Indefinição sobre estação 14 Bis-Saracura prossegue em meio a prazo final para obras

Concessionária Linha Uni forneceu cronograma para viabilizar estação da Linha 6 com prazo até sexta-feira, 28. Novos achados e indecisão do IPHAN indicam que assunto está longe de ser resolvido
Áreas onde foram encontrados vestígios arqueológicos em 14 Bis
Áreas onde foram encontrados vestígios arqueológicos em 14 Bis (Reprodução)

A situação da estação 14 Bis-Saracura, da Linha 6-Laranja, parece longe de ser resolvida a poucos dias do final do prazo informado pela Linha Uni para que obra seja realizada em um prazo factível.

A concessionária informou o IPHAN, Iinstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que precisa que o canteiro de obras da futura estação seja liberado na próxima sexta-feira, 28, a fim de que as atividades no local possam ser realizadas a tempo de inaugurar o trecho até São Joaquim em outubro de 2027 – a própria estação só ficará pronta em janeiro de 2029.

Caso contrário, as alternativas seriam atrasar a abertura da segunda fase da Linha 6, que irá de Perdizes até São Joaquim, ou excluir a estação 14 Bis do projeto.

Área onde acredita-se ter sido um terreiro (Reprodução)

Como não há clareza sobre quando os trabalhos arqueológicos serão concluídos, o primeiro cenário é considerado temeroso por postergar os benefícios do transporte à população e também pelas implicações legais do contrato de concessão.

Decisão do IPHAN aguardada

Os últimos desenvolvimentos conhecidos, no entanto, indicam que o assunto ainda está longe de ser resolvido.

A principal questão diz respeito à decisão sobre qual o melhor caminho para preservar os achados e liberar a obra. Essa responsabilidade é do IPHAN, mas até esta semana o órgão federal ainda buscava respaldo jurídico para chegar a alguma conclusão.

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Em mensagem enviada nesta terça-feira, 25, à Mariana Karam de Arruda Araújo, procuradora-chefe da Procuradoria Federal junto ao IPHAN, o presidente do órgão, Leandro Grass, pede urgência para que ela analise a questão a fim de que seja possível “subsidiar tempestivamente a decisão desta Presidência”.

Importa salientar que as  obras da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, em razão do impasse processual instaurado, encontram-se sobrestadas, bem como, os bens arqueológicos encontrados estão sem definição da estratégia de preservação adequada”, escreveu Grass.

Qual o caminho escolhido pelo IPHAN não está claro já que a maior parte dos documentos do processo é tratada como sigilosa.

Alternativa de resgate 01-Mezanino (LinhaUni)
Concessionária sugeriu área para exposição dos achados, mas manteve projeto atual que retira estruturas encontradas (LinhaUni)

Mais achados

O que se sabe é que a empresa A Lasca encontrou mais artefatos de suposta origem religiosa em uma das áreas semanas atrás.

Foi identificada na Área 5, UE-211, nível 350-360 cm. O contexto é formado por uma tampa de cerâmica de possível quartinha que ocorreu em associação a uma concentração de fragmentos de louça com decorações variadas que já vinha ocorrendo desde a profundidade de 300 cm. A escavação arqueológica foi paralisada, aguardando a manifestação desse IPHAN”, diz carta da empresa.

Diz ainda a A Lasca: “sugerimos prosseguir com a escavação arqueológica da UE-211 na presença da Ialorixá Mãe Jennifer de Xangô que se encontra em campo acompanhando as atividades de resgate arqueológico em curso, assim como já ocorreu em outros locais com estruturas semelhas”.

Novos achados identificados em fevereiro (A Lasca)

Tombamento da área

Organizações e movimentos que defendem a preservação da cultura de origem africana, no entanto, tem enviado ofícios frequentes além de reuniões com membros do IPHAN em busca do tombamento do canteiro de obras.

Nos documentos enviados, as entidades relatam preocupação com as decisões do órgão e também da pressão da concessionária para liberar a área.

A proposta mencionada em algumas mensagens é que os achados deveriam ser mantidos no local e a estação ser construída em seu entorno, algo que a Linha Uni já manifestou ser inviável a essa altura do projeto.

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  1. A esta altura parece óbvio que o local escolhido para a estação é inadequado, cabe um estudo mais aprofundado para a mitigação dos conflitos com o patrimônio histórico.
    E aos que vão criticar o IPHAN, lembrem que a Estação Angélica foi cancelada por causa de um supermercado e a Três Poderes (linha Amarela) por causa da “boa gente” do Jardim Guedala.

      1. Lamentável!!!!!!! Joga fora estas cerâmicas e garfos amassados!!! acharam algum dinossauro, objetos dos homens das cavernas da era Paleolítica???? por culpa do IPHAN e meia dúzia de inconsequentes, o trecho até São Joaquim corre riscos e o pior , mesmo que liberem até 28/02, a estação quatorze Bis só em 2029!!! seria a última!!! ou seja vamos ficar mais 4 anos sem metrô aqui!!!
        isto se não excluírem a estação…. daí volta a vai vai ou monta um circo lá!!!!

  2. Dá raiva só de ler que tem “gente” que quer o tombamento da área. Já não pegaram caco de cerâmica o suficiente não? E a população que mora próximo à estação são uns bananas também, deixar um grupinho tomar conta da situação desse jeito, agora correm o risco de ficar sem metrô.

    1. Mais se você não sabe parte dos moradores que moram ao redor não querem uma estação de metrô ali o mesmo foi com a caxingui na linha amarela que não foi construído devido aos riquinhos que moram no entorno de onde seria construído a estação. E a muitos anos vila sônia quase que não foi construída que o povo ao redor alegava que ia trazer gente diferenciada como dizia as madames do morumbi,

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  3. Um absurdo em cima do outro. O Iphan só prejudica todo mundo, ela não faz nada enquanto aos atléticos que temos e aos tombamentos já realizados. As casas estão a grande maioria um lixo tudo caído, basta ver as igrejas, tá na hora do Iphan aceitar o que a aciona está propondo pois eles estão querendo manter um espaço só para isso e as pessoas ainda querem mais. Bando de pessoas sem noção que não pensam nas pessoas, só no próprio umbigo pra aparecer e ganhar faminha.

  4. Este bloqueio é inacreditável. O que vai mudar para as pessoas estes tipos de achados arqueológicos que foram ali encontrados ? Seriam peças, construções artefatos que vão explicar muitas coisas da história de São Paulo ? Vão impactar de forma positiva o dia-a-dia de quem precisa de um transporte mais rápido e com maior qualidade para aquela região ? É muita perda de tempo e atraso para as pessoas.

  5. Que absurdo, devia extinguir este IPHAN. Esta construção precisa acontecer imediatamente. A população pede socorro. Esta linha vai reduzir de 2 horas para 20 minutos o tempo de transporte de milhões de pessoas. ABSURDO. Extinção do IPHAN já.

  6. Memória histórica pros povos negros que construíram essa cidade com os calos de suas próprias mãos! ali era um quilombo, lugar de resistência ao sistema escravagista e, posteriormente, manteve a tradição da cultura de origem africana. DEVE ser preservada, isso é fato!

    O metrô vai passar de qualquer forma! se haverá uma estação ou não, isso é assunto pros engenheiros e arqueólogos entrarem num consenso. Acho legal a ideia de uma museu dentro da estação! Não se jogam fora as peças e o público não perde uma estação conectada a um dos maiores e mais movimentados corredores de ônibus (9 de Julho).

    Quanto aos comentários acima, quanto racismo hein! povo negro nesse país merece memória histórica! Amam falar de museus em países onde teve holocausto e outras atrocidades, mas menosprezam o próprio país.

    Transporte público não é só para levar trabalhadores que geram riquezas. Transporte público também significa dignidade, pois altera o seu entorno e que, nesse caso, não seja para o esquecimento.

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  7. Existem estações de metrô fora do país que mantiveram as estruturas no local em que foram encontradas para ficar em exibição, e a construção foi adaptada pra isso. O que está acontecendo é que isso não costuma acontecer aqui e não está havendo um bom diálogo entre Iphan e a construtora, que já poder
    ia ter apresentado faz tempo um projeto alternativo para continuar com a obra. É uma empresa espanhola, na Europa isso acontece com frequência. Deveriam ser mais flexíveis.

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  8. Já está claro o que vai acontecer ,não vai ter estação. Quem está decidindo tem a dinâmica de um funcionário público de repartição burocrática, não mora aí, não trabalha aí e não está nem aí com a população da região. Vão cercar 50 metros quadrados, que não será cuidada, deixar uns cacos de cerâmica, voltar com a escola de samba no local . Nas cercanias estão várias construções, nunca acharam nada? Quem vai se beneficiar são os outros , as viagens ficarão um pouco mais rápidas sem uma estação no caminho. Pega o dinheiro reservado e faz outra estação em uma das pontas da linha .

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  9. Olá amigos
    É isso mesmo, Sr DEF e Walan, e a estação Chácara do Jóquei está tomando o mesmo rumo, só para citar uma ocorrência similar, durante a construção de uma linha de metrô em Atenas teve tantos achados arqueológicos que praticamente era impossível remover tudo, eu sei que eles encontraram um meio termo e resolveram o assunto a tempo para as olimpíadas. Teve um enrosco assim na linha Lilas em Santo Amaro.

  10. O grande absurdo é a indefinição e falta de um projeto pelo lado do Iphan. Essa história já se arrasta há anos.
    Houve tempo de sobra para se fazer o devido catálogo das peças, e uma cuidadosa e planejada remoção das mesmas aonde fosse necessario. Inclusive podendo-se construir um memorial/museu anexo à estação.
    Mas os egos inflados e a arrogância politiqueira de certos “acadêmicos” não permite isso. Dá mais “ibope” melar o meio-de-campo e causar o máximo de barulho possível, e assim ganhar os holofotes na mídia.

  11. Que nojo desse IPAN, eles só sabem atrasar o desenvolvimento da cidade, imagina que mais de 25 mil usuários dia serão prejudicados por causa de um grupinho arrogantes que quer fazer justiça social com esses atraso, igrejas tomadas caindo no Brasil a fora e eles implicando com uma louça, a pelo amor de Deus, bando de burocratas aspones, garanto que devem morar no alto de Pinheiros mas atrapalha a vida de todos

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