Em seus mais de 50 anos de existência, nunca o Metrô de São Paulo empreendeu tantos esforços para ampliar suas receitas não-tarifárias, uma forma de não depender tanto do transporte de passageiros, cuja definição de valor sofre influências políticas. A notícia é positiva à medida que faz com que a gestão da companhia enxergue o imenso potencial comercial de um sistema que recebe diariamente mais de 4 milhões de ‘clientes’ e que são consumidores de outros produtos e serviços.
Projetos como o de ampliar áreas comerciais, prestar serviços para outras cidades que operam metrôs ou buscar parceiros para ampliar as receitas com publicidade são ações muito bem-vindas, mas há propostas que merecem um olhar mais rigoroso como a ideia de renomear as denominações de estações com marcas patrocinadas, o chamado “naming rights“, tão discutido nos tempos dos estádios que foram construídos no início da década.
O Metrô lançou uma licitação para contratar uma empresa que fará os estudos de viabilidade desse modelo meses atrás e nos últimos dias assinou contrato com a Maciel Assessores, de Porto Alegre (RS) para levantar essa informações. Ela terá até o final do ano para entregar o estudo que contemplará o “fornecimento de elementos técnicos, econômicos e jurídicos” que vão subsidiar o projeto de concessão onerosa do direito de exploração dos nomes das estações.
Ou seja, ainda é cedo para imaginar como o Metrô fará para negociar o uso dos nomes de suas estações por marcas patrocinadas e mesmo se esse conceito é viável no setor metroferroviário brasileiro. Mas, pela repercussão negativa da adoção dessa forma de receita no exterior, é de se esperar por uma rejeição da ideia.
Em Washington, nos EUA, o metrô da cidade tenta negociar o “naming right” de uma nova estação que será inaugurada este ano e que havia sido definido anteriormente após longas discussões com a comunidade local. A estação Innovation Center, construída próxima a um pólo de tecnologia, pode ser uma de várias estações a terem seus nomes alterados, incluindo as antigas e até mesmo as próprias linhas, numa tentativa de buscar uma receita extra para o sistema.
Para críticos ouvidos pela Bloomberg, o “namewashing” (lavagem de nomes) não apenas apaga a história local como menospreza os aspectos que definem uma região. Pegue-se o exemplo da estação Liberdade, tão característico, sendo engolido pelo nome de algum produto, por mais que ele seja preservado como parte da nova denominação.
Os especialistas afirmam ainda que há um custo embutido nesse ‘vai e vem’ de nomes de estações, que é o de refazer placas, mapas e qualquer tipo de sinalização em caso de mudança do patrocinador, algo comum de ocorrer nessa modalidade de marketing. O site cita o exemplo de uma estação na Filadélfia, a Pattison, cujo nome foi vendido para a gigante AT&T por US$ 5,4 milhões em 2010 e oito anos depois passou a se chamar NRG Station, a nova patrocinadora. Para o mercado publicitário dos EUA, a venda dos “naming rights” foi um senhor negócio: a agência responsável pela venda ficou com US$ 2 milhões.
Nomes deturpados
Apesar dos argumentos contra a ideia apelarem para o bom senso, o volume de dinheiro parece falar mais alto quando se analisam casos bem sucedidos comercialmente. O Metrô de Riad, na Arábia Saudita, por exemplo, vendeu os direitos de nomear oito estações do metrô local por US$ 279 milhões em 2018, cerca de R$ 1,5 bilhão. O processo foi feito por meio de leilão e que teve como vencedores empresas de telecomunicação e do setor bancário que poderão exibir suas marcas por uma década. Nesse caso, as empresas também terão o direito de explorar os espaços comerciais dessas estações, entre outras ações.
O possível patrocínio dos nomes das estações do Metrô de São Paulo ao menos pode acabar com um costume absurdo movido por políticos de tentar rebatizá-las com ‘homenagens’ a pessoas que muitas vezes nada tem a ver com região onde se localizam essas paradas. Mesmo que esse homenageado tenha alguma relação com o local, fato é que nomear estações não deveria ser prerrogativa do legislativo que, ao contrário de batizar ruas, trata-se de um estudo técnico realizado pela companhia e que obedece a diversos fatores como história local, referências no entorno e provavelmente até mesmo a facilidade de memorização.
Este site sempre apoia iniciativas que tornem o ambiente das estações mais integrados com a cidade, seja por meio de estruturas mais “vivas” e úteis desde que isso não deturpe seus projetos arquitetônicos. No entanto, transformar uma informação útil em mercadoria soa como exagero. Há outras coisas mais interessantes para serem vendidas do que os nomes das estações.
Peguei o metrô na estação Unilever, fiz baldeação na Coca-Cola e desci na Itaú-Unibanco.
Semana que vem uso a Linha Google.
Acho que a ideia pode ser bem aplicada, mas com certa restrição. Os naming rights deveria atender também os requisitos técnicos, e há como fazer isso. A estação Eucaliptos, por exemplo, poderia ser negociada com o Shopping Ibirapuera. É uma referência de localização na região, já que é colado à estação, não trazendo prejuízos nesse sentido. A estação Morumbi poderia ser negociada com a Vivo ou outra empresa que esteja em suas proximidade, por exemplo. Agora negociar seus nomes sem que haja essa relação com a localidade específica me parece de todo errado.
O Metrô ofereceu ao Shopping Ibirapuera a construção de um túnel de acesso que saísse dentro do shopping e o Ibirapuera não quis provavelmente porque isso iria “popularizar” demais o shopping.
Mas entendi a sua ideia de só poderem participar empresas que tenham alguma relação com o local. Mesmo assim, uma empresa nem sempre faz parte da cultura local. Ela pode mudar de endereço e causar confusão.
Talvez a melhor forma não seria trocar o nome da estação, mas deixá-la toda personalizada com a marca da empresa e ao ser anunciada o condutor diria “Próxima estação Eucaliptos. Essa estação é mantida pelo Shopping Ibirapuera. Siga as placas para fazer suas compras no shopping.” ou “Próxima estação Morumbi. Esta estação é patrocinada pela Vivo. Aproveite e carregue seus créditos no quiosque próximo à bilheteria.”
Eu já acho meio bizarro a estação Portuguesa-Tietê ter o nome da Portuguesa já que o estádio do Canindé nem fica ao lado da estação.
Mesma coisa com as homenagens em Japão-Liberdade e Jardim São Paulo – Ayrton Senna. Blz que a Liberdade tem tudo a ver com o Japão, mas o Japão simplesmente não é ali e o nome Liberdade já é famoso por si só.
Também não há nenhum ponto de referência com o nome Ayrton Senna nas proximidades do Jardim SP. Só porque ele morou ali perto, bem antes de ser famoso, não significa que faz sentido nomear a estação assim.
Isso só deixa os nomes mais longos, menos icônicos e mais difíceis de serem lembrados.
As que envolvem clubes de futebol até acho plausível porque tem relações com o bairro e os estádios ficam próximos. Porém, no caso de Palmeiras e São Paulo, mudaria o nome, pois com a Linha 6 – Laranja a estação mais próxima do Allianz Parque será a Pompeia e a Barra Funda ficaria “longe”, o mesmo com o Morumbi quando a Linha 17 chegar por lá.
Já acho errado estação com nome de time de futebol e de homenagem, naming rights pior ainda. Imagina estação sé com nome de marca? Barra funda, luz, Brás … Governo quer tanto faturar com receitas não tarifárias, poderia começar cortando desperdício com contrato de terceirizadas, salários fora da média no alto escalão, concessões que oneram a CPTM e o metrô, e por aí vai
Vem aí: estação Brigadeiro Nestlé kkkkkkkk
Otima ideia, espero que va para frente e logo ! precisamos de mais Metro e mais CPTM e toda receita adicional eh muito boa, ainda mais em tempo de pandemia em que o Metro e CPTM sofrem diminuiçao mosntruosa de receitas para todo o ano de 2020 ! o resto eh mimimi !!