A LinhaUni, futura operadora da Linha 6-Laranja de metrô, receberá mais de R$ 200 milhões do governo do estado a título de reequilíbrio econômico-financeiro devido a eventos geotécnicos não previstos.
As informações constam de dados contábeis da concessionária e de um documento que o site teve acesso com exclusividade, mostrando maiores detalhes sobre o processo de reequilíbrio.
VSE Mato Grosso
O site obteve acesso ao documento denominado “Related Claim no contexto do Contrato EPC – Risco Geotecnologico VSE Mato Grosso” que foi produzido pela empresa espanhola Acciona.
O relatório, com 79 páginas, fornece um panorama geral da situação encontrada no canteiro de obras. Em agosto de 2021, os trabalhos foram iniciados no VSE Mato Grosso e em março de 2024 foi detectado um evento geotecnológico não previsto.
Segundo a construtora, durante as escavações na parte inferior do VSE estava prevista a presença de argila da Formação Taguá. Entretanto foi encontrado um terreno rico em areia da chamada Formação Resende.
Um erro na sondagem foi detectado. A camada argilosa, que deveria estar a 3 metros abaixo da laje de fundo, foi detectada na realidade a 13 metros abaixo da laje.
O solo arenoso apresenta características ditas como “extremamente desfavoráveis para escavação”. Eventos de fluxos de água e carreamento de material exigiram a modificação de métodos construtivos para a estabilização do terreno.
Os eventos geram impactos inclusive em moradores próximos que precisaram ter suas casas reformadas devido ao evento. O documento revela que foram realizados laudos e ações como proteção de móveis, tratamento de fissuras e trincas, calafetação de pisos de madeira, troca de pisos, alinhamento de portas e janelas, pintura de paredes e teto. O valor total gasto nessas reformas foi de R$ 109 mil.
Ao todo a Acciona precisou desembolsar o total de R$ 26,3 milhões com o evento que deverá ser reequilibrado pelo estado através de aportes adicionais.
Mais indenizações
O balanço fiscal da Linha Uni mostra que haverá ainda mais indenizações a favor da concessionária. Segundo o item “Contas a receber”, a concessionária deverá ser ressarcida em R$ 179,3 milhões devido a eventos geológicos encontrados nas estações PUC Cardoso de Almeida, Freguesia do Ó, João Paulo e Higienópolis-Mackenzie.
Segundo a concessionária, os valores foram recebidos entre setembro e outubro de 2024 em parcelas de R$ 58 milhões e R$ 121 milhões respectivamente.
Cabe citar que os eventos geológicos estão previstos no contrato de concessão. Os eventos de até R$ 40 milhões são de risco da concessionária. Os valores que ultrapassarem essa faixa serão indenizados pelo estado.
Ola Jean. Alguma novidade sobre a novela da estação 14 Bis ? Algum avanço na queda de braço entre concessionária e Iphan ? Obrigado.
Perdão, no primeiro evento o custo total pelo que entendi foi de 26 milhões que será pago pelo Estado através de aportes adicionais , mas no último parágrafo fala que eventos até 40 Milhões são de responsabilidade da concessionária . Ultrapassando 40 milhões o estado paga em dinheiro e abaixo disso da outro tipo de compensação (prazo de contrato por exemplo)?
Boa tarde Eugenio.
O valor da indenização é global para o contrato. Ou seja, qualquer valor a partir de agora será indenizado para a concessionária.
A questão dos cronogramas, segundo a concessionária, estão controlados.
Acredito eu que a melhor forma de evitar esse tipo de situação é deixar a própria concessionária realizar os estudos de solo.
Luis, nesse caso, o grupo LinhaUni, assumiu uma obra que estava parada. Nesse caso, não teria como a concessionária realizar os estudos de solo.