Mesmo fora do cargo, Alexandre Baldy mantém influência no governo Doria

Ex-secretário dos Transportes Metropolitanos deixou posto no dia 18 de outubro, mas tem participado de eventos, divulgado informações em primeira mão e até teve seu nome incluído na placa de inauguração da estação João Dias, mesmo sem função na atual gestão
Alexandre Baldy discursa na inauguração da estação João Dias ao lado de Doria (Jean Carlos)

Sob a justificativa de precisar se dedicar à sua pré-campanha para disputar o Senado por Goiás, seu estado natal, Alexandre Baldy pediu demissão do cargo de secretário dos Transportes Metropolitanos do governo João Doria no dia 18 de outubro.

Apesar disso, o goiano segue exercendo influência na pasta, uma das que mais traz visibilidade por conta das obras de vulto e o orçamento bastante elevado.

Mesmo após deixar o posto de secretário, Baldy tem sido presença constante em vários eventos do Metrô e CPTM, como ocorreu na entrega de veículos de manutenção na estação da Luz ou, mais recentemente, ao participar da inauguração da estação João Dias, da Linha 9-Esmeralda, na sexta-feira, 5.

Além disso, o ex-secretário recebeu uma homenagem curiosa no evento de abertura da estação construída pela iniciativa privada. Mesmo sem função alguma no governo Doria, o nome de Baldy foi gravado na placa descerrada por Doria, juntamente com o atual secretário dos Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli.

Detalhe: ambos citados no mesmo cargo, numa acomodação de interesses um tanto inusitada até para os padrões generosos da política.

A placa de inauguração de João Dias: mesmo sem função no governo Doria, Baldy aparece como ‘secretário’, acima de Paulo Galli, o atual responsável (Jean Carlos)

“Porta-voz” do governo

O ex-secretário também tem atuado como porta-voz informal da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, levando ao conhecimento público informações internas do governo Doria sem que a própria pasta o tenha feito.

O primeiro episódio ocorreu no dia 25 de outubro, uma semana após seu pedido de demissão. Em seus perfis em rede social, Baldy divulgou em primeira mão o teste com trens da Linha 4-Amarela realizados na estação Vila Sônia, que será entregue em dezembro. Apenas dias depois, o mesmo material oficial foi compartilhado pelo Metrô e a secretaria.

No começo da semana passada, o ex-secretário revelou a data de inauguração de João Dias e o início da operação no sábado, dia 6. No mesmo dia, o presidente da CPTM, Pedro Moro, apenas sugeria que a nova estação seria aberta em breve – a confirmação da data pelo governo só ocorreu na véspera do evento.

Postagem de Baldy revelou a data de inauguração de João Dias vários dias antes de o próprio governo confirmar informação (Reprodução Instagram)

Também de olho no Senado, Meirelles segue no governo

A saída de Baldy da secretaria ocorreu cerca de um ano antes das eleições de 2022. Em tese, ele poderia ter continuado à frente da pasta por mais tempo já que a descompatibilização de futuros candidatos ocorre apenas seis meses antes do 1º turno.

Também secretário do governo Doria, Henrique Meirelles (Secretaria da Fazenda) continua no cargo mesmo já tendo manifestada a intenção de concorrer à mesma vaga que Baldy pleiteia, o Senado por Goiás.

Uma hipótese levantada pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, é que a demissão teria ocorrido como consequência das prévias do PSDB, que apontará o candidato do partido à Presidência da República no dia 21 de novembro.

Segundo o colunista, João Doria teria afastado Baldy para atrair o apoio de Marconi Perillo, principal cacique do partido em Goiás, e adversário do presidente do PP (Partido Progressista) no estado.

O site questionou a Secretaria de Comunicação do governo João Doria a fim de saber se Alexandre Baldy manteve alguma função ativa na atual gestão. Enviado no dia 3 de novembro, o e-mail não havia sido respondido até a publicação deste artigo.

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  1. Considero que o movimento do ex-governador Marconi Perillo deverá ser outro. Como o PSDB vem sofrendo com uma enorme rejeição a nível nacional desde as eleições de 2018 e no caso dele mais específico por tido as suas contas rejeitadas pelo (TCE/GO) e ainda acabou sendo preso a população dificilmente votará nele neste cargo de relevância de senador. A sua alternativa é buscar uma vaga no legislativo estadual ou federal e apoiar a atual administração Rodrigo Caiado (DEM/GO).
    Agora em relação aos cargos disponíveis no senado federal e vice-governador teremos que aguardar se ambas as legendas PSDB, PSD, PP, MDB e DEM vão seguir juntas no palanque estadual e em troca do apoio no âmbito federal.

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