Linha 6+16: como pode ser o ‘Metrô’ da Acciona?

Caso assuma a linha Violeta junto à Laranja, empresa espanhola deverá operar ao menos 38 km de extensão e movimentar diariamente quase 1,5 milhão de passageiros
O que significa as linhas 6 e 16 nas mãos da Acciona?
O que significa as linhas 6 e 16 nas mãos da Acciona?

Em agosto, a construtora Acciona, que está à frente das obras da Linha 6-Laranja, tornou oficial seu interesse pela Linha 16-Violeta, do Metrô de São Paulo.

A revelação gerou muita repercussão e até promessas do governo Tarcísio de Freitas sobre sua execução em tempo recorde, algo pouco crível diante das várias etapas necessárias para tirar um projeto assim do papel.

Como explicamos aqui, o que a empresa espanhola fez foi protocolar uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) no projeto, uma forma de obter uma autorização pública para realizar estudos.

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Traçado da Linha 16-Violeta sugerido pela Acciona (Jean Carlos)
Traçado da Linha 16-Violeta sugerido pela Acciona (Jean Carlos)

Agora a Acciona vai produzir esse conteúdo nos próximos meses, que então será repassado ao governo estadual. A Secretaria de Parcerias em Investimentos  analisará se eles fazem sentido e se podem dar origem a uma licitação pública.

Portanto, a construtora não ganhará aval para assumir a Linha 16 apenas porque quer. Por uma questão constitucional, o projeto será aberto a outros interessados, mas certamente o grupo espanhol levará vantagem já que entenderá o ramal metroviário como nenhuma outra potencial participante.

O que nos leva a pensar como poderá ser a malha de metrô operada pela Acciona e sua sócias.

Gigante de 38 km de extensão

O “Metrô” da Acciona certamente será imenso caso ela fique com a Linha 16. Serão ao menos 38 km de extensão de trilhos: 15,3 km da Linha 6 original, 6,7 km das extensões sudeste e noroeste e 16 km da Linha Violeta.

O potencial de demanda também impressiona. A Linha 6 com 15 estações tem previsão de receber 630 mil passageiros por dia, total que deve chegar a mais de 900 mil usuários com seis estações a mais.

A Linha 16-Violeta em sua versão inicial deverá atrair cerca de 550 mil pessoas por dia, o que na soma simples chega a um contingente de 1,5 milhão de usuários.

Super Linhas 6+16 da Acciona teria ao menos 38 km de extensão (Jean Carlos)
Super Linhas 6+16 da Acciona teria ao menos 38 km de extensão (Jean Carlos)

A título de comparação, a CCR tem hoje pouco mais de 30 km de trilhos nas linhas 4-Amarela e 5-Lilás e transportou em média em julho pouco mais de 1,14 milhão de passageiros.

Os números da Acciona, no entanto, podem crescer caso o contrato de concessão obrigue (ou torne viável) a expansão da Linha 16 até Cidade Tiradentes, o que dobraria seu tamanho.

Diversas conexões

A hipotética malha seria ligada pela estação São Carlos/Parque da Mooca, onde também circulará a Linha 10-Turquesa e um dia pode receber a Linha 13-Jade.

Além disso, há previsão de conexões em Santa Marina (Linha 20), Água Branca (Linhas 7 e 8), Higienópolis-Mackenzie (Linha 4), Bela Vista (Linha 19 na segunda fase), São Joaquim (Linha 1) no caso da Linha 6.

As estações e conexões da Linha 6-Laranja em sua fase final
As estações e conexões da Linha 6-Laranja em sua fase final

A Linha 16 no traçado proposto (Oscar Freire-Abel Ferreira) acrescentaria baldeações em Anália Franco (Linha 2), Ana Rosa (Linhas 1 e 2), Parque Ibirapuera (Linha 19 na segunda fase) e Oscar Freire (Linha 4).

Prazo realista para inauguração?

A despeito de quase todas as previsões do governo caírem em 2026, último ano do mandato, quando ocorrerão novas eleições estaduais e para presidente, a Linha 16 é um projeto para a próxima década.

Mesmo que a atual gestão consiga acelerar o processo de desenvolvimento da concessão do ramal, na melhor das hipóteses veríamos um leilão em 2026 se tanto.

A Acciona pularia etapas ao ter seus dois tatuzões disponíveis, mas é razoável esperar que eles precisem de uma profunda revisão para serem preparados para um novo trabalho.

Com extensões, Linha 6 pode chegar a 22 km e 21 estações
Com extensões, Linha 6 pode chegar a 22 km e 21 estações (Jean Carlos)

Entre projetos, estudos ambientais e desapropriações necessárias não seria absurdo esperar pelo início das obras em meados da próxima gestão.

Em documento oficial da gestão atual, o início da concessão está previsto para 2026, mas em nenhum trecho da proposta de MIP da Acciona há citação para este ano.

A construtora, inclusive, sugere uma concessão de 30 anos em que oito deles serão usados para as obras. Ou seja, a Linha 16-Violeta seria entregue provavelmente na segunda metade dos anos 2030.

Até lá, “muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte”, para citar um ditado popular.

 

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12 comments
  1. É uma pena q a Acciona não queira usar um mega-tatuzão como previsto no projeto original, a linha teria mais capacidade

  2. Lembrando que se seguir a ideia original do governo Tarcísio, a Acciona teria tbm a L3. Então seria L3 + L6 + L16…. Uma quantidade enorme de passageiros transportados por dia.

    1. Mas o plano da Acciona é um e do governo é outro. O próprio traçado está bem diferente em alguns trechos

    2. Se ficar na mão da acciona não vai ter a l3.

      A linha 3 tinha sido colocado na pacote pra atrair interessados para a l16.

    3. A MIP da L16 não é sugestiva do modelo dobradinha L3+L16 que foi aventado pelo governo.
      Talvez guardem isso para a L20. Aliás, podemos ver uma dobradinha L2+L20 ao invés de L1+L20.

  3. essas obras da linha 16 se sairem do. papel começam em 2028 ou mais provável 2029.o resto é panaceia eleitoreira do tarcisio.o interesse da construtora na linha 16 não é por acaso a zona leste de sp é a mais populosa.
    o mais importante nesse momento e saber como esta a expansao da linha 6 que prometeram se vai sair mesmo a conexão ao sul com a linha 10 por exemplo.

  4. É um Transporte, tipo, trem de subúrbio, que quase não tem assentos 💺 💺 💺 💺, pela quantidade do número de saídas, feito para transportar a muvuca.

  5. Se adicionarmos a Linha 16 em toda a sua plenitude (que deve ser sempre exigida pela sociedade), São Paulo teria uma Concessionaria privada que construiu de raiz infra para 2M pax/dia.

    Valores muito importantes e mais perto do “saudável”modelo Japonês que o que tem sido feito até agora com as vitorias da CCR com infra feita pelo estado.

    Tem havido algumas críticas justas e outras menos justas a esta iniciativa da Linha 16, mas uma coisa é certa, é preciso muita coragem para se propor construir algo desta magnitude ao invés de esperar a volatilidade do Governo.

    Acho que uma das frases que melhor caracteriza todo este processo estava no SSC (citando):

    “O que é melhor, uma rede que segue crescendo alavancada na iniciativa privada, mesmo que numa configuração que pode ser considerada sub-ótima sob algum critério, ou uma rede maravilhosa numa apresentação de slides que na vida real fica entalada em problemas políticos ou financeiros? Aqui não é a Inglaterra pra ficar sendo detalhista com um investimento dessa envergadura”

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