Após atingir a marca simbólica de pouco mais de 100 km de extensão, as seis linhas de metrô de São Paulo transportaram por dia útil nada menos que 5 milhões de passageiros em média no ano passado. Trata-se de um aumento de cerca de 9% em relação a 2018 ou pouco mais de 400 mil novos usuários que passaram a utilizar os ramais diriamente. O sistema, no entanto, já dá sinais de saturação com algumas linhas perdendo passageiros como a 3-Vermelha, que já foi a mais lotada do país.
Como não poderia ser diferente, a Linha 5-Lilás foi a que mais apresentou crescimento. O ramal, que em 2018 finalmente se conectou às linhas 1-Azul e 2-Verde, criando um novo corredor sob trilhos na cidade, teve uma média diária de 562 mil usuários no ano passado, nada menos que 224 mil a mais que no período anterior. Chama a atenção que o ramal já havia experimentado uma ampliação na demanda que começou em janeiro de 2018 com 226 mil passageiros e terminou com 478 mil pessoas utilizando seus quase 20 km de extensão.
O maior crescimento percentual, no entanto, coube a outro novo ramal, a Linha 15-Prata. O monotrilho da Zona Leste passou a funcionar em horário comercial em um trecho maior no início de 2019 e ganhou mais quatro estações durante o ano passado. Com isso, seu movimento diário saltou de 17 mil pessoas em janeiro de 2018 para 96 mil passageiros em novembro do ano passado, até aqui o mês recordista da linha. No entanto, esses números devem ser superados com folga neste ano quando a linha passou a operar em horário pleno até a região de São Mateus. A expectativa é que mais de 300 mil pessoas passem a utilizar todos os dias.
Rearranjo
A abertura de mais estações e conexões também provocou mudanças no fluxo de passageiros. As linhas 2-Verde e 4-Amarela, por exemplo, terminaram 2019 com uma média de passageiros transportados muito parecida, de 775 mil pessoas por dia, com pequena vantagem para o ramal operado pela ViaQuatro. No entanto, foi a Linha 2 que viu seu movimento crescer mais, com cerca de 82 mil usuários extras diariamente. A razão certamente tem a ver com a Linha 5 que alterou o trajeto de muitos passageiros que antes usavam a Linha 9 da CPTM para chegar à Linha 4 a região da Paulista, por exemplo.
Esse rearranjo acabou afetando um pouco a Linha 4, mas a abertura da estação São Paulo-Morumbi em 2018 certamente contribuiu para compensar essa perda e o ramal acabou crescendo em média quase 5% no ano passado. A Linha Amarela deverá aos poucos voltar a crescer sobreudo quando a estação Vila Sônia for entregue entre o final deste ano e o começo de 2021.
Saturação
Enquanto as linhas mais novas naturalmente ampliaram sua demanda, os dois ramais mais antigos do Metrô mostram sinais de saturação. A Linha 1-Azul, a primeira da cidade, teve um crescimento médio de quase 2%, certamente ajudada também pela Linha Lilás, mas transportou menos gente que em 2018 nos últimos meses do ano passado. Em dezembro, por exemplo, foram quase 100 mil passageiros a menos que no mesmo período do ano retrasado.
Já a Linha 3-Vermelha, que já foi a mais lotada do país, viu seu movimento cair discretamente. Em média, ela transportou 1,406 milhão em 2019 contra 1,413 milhão em 2018, queda de meio por cento. Parece pouco, mas é algo simbólico, demonstrando que o ramal não tem condições de absorver mais passageiros exceto se reduzir seu intervalo de trens, que já é baixo. O Metrô trabalha para implantar o sistema CBTC tanto na Linha 1 quanto na Linha 3 até 2021, mas não se deve esperar por um grande incremento.
Perspectivas
Com mais de 5,3 milhões de passageiros transportados em novembro do ano passado, as linhas de metrô de São Paulo nunca levaram tanta gente e esse número tende a ser batido em 2020. Há espaço para crescer nas linhas 15, 5, 4 e 2, mas não sem pagar o preço de ver trens bastante lotados por conta da pequena rede com poucos pontos de conexão.
Felizmente, a rede sobre trilhos tem passado por um processo de reequilíbrio que deve tirar boa parte do protagonismo dos ramais pioneiros e que ainda respondem por grande parte do movimento. Se em 2018, as linhas 1 e 3 representavam mais de 60% do número de passageiros transportados, no ano passado esse percentual caiu para 56%. É uma queda pequena, mas de extrema importância já que mostra que, a despeito do aumento do número de pessoas no sistema, a rede metroviária tem dados sinais de amadurecimento finalmente.
A linha 15 Prata (monotrilho) certamente influenciou na queda de passageiros transportados pela linha 3 vermelha.
eu mesmo fugi da linha 3 vermelha, porque o tempo entre os comboios aumentou de 03 minutos para mais de 05 em alguns horários, tornando o embarque uma tarefa impossível,… simples assim
Com a remodelação das linhas de ônibus da região de São Mateus/Sapopemba (que a SPTRANS ainda não fez) e o costume com a nova linda de metrô por parte dos passageiros daquela região, o número da linha 3 tende a diminuir significativamente.
Talvez estejam esperando o imbróglio da concessão da L15 ser resolvido, e que demora para ser resolvido.
Creio que os planejadores da CPTM já deveriam testar aos sábados a reunificação das linhas 7 e 10, ou seja, exatamente como era em passado recente, começando com a especificação detalhada e minuciosa destas 34 novas composições a serem adquiridas, com a relação a potência e a largura das carruagens de tal forma que se dispense o uso de estribos e borrachões a fim de se eliminar os acidentes com as inumeráveis quedas nos vãos.
Esta atual Linha 10-Turquesa teve um aumento crescente de demanda a partir das conexões das Linhas 5-Lilás, 15-Prata e 2-Verde, e com a atual terminação em uma única plataforma no Brás faz com que todos prefiram utilizar a Linha 2-Verde a sobrecarregando, para acessar as Linhas 1-Azul e 4-Amarela, pois da forma como esta hoje é impraticável se utilizar o terminal no Brás.
O trecho entre as estações Tamanduateí e Barra Funda é o que possui a maior capacidade de se eliminar e redistribuir as múltiplas baldeações em nome da logística e do conforto dos usuários do que quaisquer outras linhas, e aumentar a integração com todas as linhas do Metrô sem uma única exceção, inclusive da futura Linha 6-Laranja na Água Branca.
Caso estas providências sejam tomadas, é dispensável a utilização deste expresso ABC nos sábados, caso contrário à tendência é se tornar uma nova Linha 13-Jade.