Metrô de São Paulo volta a registrar prejuízo de mais de R$ 1 bilhão

Receitas cresceram 40% no ano passado em relação a 2021, mas estão ainda distantes do período pré-pandemia. Despesas, por sua vez, chegaram a R$ 3,3 bilhões
Metrô de São Paulo: prejuízo subiu (Jean Carlos)

O Metrô de São Paulo voltou a registrar um prejuízo na casa do bilhão de reais. A companhia responsável por operar as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata apresentou um resultado negativo em R$ 1,17 bilhão em 2022, perda só inferior a 2020, quando houve um prejuízo recorde de R$ 1,7 bilhão. Os dados fazem parte dos relatórios divulgados pela empresa na semana passada.

As perdas elevadas só não se repetiram em 2021 porque por uma situação contábil as despesas operacionais fecharam quase empatadas. Em vez de R$ 832 milhões negativos, como em 2020, o Metrô contabilizou R$ 24 milhões positivos. Caso contrário, certamente o prejuízo teria sido semelhante.

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A companhia conseguiu ampliar suas receitas em 40% se comparado ao ano passado, porém, o volume está 26% abaixo de 2019, período antes da pandemia do Covid-19. Naquela época, o Metrô faturava R$ 3 bilhões, somando receitas tarifárias, não tarifárias e gratutidades. Agora, esse total chegou a R$ 2,2 bilhões. A empresa também não tem recebido os mesmos montantes para cobrir as gratuidades mas, por outro lado, atingiu a maior receita acessória de sua história – quase R$ 266 milhões.

A receita tarifária, principal fonte de recursos do Metrô, tem avançado devagar. Foram R$ 1,64 bilhão no ano passado enquanto o patamar pré-pandemia girava acima de R$ 2 bilhões. As quatro linhas da empresa transportaram 794 milhões de passageiros em 2022, 38% a mais que em 2021, mas 28% menos que em 2019.

Receita do Metrô está crescendo, mas não cobre os custos (clique para ampliar)

Além disso, a receita por passageiro transportado está praticamente estagnada há três anos. Foi de R$ 2,07 por embarque contra R$ 2,11 em 2021 e R$ 2,01 em 2020. Como o valor da passagem não aumentou nesse período, seria preciso transportar mais gente, algo impossível no cenário de trabalho remoto e economia cambaleante.

Custos acima de R$ 3,3 bilhões

Na outra ponta da balança, as despesas do Metrô paulista voltaram a subir e chegaram à marca de R$ 3,3 bilhões, patamar só inferior a 2019, quando a empresa registrou R$ 3,5 bilhões. No relatório da companhia, o item “custo dos serviços prestados” atingiu R$ 2,4 bilhões, alta de 4,4% comparado a 2021. É onde entram os gastos com materiais e mão de obra.

Já o quesito “Despesas operacionais” atingiu R$ 881 milhões, maior nível desde 2018. É onde entram as despesas administrativas e gerais e que apresentam sempre números muito altos. A companhia gastou quase R$ 1 bilhão nesse tipo de despesa no ano passado, quase o dobro de 2021.

Naming rights e publicidade no Metrô: receitas acessórias bateram recorde (Jean Carlos)

É bastante nítido que o Metrô tem grande dificuldade para reduzir seus custos. A empresa cortou 2 mil vagas de de trabalho entre 2015 e 2022, uma redução de 22%, mas o custo com pessoal subiu R$ 110 milhões ou 9%.

Com tarifa cobrada do passageiro cada vez mais defasada e as gratuidades, não há como fechar a conta. Receita acessórias como concessão de áreas comerciais, naming rights, publicidade e outras modalidades não parecem capazes de tapar esse buraco, o que leva a pensar se o transporte sobre trilhos não deveria ser beneficiado com outras fontes de receita.

Certamente, o benefício financeiro para a sociedade em manter uma malha metroferroviária funcionando é muito maior do que os custos que ela acarreta aos cofres públicos. Só é preciso encontrar o ponto exato de equilíbrio.

 

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26 comments
    1. As escavações da máquina sul linha 6 laranja estão paralisadas. Vocês estão sabendo? Uma das máquinas precisa de peças. Além disso, tem o perigo com as falhas geológicas com enormes quantidades de águas no caminho da máquina norte. Essa máquina está trabalhando com velocidade reduzida.

      1. Sinceramente, é um prejuízo razoávelmente pequeno para uma empresa que transporta mais de 1milhão pessoas/dia. Se lembrarmos que o governo subsidia as passagens de onibus e gasta por volta de 4bi/ano, o prejuízo do metrô não é mal.

    2. Tu não anda de ViaMobilidade para falar isso… deve estar em um SUV com ar condicionado na Av. Rebouças, só pode…

  1. transporte público enquanto negocio é deficitário em qualquer parte do mundo.

    no entanto, o custo que o metrô geraria para a sociedade, caso ele não existisse, seria de mais de 8 bilhões.

    tem que levar também em consideração a câmara de compensação onde quase a totalidade da arrecadação com bilheteria vão para a CCR.

    só para ciência , a ALESP custa ao contribuinte paulista 1,5 bilhões neste ano, com cerca de 2617 funcionários comissionados.

    1. “tem que levar também em consideração a câmara de compensação onde quase a totalidade da arrecadação com bilheteria vão para a CCR.” Você falou tudo aqui. É complicado você ter lucro qnd só recebe apenas 0.02% (em vários meses) do total de passagens recebidas no sistema metropolitano…

  2. É complicado você ter lucro qnd só recebe apenas 0.02% (em vários meses) do total de passagens recebidas no sistema metropolitano… Antes de jogar a pedra no Metro, entendam o que acontece com as suas passagem e da CPTM, que em sua grande maioria terminam na mão da ViaQuatro / ViaMobilidade

  3. Só ver que o metrô não recebe a tarifa que tá na passagem, esse prejuízo vem daí. Reportagens de vários sites inclusive deste mostram que o metrô público não recebe os 4,40 por passageiro, recebe 50% disso, isso sem falar das gratuidades que o estado deveria subsidiar e que não subsidia. Aí é fácil dar prejuízo não recebe pelo que trabalha. Podiam por uma reportagem e título mais esclarecedor pro pessoal entender a realidade.

    1. qual o problema da tarifa “zero”?

      todo o custo do transporte público recai sobre a sociedade, de uma forma ou de outra. não há magica nisso.

      implantando a tarifa “zero”, os custos passam a ser distribuídos por toda a sociedade, como deve ser, e não apenas no usuário do transporte, visto que a mobilidade urbana é uma politica pública e serviço social tanto quanto educação, saúde e segurança.

  4. Metrô recebe R$2.07 pra cada passageiro que entra, enquanto opera uns 60 km de vias, enquanto isso, pra a via quatro, que opera só 12km, com as melhores condições possíveis em questão de tecnologia disponível e trajeto não pendular, recebe R$6.30 por passageiro que entra, por que será que o metrô tem dificuldade de receita?

  5. Reinvindicar melhores condições é um direito de todo trabalhador. Boa parte das pessoas que criticam os metroviários é pq tem inveja, trabalham em um emprego porcaria na iniciativa privada, recebendo um salário ruim com benefícios ruins, e não raro com chefes ruins.
    O prejuízo do metrô não aconteceu pq o trabalhador tem vale alimentação, ao invés de tentar penalizar quem trabalha, deveriam pesquisar as isenções bilionárias que o Salim Mattar conseguiu no (des)governo Bolsonaro.

  6. Concessionárias privadas recebem:
    Via Quatro: R$6,32 por passageiro
    Via Mobilidade (linha 5): R$2,45 por passageiro.
    Via Mobilidade (linhas 8 e 9): R$3,64 por passageiro.

    O Metrô estatal recebe R$2,07 por passageiro, sendo que opera 3 linhas.

    Pagamos mais pra operadora privada do que pra operadora pública.

  7. Fácil resolver ! Só privatizar!!! Ou não? Bem, para quem acha isso é um tanto contraditório. Porque uma empresa gosta de sair no prejuízo? Administrar algo que não dá lucro? Claro que tudo isso é envolto a política. O sistema enquanto privado pode adentrar outras searas que as do ramo público não podem e também há uma demanda por licitações onde muita coisa errada passa desapercebido. Enquanto os dirigentes forem eleitos por políticos a empresa fica presa na administração pública ou pelos interesses políticos. Somente quando a empresa está livre deste nicho e visa lucro ela consegue deslanchar. Para ter um metro eficiente a política interna desde a cadeira do presidente deve mudar para uma visão mais privatizada onde as cadeiras terão que estar sendo escolhidas pelos próprios funcionários em.um esquema de votação onde estarão visando o lucro onde eles também devem receber sua percepção e não este amargo prejuízo que vira e mexe ocorre.

    1. O metrô estatal já é eficiente, transporta quase o dobro das linhas privadas em recebendo 4 reais a menos de tarifa, o setor privado não quer construir nem operar sem ter um grande benefício, vemos claramente com as concessões já feitas que o setor privado está completamente envolvido com a corrupção, afinal são Paulo é governado por empresários e direitistas há 30 anos, o setor privado sempre mandou no sistema paulistano, privatizar é só tirar o caráter social do transporte e enfiar uma tarifa de 7 reais no bolso do passageiro igual ao rio de janeiro que é totalmente privado, precário ineficiente e caro chegando a 9 reais uma passagem com transferência.

    2. todo serviço público é atribuição do estado, seja executado de forma direta ou indireta.

      todas as privatizações de serviço público, seja em modelo de PPP, concessão, OS, terceirização, etc, envolvem a politica.

      a decisão de conceder as linhas atuais é uma decisão politica, e não técnica.

      o ex-governador vir na TV dizer que a viamobilidade não opera como deveria por haver sabotagem é uma fala politica. o atual governador vir defender a viamobilidade e ainda defender mais concessões é um ato politico.

      resumindo: a privatização envolve muito mais politica do que a administração publica direta.

      todos aqueles que ocupam cargos no governo por indicação politica continuarão lá. sejam nas secretárias, nos órgãos fiscalizadores ou até mesmo nas próprias concessionarias. pesquisa no linkedin o curriculum de todos os principais dirigentes da viamobilidade e viaquatro, e verão que todos já trabalharam pro governo ou tem ligações politicas. sem contar que muitos desses diretores tem fotos bem amigáveis com autoridades.

      então , meu caro, não se iluda com as privatizações. o que precisamos é de empresas estatais fortes, independentes, que trabalham para o estado e não para o governo, com o mínimo de influencia politica. mas isso dificilmente irá acontecer.

  8. Se dá prejuízo, por que tantos tem interesse de adquiri-la numa possível privatização? Me parece um tanto bizarro.

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