O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende contrariar estudos técnicos para atender o ABC Paulista com a Linha 20-Rosa.
Segundo o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, o ramal metroviário terá sua primeira etapa partindo de Santo André e indo até a estação Saúde, onde haverá a conexão com a Linha 1-Azul.
A afirmação foi feita nesta quarta-feira, 21, em entrevista ao Pod nos Trilhos, da Revista Ferroviária.
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“A gente deve fazer a consulta e a audiência pública no ano que vem e o leilão em 2026“, disse Benini, que acrescentou que o mercado tem hoje capacidade para absorver dois ou no máximo três projetos por ano.
Começo pelo fim
A intenção de priorizar o trecho que atende os municípios do ABC tem sido cogitada pelo governo há algum tempo enquanto documentos e análises divulgados nos últimos anos mostram um cenário diferente.
Segundo estudos técnicos, o trecho a ser priorizado fica entre Santa Marina e Abrãao de Morais (primeira estação após Saúde), por ser considerado de maior demanda e impacto positivo para passageiros.
O motivo é óbvio: há mais conexões pelo caminho, criando mais possibilidades de trajetos e aliviando outros “nós” do sistema sobre trilhos.
Não é por menos que a demanda do trecho “prioritário” é maior. Segundo o estudo ambiental produzido pelo Metrô em 2023, o trecho entre Santa Marina e Saúde, então considerado como primeira etapa, deve atrair 747 mil usuários por dia em 2030.
No cenário de 2040, quando a extensão até Santo André estaria operando, a demanda da Linha 20-Rosa teria um acréscimo de 545 mil passageiros por dia, atingindo quase 1,3 milhão de usuários diários.
Vale lembrar que os 545 mil usuários esperados se explicam pela eventual existência de toda a extensão do ramal. Já com a linha indo até Saúde, esse total deverá ser menor.
O começo pelo fim, portanto, só encontra justifica em argumentos políticos/eleitorais.
Dívida com a região
Desde a extinção da Linha 18-Bronze pelo ex-governador João Doria em 2019, a fim de favorecer um grupo empresarial do setor rodoviário, a região do ABC se viu deixada de lado na mobilidade sobre trilhos.
As promessas de tornar a Linha 10-Turquesa com “padrão de metrô” não passaram de alguns trens mais novos e reformas de acessibilidade executadas pela CPTM.
A questão que ainda está na mesa é se o futuro operador privado concordará com a preferência de Tarcísio pelo ABC.
Com a maior parte do potencial de receita restrito ao trecho da Linha 20 dentro da capital, resta entender como a concessionária será compensada para bancar um projeto que será construído pela “cauda” e não pela “cabeça”.
Glória a Deux!
A estação Saúde será a nova Vila Prudente, ponto de “integração única” (desconsiderando a Linha 10) da Linha 20, se for começar pelo ABC mesmo, deveriam levar a linha ao menos até Moema.
Concordo!
Sem entrar no mérito dessa discussão de por onde começar a Linha 20, também acho que, se começar pelo ABC, então deveria, de cara, chegar até Moema pelo menos, e não só até Saúde.
Porém, apesar da hipotética semelhança com Vila Prudente, eu acredito que mesmo operando a L20 entre Santo André e Saúde apenas, ainda assim, Saúde teria menos demanda na hora de pico do que Vila Prudente da Linha 2.
E se for até Moema, menos ainda.
Além disso, a Linha 1 também não corre o risco de se saturar como a Linha 2, mesmo que opere a L20 entre ABC e Saúde, já que na L1 a demanda no sentido Tucuruvi é pressionada, no pico da manhã, sobretudo por Jabaquara apenas. Santa Cruz pressiona também, mas nem tanto. E só! Não é à toa que o carregamento máximo neste sentido (Tucuruvi) hoje, no pico da manhã, não passa de meros 22 mil passageiros/hora apenas (no trecho entre Santa Cruz e Vila Mariana).
Nesse caso, Saúde pressionaria mais um pouco. Mas vemos que precisaria pressionar muito mesmo pra poder lotar de verdade esse trecho.
Já na L2 são ou serão muitos pontos de pressão de demanda: Penha, Vila Prudente, Tamanduateí e até Sacomã (que já movimentada terá incremento de demanda com o BRT ABC), sem contar a somatória de mais 7 estações entre Orfanato e Aricanduva.
Não é à toa que o carregamento máximo, quando a linha operar a partir da Penha, pode chegar a altíssimos 55.000 passageiros/hora só no sentido Vila Madalena, no pico da manhã, ultrapassando o carregamento máximo ATUAL da sobrecarregada Linha 3 (que será desafogada pela Linha 2 na Penha).
E, mais para frente, ainda teremos na L2: Gabriela Mistral, Dutra, etc., e um carregamento que pode atingir exorbitantes 67 mil passageiros/hora somente no sentido Cerro-Corá (pico da manhã), já com a L19 pronta (“para ajudar”).
Enfim, em suma: L1 NUNCA vai ficar ruim igual à L2, caso alguém tenha esse medo!
E pensar que a Linha 18 – Bronze já deveria estar operacional se o Doria tivesse dado início nas obras e não trocado o projeto…
Cada dia menos técnico e mais político. Todo projeto de concessão à iniciativa privada e a vontade de por onde deve começar, é baseada em interesse eleitoral e ideológico.
infelizmente esse é o fim de todo projeto de mobilidade no Brasil: virar palanque eleitoral.
outro factoide de tarcisio nao existe estudo nenhum do metro que indique isso. epoca de eleiçao ai ja viu né.
EU SÓ ACREDITO VENDO!
Como a própria notícia informa, todos os estudos da L20 desde o seu “princípio” trazem o trajeto Lapa – Moema como prioridade, em muito pelo fato dela ser concebida para a abastecer a especulação imobiliária.
Mas, se realmente isso realmente se tornar verdade, seria um gol de placa do Tarcísio. Na malha de transporte, a ligação ABC-L1 é muito mais urgente do que um metrô na Faria Lima – que só se justificaria caso a L9 já estivesse saturada.
Acho que estão menosprezando o ABC. Já existem linhas que atendem áreas perto ou mesmo ao lado da cabeça, conforme a matéria. Linhas 6 – laranja e linha 4 – amarela podem atender a demanda e outras áreas podem esperar. Respeito ao ABC, a cauda, que é um dos maiores polos Industriais do estado e pode trazer usuários nas duas vias.
Sem entrar no mérito dessa discussão de por onde começar a Linha 20, acho que, se começar pelo ABC, então deveria, de cara, chegar até Moema pelo menos, e não só até Saúde.
Além disso, a Linha 1 também não corre o risco de se saturar como a Linha 2, mesmo que opere a L20 entre ABC e Saúde, já que na L1 a demanda no sentido Tucuruvi é pressionada, no pico da manhã, sobretudo por Jabaquara apenas. Santa Cruz pressiona também, mas nem tanto. E só! Não é à toa que o carregamento máximo neste sentido (Tucuruvi) hoje, no pico da manhã, não passa de meros 22 mil passageiros/hora apenas (no trecho entre Santa Cruz e Vila Mariana).
Nesse caso, Saúde pressionaria mais um pouco. Mas vemos que precisaria pressionar muito mesmo pra poder lotar de verdade esse trecho.
Já na L2 são ou serão muitos pontos de pressão de demanda: Penha, Vila Prudente, Tamanduateí e até Sacomã (que já movimentada terá incremento de demanda com o BRT ABC), sem contar a somatória de mais 7 estações entre Orfanato e Aricanduva.
Não é à toa que o carregamento máximo, quando a linha operar a partir da Penha, pode chegar a altíssimos 55.000 passageiros/hora só no sentido Vila Madalena, no pico da manhã, ultrapassando o carregamento máximo ATUAL da sobrecarregada Linha 3 (que será desafogada pela Linha 2 na Penha).
E, mais para frente, ainda teremos na L2: Gabriela Mistral, Dutra, etc., e um carregamento que pode atingir exorbitantes 67 mil passageiros/hora somente no sentido Cerro-Corá (pico da manhã), já com a L19 pronta (“para ajudar”).
Enfim, em suma: L1 NUNCA vai ficar ruim igual à L2, caso alguém tenha esse medo!