Sob a justificativa de precisar se dedicar à sua pré-campanha para disputar o Senado por Goiás, seu estado natal, Alexandre Baldy pediu demissão do cargo de secretário dos Transportes Metropolitanos do governo João Doria no dia 18 de outubro.
Apesar disso, o goiano segue exercendo influência na pasta, uma das que mais traz visibilidade por conta das obras de vulto e o orçamento bastante elevado.
Mesmo após deixar o posto de secretário, Baldy tem sido presença constante em vários eventos do Metrô e CPTM, como ocorreu na entrega de veículos de manutenção na estação da Luz ou, mais recentemente, ao participar da inauguração da estação João Dias, da Linha 9-Esmeralda, na sexta-feira, 5.
Além disso, o ex-secretário recebeu uma homenagem curiosa no evento de abertura da estação construída pela iniciativa privada. Mesmo sem função alguma no governo Doria, o nome de Baldy foi gravado na placa descerrada por Doria, juntamente com o atual secretário dos Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli.
Detalhe: ambos citados no mesmo cargo, numa acomodação de interesses um tanto inusitada até para os padrões generosos da política.
“Porta-voz” do governo
O ex-secretário também tem atuado como porta-voz informal da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, levando ao conhecimento público informações internas do governo Doria sem que a própria pasta o tenha feito.
O primeiro episódio ocorreu no dia 25 de outubro, uma semana após seu pedido de demissão. Em seus perfis em rede social, Baldy divulgou em primeira mão o teste com trens da Linha 4-Amarela realizados na estação Vila Sônia, que será entregue em dezembro. Apenas dias depois, o mesmo material oficial foi compartilhado pelo Metrô e a secretaria.
No começo da semana passada, o ex-secretário revelou a data de inauguração de João Dias e o início da operação no sábado, dia 6. No mesmo dia, o presidente da CPTM, Pedro Moro, apenas sugeria que a nova estação seria aberta em breve – a confirmação da data pelo governo só ocorreu na véspera do evento.
Também de olho no Senado, Meirelles segue no governo
A saída de Baldy da secretaria ocorreu cerca de um ano antes das eleições de 2022. Em tese, ele poderia ter continuado à frente da pasta por mais tempo já que a descompatibilização de futuros candidatos ocorre apenas seis meses antes do 1º turno.
Também secretário do governo Doria, Henrique Meirelles (Secretaria da Fazenda) continua no cargo mesmo já tendo manifestada a intenção de concorrer à mesma vaga que Baldy pleiteia, o Senado por Goiás.
Uma hipótese levantada pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, é que a demissão teria ocorrido como consequência das prévias do PSDB, que apontará o candidato do partido à Presidência da República no dia 21 de novembro.
Segundo o colunista, João Doria teria afastado Baldy para atrair o apoio de Marconi Perillo, principal cacique do partido em Goiás, e adversário do presidente do PP (Partido Progressista) no estado.
O site questionou a Secretaria de Comunicação do governo João Doria a fim de saber se Alexandre Baldy manteve alguma função ativa na atual gestão. Enviado no dia 3 de novembro, o e-mail não havia sido respondido até a publicação deste artigo.
Considero que o movimento do ex-governador Marconi Perillo deverá ser outro. Como o PSDB vem sofrendo com uma enorme rejeição a nível nacional desde as eleições de 2018 e no caso dele mais específico por tido as suas contas rejeitadas pelo (TCE/GO) e ainda acabou sendo preso a população dificilmente votará nele neste cargo de relevância de senador. A sua alternativa é buscar uma vaga no legislativo estadual ou federal e apoiar a atual administração Rodrigo Caiado (DEM/GO).
Agora em relação aos cargos disponíveis no senado federal e vice-governador teremos que aguardar se ambas as legendas PSDB, PSD, PP, MDB e DEM vão seguir juntas no palanque estadual e em troca do apoio no âmbito federal.