Linha 18-Bronze vs BRT-ABC: estações reais contra pontos de ônibus “gourmet”

Neste tópico comparamos os projetos dos pontos de ônibus do BRT, chamados erroneamente de “estações”, com as estações que seriam construídas na Linha 18. Segurança, acessibilidade são pontos fortes do sistema metroferroviário
Estações do monotrilho: Melhor adaptadas para grandes demandas (VemABC)

O projeto do BRT-ABC pretende substituir o monotrilho da Linha 18-Bronze no atendimento às demandas de transporte da região de São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo.

Embora prometido para ser implantado em apenas “18 meses”, a obra atingiu a marca de um ano nesta semana sem que tenham ocorrido avanços significativos, a despeito da propaganda oficial.

Em nossa terceira matéria avaliando o projeto funcional do BRT, destacamos as paradas do sistema, erroneamente chamadas de “estações” por uma questão de marketing, além dos terminais de ônibus que deverão ser construídos ou adaptados. E também as comparamos com as 14 estações reais que seriam implantadas no projeto do monotrilho. Confira também:

Estações e Paradas

BRT-ABC

As paradas do BRT ABC deverão ter uma distância média de 600 metros uma da outra, com o objetivo de oferecer maior acessibilidade para o passageiro e eficiência na operação.

No geral, os pontos de ônibus deverão seguir alguns padrões como piso elevado em 28 cm, para nivelar o acesso aos coletivos, faixas para ultrapassagem e “arquitetura integrada ao meio urbano”. Na prática, serão construções baratas que aproveitam de ideias simples para propor um conforto mais elevado se comparado aos pontos de ônibus comuns.

Em algumas desses locais, próximos a cruzamentos semafóricos, o acesso poderá se dar em nível, sem a necessidade de se transpor grandes obstáculos. Em alguns casos haverá necessidade de se cruzar passarelas para transpor barreiras ou o curso d’água.

Linha 18

As estações da Linha 18-Bronze teriam uma distância média de 1.156 metros, sendo o trecho mais curto entre Djalma Dutra e Paço Municipal, com 690 metros, e o mais longo, com 2.317 metros, entre Tamanduateí e Goiás.

Todas as estações seriam construídas com plataformas e mezaninos elevados. O acesso se daria em ambos os canteiros laterais do sistema viário através de escadas rolantes e elevadores, garantindo acessibilidade.

Neste caso não há risco de se atravessar avenidas movimentadas, proporcionando mais segurança ao passageiro. Na maioria das estações deste sistema as passarelas de acesso seriam consideradas áreas livres e seguras para a travessia de pedestres para ambos os lados do viário.

Plano de vias da Linha 18-Bronze (CMSP)

As estações da Linha 18-Bronze iriam possuir configurações que vão além de mera disposição de plataformas como é posto no BRT. Cada uma delas está classificada de acordo com três parâmetros: tipo, categoria e porte.

Na classificação “categoria” é avaliado qual o atendimento principal da estação, podendo ser dividido em três subtipos: destinos e origens locais; articulação com sistema ônibus; e articulação metroferroviária.

As estações de destinos e origens locais atendem as demandas mais próximas das estações. Sua estrutura contaria com facilidade para integração com modos privados de transporte através de baias kiss and ride.

As estações com articulação com ônibus deveriam oferecer estruturas adequadas para permitir a transferência de passageiros por modo coletivo rodoviário.

As estações com articulação metroferroviária pressupõem integração com o sistema sobre trilhos. Neste sentido as estações deveriam ser projetadas com maior porte para suportar uma maior movimentação de passageiros.

Classificação das estações (CMSP)

A classificação “tipo” aborda a localização e a função da estação no território, podendo ser uma estação de captação de bairro, distribuição/captação centro, captação intermediária e distribuição final.

A classificação porte aborda o tamanho da estação ante a demanda de passageiros. As estações pequenas teriam demanda de até 20 mil passageiros/dia, as médias, de 20 mil até 40 mil passageiros/dia. As estações grandes teriam demanda superior a 40 mil passageiros/dia.

Tipologia

As paradas do BRT-ABC poderão apresentar diferentes configurações, sendo elas bidirecionais ou unidirecionais.

As paradas bidirecionais terão plataforma que atenderá os ônibus nos dois sentidos de fluxo do BRT. A plataforma poderá comportar até dois veículos articulados por sentido, ou seja, até quatro ônibus poderão estar alocados na estação simultaneamente.

São previstas 13 paradas bidirecionais. Seu comprimento estimado deverá ser de 50 metros com largura de 4 metros.

As paradas unidirecionais por sua vez deverão ser implantadas em locais onde não há possibilidade de construir uma plataforma unificada para os dois sentidos. Serão previstas 7 paradas nesta configuração, contemplando 14 edificações.

As paradas deverão ter 50 metros de comprimento e também 4 metros de largura das estações bidirecionais. Até dois ônibus articulados poderão parar em cada estação.

Linha 18

As estações do monotrilho, além das configurações expostas anteriormente, poderiam ser implantadas em dois formatos principais: Estações T-01 e T-02.

As estações Tipo T-01 seriam construídas em pórticos sobre o viário e deveriam ter plataforma central. Neste formato a estação dá espaço para o sistema viário transitar tanto nas laterais como sob a estação.

Nas estações Tipo T-02 a construção seria também feita em pórticos, mas localizada nos canteiros centrais. Em determinadas ocasiões estes canteiros podem se tornar arborizados e permitir a passagem de ciclovias. Em outros casos, o canteiro central poderia ser o eixo canalizado do Ribeirão dos Meninos.

Acesso

BRT-ABC

Como destacado anteriormente, em algumas paradas o acesso se dará em nível com semaforização, ou seja, com a perda de tempo pela espera do período de travessia. Na região lindeira ao Ribeirão dos Meninos, importante córrego da região, estão previstas travessias especiais dentro das normas de acessibilidade.

Linha 18 

O acesso às estações do monotrilho se dariam através de escadas fixas, rolantes e elevadores, uma vez que elas estão em desnível com o solo. Porém, isso evitaria riscos associados ao trânsito, uma vez que não há necessidade de se cruzar grandes e movimentadas avenidas da região, com a perda de tempo característica desta solução mais barata.

Integração

BRT-ABC

O BRT-ABC deverá contemplar três terminais, sendo eles: Terminal São Bernardo do Campo, Terminal Tamanduateí e Terminal Sacomã.

O Terminal São Bernardo do Campo, que já está implantado e atende aos ônibus intermunicipais e o Corredor ABD, deverá ser modificado. O espaço onde estão alocados as plataformas C, D, E e F será remodelado.

O objetivo é criar uma estrutura integrada física e operacionalmente ao Corredor ABD. No local também será implantado o “CCO” do BRT-ABC que acompanhará toda a operação do sistema em um único ponto. Apesar do nome semelhante ao Centro de Controle Operacional do Metrô ou da CPTM, trata-se de uma infraestrutura mais simples já que os ônibus não terão qualquer nível de automação como nos trens.

Linha 18

A estação que seria mais próxima ao terminal São Bernardo do Campo é a estação Paço Municipal.

Ela estaria localizada na confluência da avenida Faria Lima com o Paço Municipal de São Bernardo do Campo. A estação teria integração com o corredor ABD da EMTU e com o terminal rodoviário que seria um dos acessos.

Outro acesso estaria localizado entre as vias Pery Ronchetti e dos Vianas no sentido Tamanduateí-Alvarengas. A demanda da estação seria de 17,3 mil passageiros diários.

BRT-ABC

O Terminal Tamanduateí será um importante ponto de integração entre o BRT-ABC e o sistema metroferroviário. A implantação deste terminal dependerá de melhorias na avenida Presidente Wilson.

O projeto funcional aponta que haverá uma passarela para o acesso entre o terminal e a estação de integração. Além disso, o terminal poderá iniciar um processo de reurbanização do local que conta com pouquíssimos equipamentos de lazer e serviços.

Linha 18

A estação Tamanduateí da Linha 18-Bronze seria a principal parada do ramal de monotrilho. Sua implantação e formato seriam totalmente diferenciados dado a integração com as Linhas 2-Verde e 10-Turquesa de forma totalmente gratuita.

A estação projetada pela concessionária VEM ABC previa a utilização de três vias, ou seja, a estação foi aumentada em comparação ao projeto funcional que trazia apenas duas vias.

Apenas a demanda estimada para a estação Tamanduateí da Linha 18-Bronze seria de 130,2 mil passageiros diários, ou 76% da capacidade total sugerida do BRT-ABC, um sinal claro que o modal de ônibus não pode competir com um sistema automatizado e totalmente segregado do viário.

Como seria a conexão gratuita da Linha 18 com as linhas 2-Verde e 10-Turquesa em Tamanduateí (VEM ABC)

BRT-ABC

O Terminal Sacomã não exigirá grandes investimentos, uma vez que compreende apenas algumas plataformas numa área do atual terminal. Haverá ali integração física com o Expresso Tiradentes, o BRT gerenciado pela SPTrans.

Linha 18

Pelo fato de a estação Tamanduateí ser terminal da Linha 18-Bronze, não havia projetos para integração no terminal Sacomã.

Colaborou Ricardo Meier.

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  1. Excelente matéria. Aborda, com detalhes, os conceitos dos dois modos de transporte. Grande densidade de infos técnicas. Parabéns !!!

  2. Se é para o STF atrasar a obra, então que quebrem logo o contrato do BRT e voltem no monotrilho, cujo contrato ainda está ativo.

      1. Sim e com certeza seria uma decisão inteligente do novo governador. Conseguiria entregar uma obra importantíssima para o ABC dentro do mandato dele, já que a linha 20 dificilmente vai ser construída de uma vez só.

  3. Melhor do que o BRT e não fazer nada. Pega trouxa do Dória, BRT e um lixo, uma afronta para a população. Vai tirar espaço do viário e causar um caos durante e após a construção. Deus nos ajude que isso não vá para frente. Único que se beneficia com esse negócio e a Metra.

  4. Caro autor, gostaria de entender melhor se o projeto considera eliminar faixa de veículos ou serão construídas novas faixas.

    1. Cara, não entra na minha cabeça esse BRT em nível de solo na guido aliberti, alaga MUITO a ficará parada vários dias principalmente no verão… é um tapa na cara da população do abc um projeto desse!!!!

  5. Quem vem pela Guido Aliberti em SCS e acessa o Rudge Ramos ali na Praça Mauá por volta das 17 horas, sabe o caos que é…… Agora imagina meter mais um semáforo conforme a ilustração mostra…..

    1. O pior é que como vão implantar a linha deste BRT na avenida Presidente Wilson? Quem idealizou este BRT não conhece a região.

  6. É uma vergonha ! Esse lixo desses trólebus, há mais de 30 anos que só temos isso aqui no ABC ! Essa EMTU e essa NEXT são uma máfia maldita ! Deveriam demolir tudo e fazer metrô ! Dá mesma forma que não se constrói trilhos de vagões para trem por causa dos caminhoneiros não se constrói Metrô por causa dessas empresas ridículas e péssimas EMTU e NEXT ! Se Deus quiser o STF vai barrar a EMTU e NEXT no ABC ! A linha do trólebus que sai do Jabaquara é vai até o terminal Ferrazópolis é a segunda linha de ônibus mais movimentada do estado de SP ! Isso é um absurdo, porque todos os terminais do ABC são péssimos, construções antigas do tempo da pedra e que não são reformados e nem melhorados, é um completo lixo, uma vergonha !!!

  7. Ponto de ônibus gourmet foi genial 😅😅😅

    Será que o governador teria peito pra cancelar o BRT e retomar o monotrilho? Seria uma decisão de bom senso!
    Aguardemos!

  8. Ainda seria possível voltar pro monotrilho? Pergunto como leigo.
    Não sei se o contrato com a BYD ainda seria válido juridicamente e, mais importante, se haveria vontade política do novo governo paulista em mexer nisso…

  9. Parabéns ao site ,espero que continue com essas matérias que expõe a vergonha que é esse tal BRT que beneficia a mafia da familia Setti Braga , tem que barrar essa manobra feita pelo lixo daquele engomadinho do Doria .

  10. Essas matérias sobre este lixo chamado BRT são espetaculares, tão espetaculares que deveriam ser encaminhadas a equipe de governo do Tarcísio de Freitas, sei que é quase impossível, mas quem sabe o atual governo desista dessa aberração e volte ao projeto original do monotrilho

  11. Moro em SP divisa com SCS, em dias de chuvas torrencial não vai funcionar o brt, e por sinal porque as estações não atende ambos os lados sp/abc sendo uma obra do estado?
    Óbvio aonde é possível.

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