Em ano de crise e prejuízo recorde, o Metrô de São Paulo também não conseguiu cumprir sua meta de investimentos em expansão e modernização em 2020. Há um ano, os programas e projetos previstos envolviam um total de R$ 2 bilhões, entre obras de expansão, modernização das linhas e estudos de novos ramais. No entanto, em dezembro, a companhia havia realizado apenas R$ 1 bilhão desse total, segundo dados divulgados na semana passada.
Vale lembrar que esses recursos são repassados pelo estado e por meio de financiamentos, já que o Metrô não possui capacidade própria de investimento. A situação causada pela pandemia do coronavírus e problemas burocráticos e jurídicos contribuíram para que a meta ficasse muito longe da realidade. Confira a seguir os principais projetos tocados pela empresa e quanto eles avançaram:
Linha 1-Azul
O mais antigo ramal metroviário de São Paulo deveria ter recebido R$ 34,9 milhões em projetos de recapacitação e modernização, como a implantação do CBTC e de portas de plataforma. Ao fim de 2020 a empresa havia realizado R$ 28,9 milhões, ou 83% desse total. No entanto, quase R$ 25 milhões foram lançados em dezembro apenas.
Linha 2-Verde
Já com o sistema CBTC funcionando e portas de plataformas instaladas, a Linha 2 possuía um orçamento inicial de R$ 12 milhões em janeiro, que acabou reduzido pela metade duranto o ano. Mas apenas R$ 3,8 milhões foram gastos na modernização do ramal.
A maior parcela de investimento na Linha 2 foi direcionada à expansão até Penha, com R$ 346 milhões disponíveis inicialmente. Desse valor, somente R$ 103 milhões foram efetivamentes despendidos ao final do ano, uma quantia bastante baixa perto do custo total do projeto, em torno de R$ 5,5 bilhões. O Metrô tem passado por alguns imprevistos na obra, entre eles falta de licenças e impasses na Justiça.
Linha 3-Vermelha
Assim como a Linha 1, também a Linha Vermelha está por receber o sistema CBTC, além de portas de plataforma. Entretanto, o contrato de fornecimento das PSDs foi anulado pela Justiça, obrigando o Metrô a relançar a licitação. Em 2020, a empresa investiu apenas R$ 2,4 milhões no ramal, perante uma previsão de R$ 6 milhões.
Projeto | Valor previsto | Valor revisto | Valor despendido | Perc. | Investimento em 2019 |
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Modernização da Linha 1-Azul | R$ 34.914.000 | R$ 34.933.000 | R$ 28.919.000 | 82,8% | R$ 66.170.000 |
Modernização da Linha 2-Verde | R$ 12.049.000 | R$ 6.071.000 | R$ 3.768.000 | 31,3% | R$ 5.981.000 |
Modernização da Linha 3-Vermelha | R$ 6.048.000 | R$ 5.358.000 | R$ 2.536.000 | 41,9% | R$ 22.145.000 |
Expansão da Linha 2-Verde | R$ 346.559.000 | R$ 272.303.000 | R$ 103.045.000 | 29,7% | R$ 17.109.000 |
Expansão da Linha 4-Amarela | R$ 391.204.000 | R$ 408.045.000 | R$ 251.711.000 | 64,3% | R$ 392.951.000 |
Expansão da Linha 5-Lilás | R$ 130.724.000 | R$ 103.639.000 | R$ 79.721.000 | 61,0% | R$ 250.191.000 |
Expansão da Linha 15-Prata | R$ 292.292.000 | R$ 303.951.000 | R$ 276.792.000 | 94,7% | R$ 252.675.000 |
Implantação da Linha 17-Ouro | R$ 530.207.000 | R$ 246.537.000 | R$ 164.878.000 | 31,1% | R$ 168.192.000 |
Projeto da Linha 19-Celeste | R$ 47.826.000 | R$ 8.442.000 | R$ 168.000 | 0,4% | – |
Linha 4-Amarela
O ramal operado pela ViaQuatro tinha previsão de ganhar sua 11ª estação, Vila Sônia, mas dos R$ 391 milhões previstos para o projeto, depois ampliados para R$ 408 milhões, apenas R$ 245 milhões foram realmente utilizados. A obra da estação, assim como do terminal de ônibus, deve ser concluída nos próximos meses.
Linha 5-Lilás
O ramal, também operado pela iniciativa privada, tem pendente aprimoramentos no sistema CBTC, reforço na rede de energia e instalação de portas de plataforma. Esses e outros projetos previam um gasto de R$ 130 milhões no ano passado, porém, o Metrô terminou o ano com pouco menos de R$ 80 milhões efetivamente usados.
Linha 15-Prata
O primeiro ramal de monotrilho da cidade está sendo expandido em direção à Cidade Tiradentes e deve ganhar mais uma estação neste ano, Jardim Colonial. Além disso, o Metrô está construindo extensões das vias para instalar novos aparelhos de mudança de via em ambas as pontas da linha. Segundo o planejamento original, a Linha 15 deveria ter recebido R$ 292 milhões de investimentos, número ampliado para R$ 304 milhões durante ano, e do qual R$ 277 milhões foram gastos de fato, com índice de 91% de realização, o mais próximo da meta.
Linha 17-Ouro
O problemático projeto de cerca de 7 km de extensão na Zona Sul deveria ter utilizado o maior orçamento disponibilizado pelo Metrô, de R$ 530 milhões, mas somente R$ 165 milhões foram usados em 2020. A linha de monotrilho viu a estação Morumbi ser quase concluída enquanto algum avanço ocorreu em outras estações, mas os impasses nos contratos de obras civis e sistemas impediu que o empreendimento retomasse velocidade.
Linha 19-Celeste
Linha de metrô totalmente subterrâneo, o ramal teve várias licitações lançadas em 2020, mas acabou passando por atrasos após questionamentos no TCE. Dos quase R$ 48 milhões disponbilizados, o Metrô utilizou apenas R$ 617 mil.
A companhia também havia separado R$ 212 milhões para a operação de suas linhas, sem detalhar onde essa quantia seria usada, assim como R$ 2,8 milhões para elaboração de projetos para expansão da rede. Em dezembro, a companhia havia despendido R$ 117 milhões no primeiro caso e R$ 168 mil no segundo.
Queda em relação a 2019
A não realização plena do orçamento proposto também ocorreu em 2019, quando o Metrô previa um investimento total de R$ 2,06 bilhões, porém, a companhia conseguiu cumprir 59% desse objetivo ao atingir a soma de R$ 1,21 bilhão em vários projetos.