A Linha 19-Celeste será a primeira do Metrô de São Paulo a utilizar três tuneladoras de grande diâmetro em suas obras. Mas além disso, a companhia também vai inovar e trazer modelos especiais de tatuzão.
Segundo o termo de referência do projeto, as escavações serão divididas em três segmentos. O lote 1 entre Jardim Julieta e Bosque Maia, o lote 2 entre Jardim Julieta e Vila Maria e o lote 3 entre Vila Maria e Anhangabaú.
A Linha 19-Celeste usará modelos de tuneladoras que nunca foram aplicados antes em obras em São Paulo. Trata-se da TBM Slurry e da TBM Dual Mode (EPB/Slurry).

O diâmetro das máquinas será de 10,66 metros, capaz de produzir túneis com 9,5 metros de diâmetro após a instalação dos anéis de concreto com 40 centímetros de espessura.
Para compreender bem o funcionamento das máquinas é necessário conhecer o terreno de cada um dos lotes.

Lote 1: Jardim Julieta-Bosque Maia
O terreno do lote 1 é marcado pela presença de depósitos aluvionares, de solo da chamada Formação Tremembé e também por uma região de granitos.
Os depósitos aluvionares são regiões onde o solo teve forte influência dos rios. Por consequência são formados por areias, cascalhos e argilas inconsolidadas, gerando instabilidade no terreno.
Estações São Bento e Anhangabaú serão desafio para a Linha 19-Celeste
A Formação Tremembé é um solo composto por sedimentos argilosos e siltosos com resistência intermediária. Os granitos por sua vez são rochas consolidadas de alta resistência.
A solução adotada para o lote 1 foi o Shield Dual Mode (EPB/Slurry). Esta máquina pode alternar entre o modo de escavação com pressão balanceada por terra (EPB) em terrenos mais resistentes ou o modo Slurry onde existe a injeção de lama bentonítica na face de escavação.

Esta injeção ocorre nos terrenos com menor resistência e maior instabilidade. A mistura garante uma avanço progressivo e seguro da máquina tuneladora ao tornar o subsolo mais estável.
Está prevista a escavação de 4.346 metros de solo, 244 metros de solo/rocha e 1.148 metros de rocha.

Lote 2: Jardim Julieta-Vila Maria
O lote 2 possui, sobretudo, a presença de depósitos aluviais e de solos da Formação Tremembé. O equipamento adotado para este trecho será a tuneladora tipo Slurry.
Como já explicado, este tipo de equipamento conta com um sistema de injeção de argila no solo. Sua pressão de trabalho pode chegar a até 15 Bar.
Para este trecho está prevista a escavação de 5.194 metros de solo, sendo considerado o trecho mais homogêneo, mas não menos dificultoso, de perfuração.

Lote 3: Vila Maria-Anhangabaú
O lote 3 também é marcado pela presença de depósitos aluvionares, as formações “Itaquaquecetuba” e “São Paulo”.
A Formação Itaquaquecetuba é formada por conglomerados de areias com presença de argilitos e lamitos. A Formação São Paulo, por sua vez, possui composições de arenitos grossos, siltitos e argilitos.
Para este tipo de solo, a tuneladora utilizada será do tipo Slurry. A máquina vai perfurar 4.777 metros de solo, 546 metros de solo/rocha e uma pequena extensão de 180 metros de rocha.

Conclusão
A possibilidade de se escavar a Linha 19-Celeste em três frentes poderá acelerar o cronograma de obras. A adoção de máquinas diferenciadas para a perfuração é reflexo da expertise técnica do Metrô que conseguiu mapear antecipadamente as condições de solo da região.

A mesma complexidade técnica encontrada na escavação de túneis também deverá ser um ponto de atenção para a construção das estações que deverão utilizar técnicas diversas para sua execução. Valas, poços, escavação sequencial mecanizada, entre outras.
O prazo para execução da Linha 19-Celeste é de aproximadamente seis anos, incluindo desde a etapa de projeto até a entrega das estações finalizadas.
É nítida a melhora na eficiência do governo de uns anos pra cá.
Eficiência só na publicidade. No resto está pior.
Tem que saber diferenciar governantes de mandatos para funcionários públicos que permanecem, independente de quem manda.
Com certeza estamos melhor hoje do no passado pela parte dos funcionários.
SEIS ANOS!!!
Vamos ver
Ótima matéria, Jean!
Tem tudo pra ser um dos grandes projetos de engenharia do país.
Que esse bom projeto do Metrô se repita na linha 20
incompreensível o uso da maquina Slurry na geologia do lote 3. (e pouco justificável nos restantes).
A escavação ocorre maioritariamente em formação Sao Paulo que é a formação habitualmente escavada por todas as TBMs anteriores que sempre utilizaram EPB.
Decisão baseada em critérios muito pouco tecnicos.
O erro de Fortaleza cometido novamente.
O que houve em Fortaleza?
Queria saber a sua explicação técnica.
A linha 16, q foi tão comentada entrou em modo de espera? Cada trimestre é um projeto de trem ou metrô.
Essa linha 19, parece que está orçada inicialmente em $ 20 bilhões de reais . Pergunta : de onde virá esse dinheiro? A execução dessa linha é sobre isso.
Lembrando que a linha 2 foi licitada em 2013 e só teve início de obras em 2020, por falta de dinheiro. Só saindo com verbas federais (tanto do executivo PAC, qto do BNDES, através de empréstimos com tx. de juros generosos).
Bem que poderiam fazer esta linha até a estação Brigadeiro para chegar na região da Paulista e até o Parque Cecap para integrar com a linha 13 Jade.
O projeto completo dela passa pela Brigadeiro e chega até Campo Belo. Agora a integração com a Linha 13 – Jade seria extremamente necessária em termos de rede, e, principalmente, pra população da periferia de Guarulhos que poderia chegar ao Centro da Cidade em poucos minutos e com 100% do trajeto em trilhos
Campo Belo foi abandonado, ela irá para a Faria Lima depois do Ibirapuera, se encontrar com a Linha 20 – Rosa.
Provavelmente será esticada até a Linha 9 – Esmeralda na marginal Pinheiros.
Será que o Tatuzão Norte da Linha 6 – Laranja não poderia ser usada no lote 1 uma vez que o solo da região é rochoso como o da região da Freguesia do Ó.
Parabenizo a equipe do Metrô CPTM por essa riqueza de detalhes nesta informação. Uma aula de geologia aplicada à tecnologia do método construtivo para a construção dessa futura linha. Prato cheio para um estudante de Engenharia Civil como eu.