de outorga, resta escolher a empresa fornecedora, porém, a GRU se mostrou favorável à proposta mais cara, da empresa austríaca Doppelmayr, contrariando o termo de referência da concorrência.
A razão apontada pela GRU Airport envolve a constatação de que a proposta mais barata, feita pelo consórcio nacional AeroGRU (Aeromovel, TB, FBS e TSEA) possui riscos em seu projeto que podem tornar o sistema sujeito a problemas. Em documento enviado pela concessionária ao Tribunal de Contas da União, a empresa aponta que o Aeromovel, veículo que se desloca por meio da compressão de ar na própria canaleta das vias, não possui nenhum exemplo prático de operação SIL4 (Safety Integrity Level 4), que permite vagões automatizados e que não conseguiu comprovar que o consórcio é capaz de cumprir as especificações de sua proposta.
Criada pela engenheiro Oskar Coester nos anos 70, a tecnologia do Aeromovel tem poucas aplicações: há apenas um sistema implantado na Indonésia e o People Mover do Aeroporto de Porto Alegre, e que passou por vários problemas operacionais. A empresa gaúcha, no entanto, tem buscado estruturar sua tecnologia com parceiros como a Marcopolo, que ficou incumbida de fornecer os vagões.
No mesmo documento, a GRU Airport defende a proposta do GRU Connecta, consórcio liderado pelo Doppelmayr, tradicional fabricante de teleféricos e que possui vários sistemas de People Mover implantados nos últimos 15 anos. Sua tecnologia, por cabos, é vista por exemplo numa linha da cidade de Caracas, na Venezuela. No entanto, o People Mover da empresa austríaca tem um custo estimado de implantação e operação muito alto, de R$ 441 milhões contra R$ 225 milhões da proposta brasileira, ou quase o dobro. E não atende ao requisito de segurança SIL4, porém, nesse caso, a concessionária diz ter sido convencida de que o nível SIL3 atenderia as necessidades do projeto.
É nesse sentido que a concessionária que opera o maior aeroporto brasileiro deseja que o governo federal assuma os riscos da implantação do Aeromovel. “Se for essa a vontade do Poder Concedente, GRU Airport, aceitaria, após aprovação em todos os fóruns de Governança, seguir com tal contratação se os riscos relativos à implementação e operação do sistema APM fossem alocados a terceiros, fossem eles o próprio Poder Concedente ou uma seguradora reputada“, diz trecho do documento enviado por ela ao TCU nesta semana.
Ou seja, ela executaria o projeto, mas qualquer possível problema seria custeado pelo governo federal ou uma seguradora paga pelo mesmo. A GRU ainda sugere uma outra solução, de licitar o projeto diretamente pelo governo: “o Poder Concedente, se assim preferir, licitar diretamente a contratação da empresa responsável pela implementação e operação do APM, desde que preservado o equilíbrio econômico financeiro do Contrato de Concessão”.
A possibilidade de o governo federal assumir o risco de implantar o Aeromovel foi rechaçada pela ANAC, a agência de aviação civil brasileira, a quem a GRU responde. Segundo ela, “quanto ao posicionamento da GRU Airport, segundo o qual os riscos relativos à implementação e operação do projeto APM [Automated People Mover] deveriam ser alocados ao Poder Concedente, esta Superintendência mantém o posicionamento que orienta a elaboração da matriz de risco dos processos de Concessão de Infraestrutura Aeroportuária, e entende que tais riscos devem ser suportados pela Concessionária, tendo em vista que esta tem maior capacidade de gerenciá-los e mitigá-los“.
Novela de quase uma década
A implantação do People Mover, às vezes referido pelo governo do estado como “monotrilho”, é uma novela que se arrasta desde 2012 quando a GRU Airport assumiu a concessão do Aeroporto de Guarulhos. Na época, em meio ao clima de otimismo na economia e aos projeto ligados à Copa do Mundo de 2014, o presidente da concessionária afirmou que a empresa implantaria o People Mover para ligar o terminal aéreo à Linha 13-Jade, então em início de construção. A solução era uma compensação pela decisão da GRU de impedir que a linha da CPTM tivesse uma estação próxima ao atual Terminal 2 do aeroporto.
No entanto, desde então a GRU passou a ter problemas financeiros por conta sobretudo das previsões frustradas de demanda no aeroporto. Em vez de “monotrilho”, ela colocou um serviço de ônibus gratuito entre os terminais e a estação Aeroporto Guarulhos, causando desconforto e demora no deslocamento dos passageiros.
Em 2019, logo que assumiu o governo, João Doria prometeu uma solução, que foi apresentada no final do primeiro semestre após negociação com o governo federal e a GRU, a volta do People Mover, mas cujos recursos viriam do desconto na outorga. Em outras palavras, bancado exclusivamente pelo governo Bolsonaro.
Apesar da promessa do tucano de entregá-lo em março deste ano, o projeto encontrou vários obstáculos legais para evoluir. A situação parecia ter sido solucionada no final do ano, mas resta agora saber como definir a seleção do fornecedor do sistema sem que isso se transforme num elefante branco.
O Aeromovel de Salgado Filho é automatizado, não? Querem uma coisa (SIL4) quem nem o austríaco tem. Isso tá um balaio de gatos. Há um jogo de interesses.
Mas espero que isso sirva de lição para os dirigentes da Aeromovel. A BYD antes de qualquer licitação, montou no terreno da empresa uma linha de testes e que serve como “vitrine” e exemplo de linha funcional. Enquanto isso, a Aeromovel fica tentando resgatar a linha piloto do Gasômetro que entregaram à União anos atrás, coisa que não ocorrerá.
A linha de Jacarta, na mão dos indonésios, não foi conservada e usaram até depenar, agora usam carros com motor a diesel para andar em cima da linha. No Salgado Filho, a Trensurb pode estar fazendo a linha andar mais devagar só para economizar, o que dá remorso em qualquer um que queira implantar um sistema desses.
Sempre achei este trem a ar comprimido uma farsa.
Já estive em Porto Alegre visitando a sua operação e achei um negócio tosco.
Só porque é brasileiro ficam dando corda para estes caras mas ninguém me mostrou o cálculo de eficiência energética dele , quantos quilos por watt ele transporta em comparação com outros sistemas.
Estão há mais de trinta anos tentando implantar isso mas na verdade o pouco que foi instalado está sendo desativado .
Lamentável, chega de fraudes….
Aqui no Brasil essas concessões são uma mamata. Primeiro não deixaram entrar o trem no aeroporto por causa do shopping. Agora querem q o governo assuma os riscos. É um tapa na cara do brasileiro. O aeroporto é público e o interesse maior é do público.
Pelo o amor de Deus! Alguém pode me explicar porque a linha de trem não chega até a porta do aeroporto, como em qualquer aeroporto do MUNDO!!! É direto, não tem nada impedindo, não precisa desapropriar nada!!! É um absurdo quase na porta do aeroporto, ter que fazer uma baldeação seja lá para o que for, com malas e bagagem na mão!!! Definitivamente nós somos Povo mais Burro do Mundo! Por permitir tal Absurdo!!!
Penso que o people mover é até melhor do que o trem parando em um dos terminais, porque aí fica melhor pra se locomover gratuitamente e de forma rápida entre os terminais. Heathrow em Londres e o aeroporto de Miami são assim. Além disso, o contrato de concessão do GRU airport prevê um shopping na área onde seria essa estação. Aliás, nem sei se esse tal shopping vai vingar. Em todo caso, concordo com vc, essa linha como um todo foi entregue nas coxas pelo Alckmin com fim meramente eleitoreiro. Do jeito que fizeram a linha 13, como um puxadinho da 12, ela fica fadada ao fracasso.
Enquanto a novela do People Mover continua, fica cada dia mais urgente e necessário o TAV, Trem de Alta Velocidade, ligado os aeroportos e cidades de Campinas, São Paulo (Guarulhos), São José dos Campos, Campinas. Anel ferroviário de alta velocidade. Projeto em discussão a pelo menos 40 anos.
Saudações e bons voos,
Não existem vantagens expressivas, e não será a simples troca dos atuais ônibus circulares por VLT, Aero Móvel, Monotrilho ou People Mover ou quaisquer outros que irá aumentar esta baixa demanda desta linha 13-Jade, e sim sua a extensão do trecho pós estação Aeroporto Guarulhos ainda nesta década com quatro estações após seguindo até Bonsucesso onde iria aguardar a chegada da Linha 2-Verde em que seria construído um pátio e um terminal de manutenção, afinal este é o 2º maior município do Brasil com mais de um milhão de habitantes e não tem Trem Metropolitano e nem Metrô, e esta linha 13-Jade está com uma demanda ociosa de 16 mil contra uma capacidade de mais de 120 mil, ao invés de se lançar novas linhas que só seriam viáveis após a década de trinta!
Uma vez que existe este bloqueio contratual por conta de um contrato de concessão mal elaborado, para a extensão da linha 13-Jade sem baldeação para os terminais da GRU Airport que comprovadamente seria tecnicamente a solução correta a exemplo que já ocorre no Terminal Tietê da Linha-1, entendo ser a melhor alternativa se manter os atuais ônibus circulares, uma vez que com as alternativas propostas se ira manter as mesmas baldeações desnecessárias, uma das clausulas de negociação para renovação do contrato seria a eliminação deste inconveniente e desconfortável transbordo desnecessário com a linha Linha-13 Jade chegando até os terminais.
É sempre assim, quando se fala em benefício prá população, sempre querem colocar impecilio, e dificultam o processo de implantação !!!
Até hoje não consigo entender a necessidade de implatar um trem dentro do aeroporto, alguem explica?
Absolutamente deprimente a baixa qualidade das soluções que desejam implantar no principal aeroporto de uma das maiores metrópoles do mundo. Que decadência tenebrosa vivemos e eles ainda brigando por menor preço…