Mesmo após reforma, quatro trens do Metrô não transportam passageiros

Metrô diz que composições fazem parte da “reserva técnica” e que fato não atrapalha a operação
Trem J47 que retornou à operação Foto: Renato Lobo | Via Trolebus

Ao menos quatro trens reformados pelo Metrô de São Paulo nunca prestaram serviços desde que retornaram aos pátios de manobra, de acordo com publicação do site Via Trolebus.

Segundo a reportagem, as composições K21, modernizada por Consórcio MTTrens (T’Trans / Grupo MPE / Temoinsa), L30 e L43, ambas reformadas pela Alstom, além da J47, modernizada pela Bombardier, tiveram seus sistemas eletrônicos atualizados, interior reformado, além de ganhar novos componentes como ar condicionado, mas até hoje não transportaram passageiros. O trem K21 foi entregue modernizado em 2012, ou seja, sete anos sem prestar serviços.

Iniciado em 2009, o processo de modernização dos comboios foi finalizado em agosto, quando a última composição, a J35, chegou em um dos pátios da companhia. O projeto como um todo envolveu 98 trens e custou cerca de R$ 1,8 bilhão.

Uma das justificativas era aumentar o nível de conforto aos usuários já que os trens originais, além de desatualizados, não possuíam refrigeração. Mas, ao mesmo tempo em que mantém quatro composições sem uso em suas instalações, a empresa opera outros 11 trens que foram fabricados entre 1998 e 1999 e que não possuem itens como as unidades paradas, como justamente o ar condicionado: os trens da frota E, em operação na Linha 1-Azul.

Questionado pelo Via Trolebus, o Metrô não esclareceu a razão de as quatro composições não terem sido utilizadas até hoje, se limitando a dizer que se tratam de “reserva técnica” e que estão em período de garantia: “Toda a frota de 169 trens do Metrô de São Paulo é nova ou modernizada. Os trens citados pela reportagem têm todos os itens de modernização em período de garantia e sua execução em curso junto à empresa fornecedora. As quatro composições encontram-se dentro da reserva técnica de 15% da frota para a operação do sistema e isso em nada interfere na operação tampouco tem impacto na segurança dos usuários.”, afirmou a companhia.

De fato, é preciso manter parte da frota parada nos pátios em caso de panes ou demandas acima da média, por exemplo. Mas isso não significa que esses trens têm de ficar eternamente parados. Nesse caso, a tal “reserva técnica” soa mais como unidades que tornaram-se “almoxarifados sobre rodas”, ou seja, fornecem parte de seus componentes para outros trens em operação por economia, por exemplo. É o que apontou a Folha de São Paulo em 2016 em relação a um dos quatro trens citados pelo site, o K21, que naquela época estava depenado justamente porque parte de suas peças havia sido retirada para substituir itens em outras composições.

Trem do Metrô canibalizado em 2016: prática continua? (Reprodução/Sindicato dos Metroviários)

 

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