O imbróglio da Linha 6-Laranja ganhou mais um capítulo nesta semana. Às vésperas do último prazo do governo do estado para que a Move São Paulo, concessionária responsável pela linha, retome a obra, a empresa comunicou existir uma proposta de uma empresa estrangeira interessada no negócio.
O grupo, mantido em sigilo, pode ser o espanhol Cintra-Ferrovial ou uma empresa chinesa de origem desconhecida. Ela terá dois meses para aprofundar as negociações para compra da participação da Move São Paulo na PPP (Parceria Público-Privada). Com isso, a linha segue parada, embora algum movimento tenha sido visto em alguns canteiros.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, que revelou a proposta, a expectativa é que, se concretizada, a venda possa permitir a retomada dos trabalhos ainda neste semestre.
Esperança de celeridade frustrada
A Linha 6-Laranja foi a primeira PPP integral no setor ferroviário no Brasil. A ideia do governo Alckmin era acelerar a execução das obras e a operação nas mãos de um grupo privado – ao estado restou cuidar das desapropriações.
Mas, na prática, a obra não andou nem de perto no ritmo esperado – a primeira previsão era que ela começasse a funcionar em 2018. Problemas jurídicos em relação às desapropriações fizeram com que o processo demorasse muito mais do que o imaginado.
Do lado da concessionária, tudo ia bem à medida que os canteiros eram liberados, mas o surgimento da operação Lava Jato acabou afetando nada menos que três dos sócios da Move SP, Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC. Sem crédito na praça, o esperado financiamento com juros baixos do BNDES não veio e em setembro do ano passado o consórcio decidiu parar as obras.
Caso não consiga passar o projeto para outro grupo, é provável que a Move SP perca a concessão e reste ao governo do estado relicitar a obra.
Mais linhas paradas
O caso da Linha 6 não é único. Outras três linhas estão em compasso de espera no momento. O monotrilho do ABC, outra PPP plena, aguarda que o governo resolva o impasse a respeito dos custos de desapropriação há vários anos. Já a extensão da Linha 2 até Guarulhos foi suspensa por falta de recursos – o pouco que havia sido obtido com o BNDES foi repassado para a Linha 5. Já a Linha 9 da CPTM teve parte dos trabalhos licitados, mas ainda aguarda novo certame para finalizar as duas estações na região do Grajaú, na Zona Sul.