A Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo completou nesta sexta-feira, 30, seu 10º ano de operação. O primeiro monotrilho de São Paulo é um sistema de transporte de alta capacidade que traz consigo uma nova visão sobre a mobilidade sobre trilhos.
Apesar dos desafios, da torcida contra e do famoso lobby rodoviarista, o modal conseguiu se mostrar bem sucedido em diversos aspectos.
Para marcar a data, separamos 10 destaques sobre este modo diferenciado de se locomover por São Paulo:
1 – Monotrilho x Expresso Tiradentes
A Linha 15-Prata originalmente deveria ser construída como um BRT, sistema de ônibus rápidos de média capacidade. O Expresso Tiradentes, que hoje atende a região da estação Vila Prudente, deveria ter sido levado até a região de Cidade Tiradentes.
O governo do estado mudou os planos e implantou um modo de transporte inédito em São Paulo. Apesar de uma parcela significativa dos monotrilhos no mundo serem de média capacidade, a Linha 15-Prata foi concebida como sistema de alta demanda.
Esta decisão gerou uma série de efeitos positivos na mobilidade da Zona Leste da capital que não depende exclusivamente de meios de transporte poluentes e de baixa capacidade.
2 – Sistema mais rápido e de maior capacidade
Para se fazer um comparativo, o Expresso Tiradentes tem carregamento de 4,2 mil passageiros/km de linha implantada e velocidade máxima de 50 km/h.
O monotrilho da Linha 15-Prata tem mais do que o dobro da capacidade: são 9,5 mil passageiros/km de linha e velocidade máxima de 83 km/h.
O tempo de viagem também é menor. O passageiro que opta por utilizar o ônibus entre São Mateus e Vila Prudente gasta 45 minutos na viagem. Com o monotrilho a economia é maior, com uma viagem duas vezes mais rápida, de apenas 22 minutos de duração.
Enquanto um ônibus tem capacidade para no máximo 197 lugares (biarticulado) o monotrilho tem pelo menos cinco vezes mais capacidade. Se considerar os veículos utilizados em São Paulo, a diferença é ainda maior.
O Guia TPC elaborado pelo BNDES aponta ainda outros pontos relevantes como capacidade de transporte que pode chegar a 48 mil passageiros/h/sentido. O BRT-ABC, modo de transporte de média capacidade, deverá ter pouco menos da metade disso, cerca de 15 mil pass/h/s.
Observa-se que, no quesito capacidade, o monotrilho vale pelo menos por três sistemas de BRT convencionais como o que substituiu a Linha 18-Bronze.
3 – Aceitação do público
A aceitação do monotrilho perante a sociedade, ao contrário do alardeado, é bastante elevada, sendo maior do que a média do sistema metroviário.
Enquanto a rede operada pelo Metrô obteve avaliação de 65% de bom e ótimo em pesquisa de opinião, a Linha 15-Prata obteve 70% de aprovação, perdendo apenas para a Linha 2-Verde.
Em anos anteriores o ramal chegou a registrar avaliação recorde de 78%, a maior da série histórica de 10 anos.
4- Demanda crescente
O fato da Linha 15-Prata ser bem avaliada influencia também no contínuo aumento de demanda do modal. Em levantamento realizado pelo site, o monotrilho chegou a transportar cerca de 100 mil passageiros em janeiro de 2020.
Hoje o serviço transporta de forma segura mais de 140 mil passageiros, um aumento de 40%. A tendência é de ampliação da demanda com as futuras expansões, redução de intervalo e desenvolvimento local.
5 – Maior segurança, menor poluição
Um dos trunfos do transporte sobre trilhos, que inclui o monotrilho, é a quantidade de benefícios ambientais que o modal apresenta. Nada de fumaça, diesel e barulho. O monotrilho é movido a energia limpa e produz pouco ruído.
Em termos de segurança o monotrilho mostra suas vantagens. Não é raro ouvir sobre acidentes na Avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Ou mesmo os alagamentos que atingem a região.
O monotrilho, por ser um sistema segregado e em via elevada, diminui consideravelmente o risco de ocorrências. Até hoje nenhum passageiro se acidentou no modal que opera a 15 metros de altura.
6 – Corredor verde e ciclovia
Corredor Verde. O nome até pode remeter a um programa ambiental de um corredor de trólebus que, ironicamente, utiliza ônibus diesel. Mas não, essa é uma iniciativa do monotrilho da Linha 15-Prata.
O projeto “Corredor Verde da Linha 15-Prata” foi premiado no Parque da Mobilidade Urbana como menção honrosa dentro das iniciativas públicas em favor de uma mobilidade sustentável.
Ao contrário de sistemas de ônibus como o Corredor ABD, o monotrilho permite que os cidadãos desfrutem de um caminho cicloviário integrado às estações que também contam com bicicletários.
Os canteiros centrais também são ajardinados contribuindo para o meio ambiente e propiciando espaços de drenagem natural.
7 – Sistema inteligente
O sistema de monotrilho pode ser considerado inteligente. Os trens são equipados com o sistema de sinalização CBTC que permite a redução dos intervalos e da distância entre os trens de forma segura.
As composições hoje tem a capacidade de operarem de forma autônoma, sem a presença de condutores. Tudo é supervisionado diretamente do Centro de Controle Operacional.
O monotrilho é um sistema tão moderno quanto o metrô tradicional, capaz de imprimir intervalos de até 75 segundos nos horários de maior movimento.
8 – Integração gratuita ao sistema metroferrovário
A integração é um fator importante. Quem precisa usar o sistema rodoviário de transporte precisa pagar uma tarifa com desconto para acessar o sistema sobre trilhos.
Eis uma vantagem importante do monotrilho: a integração com a rede metroferroviária é totalmente gratuita. Atualmente os passageiros podem seguir para a Linha 2-Verde, mas no futuro novas integrações poderão surgir na Linha 10-Turquesa, 14-Onix e 16-Violeta.
9 – Benefícios externos
Os benefícios externos são aqueles que ocorrem fora do sistema de transporte propriamente dito. Um dos mais evidentes é a revitalização do eixo das avenidas em que foi implantado.
E isso não se refere apenas ao pavimento, mas a iluminação pública e calçadas. O entorno das estações são ambientes valorizados comparados a situação antiga onde havia apenas ônibus.
A construção de novos edifícios também é outro fator evidente. Diversos conjuntos habitacionais estão em construção no eixo do monotrilho, atraindo ainda mais pessoas para a região.
Redes de comércio, serviços e outros também foram inauguradas na região, gerando empregos. O monotrilho trouxe benefícios que corredores de ônibus não conseguiram ou em alguns casos tornaram seu entorno mais degradado.
10 – Expansão futura e potencial
O monotrilho da Linha 15-Prata tem seguido em sua expansão a despeito de algumas gestões não o levarem tão a sério. Atualmente está em curso a expansão do ramal para a zona leste, chegando à Estação Jacú Pêssego.
Na parte oeste o monotrilho está sendo prolongado para a Estação Ipiranga, onde fará integração com a Linha 15-Prata. A nova estação inclusive terá características sustentáveis, algo ainda não visto em sistemas do tipo BRT.
Os números mostram isso de forma clara. Segundo o relatório integrado do Metrô 2023 estão previstas a redução de 182 toneladas de poluentes por ano. 20,8 mil toneladas de gases do efeito estufa e uma economia de quase 10 milhões de litros de combustível por ano.
A expansão futura para a Estação Hospital Cidade Tiradentes é aguardada com muita expectativa, o que mostra a confiança da população com este meio de transporte, que mesmo parcialmente implantado já mostra grandes benefícios.
Os estudos do Metrô mostram que quando a linha for concluída ela beneficiará 550 mil passageiros por dia.
Conclusão
Apesar de críticas por parte da grande mídia e “especialistas” muitas vezes ligados a lobbies rodoviários que insistem numa campanha de desinformação constante para validar a implantação de modos de menor capacidade, o monotrilho, por si só, mostra sua eficiência como meio de mobilidade urbana.
O sistema, pelo seu ineditismo, passou por diversas turbulências motivadas mais por falta de planejamento e desconhecimento da tecnologia do que pelo modal em si, mas que colocaram sua credibilidade em xeque.
Tal situação, porém, está sendo contornada pelos profissionais do Metrô de São Paulo, da fabricante e das empresas responsáveis pela implantação.
Não existe sistema isento de falha, mas a superação dessas falhas gera confiabilidade, tanto em termos técnicos como em termos de avaliação da população.
Apostar no monotrilho é apostar no novo. É sair da caixa dos modos tradicionais e, contra toda a resistência e lobby de setores míopes, construir por excelência sua reputação perante a sociedade.
Caberá aos futuros gestores públicos enxergar o enorme aprendizado em curso e diversos sistemas em implantação no mundo para reavaliar o modal e aproveitar o potencial em novos projetos.
Concordo plenamente com o site, o monotrilho é melhor que qualquer sistema rodoviário e até que alguns sistemas sobre trilhos (é mais eficiente que o VLT de Santos, por exemplo). Na minha humilde opinião, deveriam derrubar o tal ” Expresso Tiradentes”, que ironicamente não chega nem perto da Cidade Tiradentes, e implanta L15 no lugar. Outro ponto óbvio que todos estamos cansados de falar é que a troca da L18 pelo tal BRT foi um retrocesso enorme, tenho esperança que no futuro possa ser construído…
Concordo e vou além: era possível estender a L-15 até o Sambódromo, integrando com as L-3 (Pedro II) e L-1 (Armênia).
Isso não deve acontecer, pelo menos não neste século.
Se, em algum dia, chegar até a futura Estação São Carlos, já será muito (e pode comemorar), porque eles não têm intenção de seguir com nem 1 metro de linha além de Ipiranga.
O projeto de expansão até o Ipiranga já demorou muito para aparecer. E, agora, vão mais 3 anos pelo menos pela frente para aparecer de fato.
A sorte é que a demanda na hora de pico não encostou nem em 50% da projetada para o horário. Senão, Vila Prudente já estaria um verdadeiro caos todo dia!
Mesmo assim, V. Prudente (L2) já é hoje uma das mais cheias nos horários de pico (sobretudo comparada a outras estações terminais). É, por exemplo, mais movimentada que Barra Funda da L3, Itaquera da L3, Jabaquara, Tucuruvi…
Acho que só perde para Luz da L4 e Capão Redondo.
Gastar bilhões pra fazer um trajeto que a Linha 10 praticamente já faz?
Existindo bairros populosos precisando de metrô na região metropolitana, não faz sentido nenhum gastar dinheiro pra uma linha já fazer trajeto que outras existem. Melhorar a linha da CPTM é bem melhor.
(obs: respeito a opinião mas não vejo sentido nessa proposta)
Luís, se o Expresso Tiradentes fosse derrubado os passageiros dele migrariam para a Linha 2 – Verde, q futuramente deve ser a mais lotada do sistema
Artigo incompleto e falho, pois não considera os BRT que rodam com veículos tri-articulado e tem capacidade de passageiros bem maior ! além disto, quando do lançamento desta linha 15, o projeto original se dizia ser capaz de atingir até 500,000 passageiros por dia! até agora, como chegou a miseros 140,000 por dia, isto resulta em somente 28% do projetado, portanto um grande fiasco! portanto, ainda não é possivel julgar o fracasso ou sucesso deste modal, vamos saber isto daqui a 10 anos, o tempo dirá! quem viver verá o resultado final! tem BRT em Curitiba e em Bogotá que roda com mais passageiros do que esta linha 15!
A pessoa que defende sistema BRT merece a vida que tem.
Deve ser gostosinho manobrar um ônibus de 36m dentro de um terminal kkkkkk
Questione os 140 mil passageiros que saíram da loucura do ônibus se o monotrilho é um fiasco. Vai se surpreender com a resposta.
E detalhe, mesmo com o referido fiasco o monotrilho ainda tem mais densidade de demanda do que os quilométricos e poluentes corredores diselizados.
No que concerne a Curitiba. É evidente que o BRT de lá vai ter mais demanda. Eles só tem transporte sob pneus, é a única opção de transporte publico disponível. A Linha 15 ainda conta com o apoio da linhas de onibus no seu eixo de implantação.
Bogotá é um sistema onde o conceito de BRT foi levado ao nivel extremo. Mas a que custo? No final vão precisar construir o Metrô porque o BRT de lá ficou insustentável.
Não adianta colocar cano da Amanco pra dar vazão em uma adutora. A conta não bate.
O BRT tem seu lugar, como alimentador do transporte de alta capacidade. Quando ele tenta ser o “super herói” não aguenta o tranco.
Jean, como usuário da linha concordo com vc
Ah sim, um biarticulado que tem capacidade pra no máximo 270 passageiros é comparável com um trem que carrega 1000…
Agora é preciso expandir mais uma estação após Ipiranga, até São Carlos, para se encontrar com a Linha Laranja também.
Legal, mas faltou dizer que o expresso tiradentes tal como foi construído esta bastante diferente do originalmente projetado. Era pra ter tido guias, o que deixaria a sua velocidade igual ao monotrilho. Era pra ter sido elétrico mas foram colocados ônibus comuns nele (e com a abolição dos onibus a diesel vai acabar sendo eletrico)
Monotrilho ficou bom e trouxe muitas vantagens, mas a comparacao com o expresso tiradentes e injusta porque a obra nunca foi terminada e o pouco construído foi “simplificado”
Nosso “trenzinho da Disney” vai transportando cada vez mais gente, ganhando mais relevância, valorizando o entorno, expandindo a linha. Para quem desacreditou, ele segue aí firme e forte. Com dificuldades no início sim, mas que caminham cada vez mais para uma operação mais madura e segura.
Engraçado que hoje saiu uma matéria no SPTV achincalhando a L15, dizendo que é perigosa, tem muitas falhas, acidentes, que não tem o trajeto prometido e que leva menos gente do que o projetado.
Uma matéria mais rasa que um pires, que só repete as falácias do senso comum.
Mas as críticas sao validas. Tem pontos bons e ruins.
O fato é que ja se foram 10 anos de operacao (fora as obras) e ate o momento foi entregue muito menos do que nos prometeram.
O unico trem baixado ate o momento na historia do metro foi justamente um monotrilho batido
A linha com mais falhas
A linha com mais fechamentos para testes e paese
Demanda muito abaixo do esperado
Ta sendo mais lento construir o monotrilho do que demorou construir a linha 3- vermelha (construida na década perdida, na epoca da hiper inflação e com trechos subterraneos.
Ou seja, tem muitos elogios mas as criticas tbm se justificam.
Diferente da matéria rasa e sem nenhuma base de dados publicada pelo -Diário-, essa sim é uma redação bem escrita, baseada em fatos e dados, com argumentação e não apenas opinião. Parabéns por trazer informação de qualidade aos leitores. (aproveitando, é necessária uma correção no trecho: “prolongado para a Estação Ipiranga, onde fará integração com a Linha 15-Prata”)
Levy Fidelix era um visionário rs
O monotrilho pode ter lá suas falhas e não foram poucas, fora algumas paralisações esporádicas, mas no geral ele foi e está sendo muito bom para a Zona Leste, área de alta densidade e quando atingir os pólos desejados nas extremidades da linha, aí a demanda crescerá mais ainda, mas não acredito que chegará perto da projetada por causa das mudanças da dinâmica de deslocamentos no pós-pandemia! O importante é que seja completada e que no caso da Linha 17 que precisa ser completada em seu primeiro trecho, que a ViaMobilidade não tenha tantas dificuldades de opera-la junto com a Linha 05, que haja melhor gerenciamento e fluidez na operação, pois é uma linha muito aguardada desde 2014 e vai atender a um aeroporto importante, e fazer a ponte entre as linhas 05 e 09 que muitos trabalhadores usam, não poderá falhar muito!
A linha 15 é um monotrilho único do mundo com sua capacidade de transporte. Trata-se de um sistema totalmente inovador. A matéria é bem completa e traz elementos corretos. agregue-se o menor custo e tempo de implantação. o monotrilho tem capacidade de vencer rampas de 6% – contra 4% fo metrô convencional. tem raio de curvatura de 70m – contra 300m do metrô convencional. Estas características permitiram q a L15 seguisse o sinuoso traçado da Avenida Sapopemba sem desapropriações, exceto aquelas necessárias para os acessos das estações