Opinião: “CECAP – Mamonas Assassinas” é mais uma tentativa de distorcer nome de estação com homenagens

Projeto de lei na Assembleia Legislativa quer mudar nome da estação Guarulhos-CECAP, da Linha 13-Jade, para homenagear banda cujos integrantes faleceram em acidente aéreo em março de 1996
Estação Guarulhos-CECAP
Estação Guarulhos-CECAP (Jean Carlos)

As tentativas de políticos interferirem na nomeação de estações de trens e metrô em São Paulo nunca se esgotam. Não importa o partido, há sempre algum parlamentar que confunde estação com rua ou avenida e acha que é uma boa ideia mudar sua denominação.

A mais recente infelicidade nesse sentido envolve a estação Guarulhos-CECAP, da Linha 13-Jade da CPTM. Desde 2019, o deputado Jorge Wilson ‘Xerife do Consumidor’ (Republicanos) propõe rebatizá-la como “CECAP – Mamonas Assassinas“, em virtude da banda de rock cujos integrantes faleceram num trágico acidente aéreo em março de 1996.

Segundo a Assembléia Legislativa, o projeto 460/2019 avançou na Comissão de Transportes e Comunicação em sessão realizada na terça-feira, 6. Ainda será preciso a aprovação de outras comissões antes de ser votada em plenário e passar pelas mãos do governador Tarcísio de Freitas.

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Tarcísio pode vetar o projeto, mas não será surpresa se ele aprovar a homenagem proposta por um integrante do seu próprio partido. O atual governador, inclusive, aderiu a esse tipo de iniciativa ao acrescentar o nome da professora Elisabeth Tenreiro à estação Vila Sônia, da Linha 4-Amarela, alguns meses após assumir o cargo.

Estação Guarulhos-CECAP
Estação Guarulhos-CECAP: nome escolhido em estudo de toponímia (Jean Carlos)

Referência de localização aos passageiros

Este site é totalmente contra o uso de nomes de estações para homenagens, sejam elas quais forem e mesmo feitas com o gesto mais nobre. Não é uma crítica às personalidades escolhidas, muitas das quais merecem batizar equipamentos públicos, mas não estações.

Políticos infelizmente não conseguem (ou não querem) entender que a denominação de estações é um trabalho técnico e não palco para imortalizar personagens.

Para escolher os nomes são feitos estudos de toponímia, que analisam aspectos históricos, econômicos e sociais do entorno desses lugares. O objetivo é utilizar a denominação que mais faça sentido para ajudar os usuários a localizarem seu destino.

Estação Clínicas, da Linha 2-Verde
Estação Clínicas, da Linha 2-Verde: exemplo de denominação eficiente e precisa (Jean Carlos)

Pegue-se um exemplo prático, a estação Clínicas, da Linha 2-Verde do Metrô, que fica ao lado do hospital de mesmo nome, um complexo de saúde gigantesco e para onde se dirigem milhares de pessoas todos os dias.

Não faltam médicos importantes que dirigiram o hospital em todos esses anos, porém, nem por isso o Metrô resolveu “homenagear” um deles na estação. Em vez disso apenas o termo “Clínicas”, de fácil memorização e referência.

Apesar disso, várias gestões cometeram erros em rebatizar estações com nomes de personalidades, times de futebol e políticos, num desserviço enorme a esses lugares.

Mamonas Assassinas
Mamonas Assassinas: grupo musical merece homenagens, mas estação não é lugar para isso (Reprodução)

E o próprio Metrô passou a fornecer um pretexto ao vender o direito de acrescentar marcas a algumas estações, os chamados “naming rights”, numa clara confusão com o aspecto de utilidade do transporte público.

Com tantos maus exemplos, não será surpresa se os Mamonas Assassinas passarem a fazer parte do dia a dia da Linha 13-Jade. Não importa que a região foi onde eles cresceram, não se trata de uma informação útil à população.

Se estivessem vivos, talvez os próprios músicos fizessem humor com o fato, como era comum em sua curta, divertida e inesquecível carreira.

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32 comments
  1. Mais original do que meter um “Guarulhos” atrelado no nome das estações da região… sempre fui contra o nome “Guarulhos-Cecap”. Não precisava do nome da cidade ali, já que na estação seguinte, já se identifica que estamos em Guarulhos. O bom é que pelo menos a mudança de nome ajuda a acelerar o processo de troca da comunicação visual das estações. Porque aquele vermelho gritante em tudo que é canto chega a doer os olhos.

  2. O que precisamos é de um projeto que restrinja o nome de estações somente à localidade ou à alguma importante referência, proibindo qualquer alteração, seja na forma de homenagem ou para fins comerciais.

  3. Eu acho valido, mamonas querendo ou não faz parte da vida de todo mundo, temos estação com nome de prefeito com nome de time e com nome de loja qual o problema de uma estação com nome de uma banda que mostrava sempre o orgulho da cidade de origem?

    1. Você leu a matéria? Nome de estação é pra referenciar projeto. Se temos estações com nomes de prefeito, é porque já erraram pelos mesmos motivos citados no texto. Nomes de times em estações até são válidos, pois conforme dito, os nomes tem de se fazer referência aos locais. Em dias de jogos e outros eventos, mais de 47 mil pessoas se direcionam a Itaquera para os jogos do Corinthians, mais de 40 mil vão a Barra Funda para os jogos do Palmeiras e o mesmo ocorre com Morumbi, Canindé e Javari. Além da localização e geradores de fluxo, tais estádios são pontos turísticos da cidade. Agora colocar nome de Bruno Covas, Celso Daniel, Elisabeth Tenreiro, Walter Braido, Antonio Bespalec, Ayrton Senna e Mamonas Assassinas não ajudam em absolutamente NADA

      1. As estações Sesc Pompéia e Perdizes serão muito mais próximas do Allianz Parque. Será que vão trocar o Palmeiras de estação?

  4. De total acordo, ficar homenageando político inútil e time de futebol é o puro suco do terceiro mundo. Nomes como a professora Elizabeth, Ayrton Senna e os Mamonas devem ser homenageados com estatua, monumento… não com nome de estação.
    Nomes de estações devem ter apenas uma palavra em com referência ao bairro ao redor.

  5. Excelente abordagem!
    Infelizmente esta questão é ignorada pela maior parte da mídia que, ao contrário, até naturaliza esses rebastismos de cunho politicoides.
    As estações devem ser sempre nomeadas com base na localidade em que se encontram, servindo de referência e orientação aos usuários.
    Ao mesmo tempo nunca houve preocupação dos gestores públicos em corrigir distorções bizarras do tipo:
    – Estação Largo Treze (Linha 5) integrada com o Terminal de ônibus Santo Amaro.
    – Na mesma linha, mais adiante, estação Santo Amaro do Metrô integrada ao Termibal Guido Caloi.
    -E logo depois, ainda na mesma Linha 5, a estação Giovanni Gronchi (que fica na av João Dias) integrada ao Terminal João Dias. Sendo que ao outro lado do rio Pinheiros, na avenida Nações Unidas, existe a estação João Dias da CPTM.
    -Estação Santa Cecília (Linha 3) integrada ao Terminal Amaral Gurgel (que fica afastado dessa avenida, e ao mesmo tempo colado na estação do Metrô).
    Quem não é de São Paulo ou não conhece as regiões em questão, e precisa fazer integração com ônibus, invariavelmente desce na estação errada – e isso acontece aos montes.
    Sem falar naqueles PATÉTICOS anúncios bilíngues nos trens e estações do Metrô – totalmente inúteis ao grande público, e que só servem pra encher o saco. Ridículo.

    1. Único problema é que renomear os terminais de ônibus ou as estações pra corrigir as distorções iria gerar confusão com os usuários que já estão acostumados. Mas fora isso, comentário perfeito.

    2. Fico imaginando você passando por uma experiência no metrô de Tóquio, ou de Pequim, sem os avisos sonoros, ou outras informações em inglês.

      1. No caso especifico de São Paulo, os estrangeiros em trânsito que dependem do inglês pra se comunicar, são essencialmente executivos de multi-naciomais em viagem a trabalho, e que nem sequer colocam os seus pés em nossas ruas (pois usam veiculos privativos em todos os seus deslocamentos).
        Muito diferente das realidades de Tóquio, Shangai, Singapura, Dubai, e tantas outras metrópoles globais de primeira magnitude (grupo que, acredite, São Paulo ainda está longe de integrar).

        1. Uma das maiores cidades do mundo e a principal da América do Sul realmente não precisa de trens com avisos em inglês. Maravilha de pensamento.

          1. No caso de São Paulo não precisa mesmo, ainda e certamente por um bom tempo.
            Basta conhecer as verdadeiras realidades da cidade, e do seu transporte público, pra se
            entender o porquê.
            A verdadeira realidade de São Paulo, enquanto cidade “global”, ainda passa muito longe das propagandas românticas e dos discursos açucarados que se vê por aí.

  6. homenagem desnecessária e inútil. não fizeram nada de relevante para o país.. não passariam do 2° disco com o estilo de musica besteirol que faziam.. iam cansar rapidinho o mainstream, cair no esquecimento e desaparecer da mídia..

  7. Neste caso em específico, discordo da opinião, como inclusive depois que o bairro ficou sabendo desta proposta, a maioria está apoiando, pois a banda era do bairro, existe uma praça próxima a estação que inclusive se chama Mamonas Assassinas. Nos moradores, assim como eu que também sou morador do Parque Cecap apoio a ideia e sem viés político.

    A banda fez parte da história do bairro, nada mais do que justo a homenagem.

    A referência é histórica e não política.

  8. Já passou da hora de algum politico que realmente entende seu lugar como parlamentar fazer um projeto de lei para restaurar o nome original de TODAS as estações que tiveram essa mudança ou pelo menos vetar futuras mudanças de nome. Mas pelo jeito vai sobrar para a população fazer um projeto de lei/abaixo assinado.
    Eu particularmente já estou pesquisando sobre..

  9. É totalmente descabida essa proposta, além do que a matéria já aborda, os custos para essa mudança de nome, impressão de novos mapas, alteração nas chamadas dos trens e entre outros.

    Essa estação poderia receber o nome de Hospital Geral, já que o Terminal Cecap fica distante dele (similar a situação da estação e do Terminal Pq. Dom Pedro II), essa nomenclatura considero válida para a estação, ou caso contrário manter só como Cecap mesmo.

    E outra questão, é que esse “xerife” nada mais é que mais um marketeiro político em Guarulhos, já saiu candidato diversas vezes e provavelmente esse ano queira tentar ser prefeito.

  10. acompanho a página a bastante tempo e a primeira vez que vejo uma reportagem assim, como o próprio texto da mensagem “OPINIÃO” há a necessidade de respeitar os dois lados, pq senão vira um certo stress de opiniões contrárias que não se leva a caminho algum. ou seja político ou a futebol ou a nome de banda que foi citado.
    A minha OPINIÃO é que não seria necessário esse teor utilizado, a página é muito boa pra gerar esse tipo de enquete numa atualidade de comentários fortes e agressivos que a rede social proporciona.

  11. ridiculo isto, deve ser barrado pelo governo do estado que eh responsavel pelo METRO ! sem cabimento este tipo de coisa, pode fazer homenagem de outras formas se quiser!!

  12. Pelo visto os nossos nobres (e muito caros) políticos da assembléia não tem mais nada importante pra resolver.

  13. O custo dessa alteração é de cerca de R$ 600 mil (troca de mapas em todas as estações e trens, troca de placas, mapas e sinalização da estação, regravação das mensagens sonoras e visuais nos trens, etc).

  14. Eu não sou morador do bairro, mas gostei da ideia, trás identidade para o bairro cuja a banda fez parte do bairro

  15. concordo , e proponho já de cara tirar o nome da avenida Educador Paulo Freire , até pq de educador ele não tem nada … ou então muda pra emburrecedor Ju.ento Freire …

  16. Como o site, sou contra esse tipo de homenagem em estações de metrô, trem, monotrilho, etc. Nesse caso, porém, abro uma exceção. Pela lei, e o correto, na minha opinião, seria prestar esse tipo de homenagem em ruas, viadutos, pontes, passarelas, etc, desde que, essas construções já não tenham sido batizadas com nomes histórico s e importantes. O nome do grupo musical, veio à tona, provavelmente, em razão do filme que foi exibido há pouco tempo nos cinemas. Desde que me provém o contrário, eram bons rapazes, bons músicos, simpáticos, com grande carisma na época (1995/1996) e todos eles de Guarulhos. Queiram ou não, foi impactante a morte deles em razão de acidente aéreo, em todo país. Talvez a população de Guarulhos achei boa a medida, não sei. Excepcionalmente, repito, aceito. Mas, infelizmente, todas as estações estão sujeitas a homenagens nem sempre aceitáveis.

  17. para mim, mamonas fez parte da cidade de guarulhos, quando todo mundo só o referia por causa do aeroporto, mas a banda de maioria nordestina que veio da seca, fizeram história e é mais do que merecido

  18. Ridículos e vexatórios os “naming rights”: Paulista Pernambucanas, Saúde Ultrafarma, Carrão Assai, Não sei o que lá Besni, Mendes-Vila Natal- Bruno Covas.

    Quanto à bandinha de besteirol em questão, nunca me encantei. A galera de hoje nem entende o “humor” deles. Totalmente irrelevantes para a sociedade. Da mesma época de É o chan, Terras samba e afins. A degeneração da música brasileira.

  19. Até concordo mas aqui onde moro, no bairro da :Vila Ema,na zona leste de são Paulo, a estação do monotrilho do metrô recebeu o nome de Camilo Haddad que tenho certeza raras pessoas sabem quem é. Até sugeri ao metrô que o nome fosse o do bairro, de mais de 130 anos de existência mas, uma vez q se resolveu que o nome seria esse dificilmente mudariam

  20. desacordo da mudança, a praça que tem uma MAMONA GIGANTE que fica poucos metros da estação, está jogada ao lixo, mato alto, e moradores de rua no local, (março/2024), não é um local de visitação, nem dos moradores, nem ta no guia turístico da própria cidade.
    a cidade não tem nem rua, nem avenida com nome deles.
    então, é um desserviço e perda de tempo de vários órgãos públicos analisando essa mudança.
    sou da época dos mamonas, mas não faz sentido colocar o nome. talvez reduzir para CECAP-MAMONAS, seria algo parecido com JD SÃO PAULO-AYRTON SENNA.
    já correto seria somente PARQUE CECAP.
    e a próxima: AEROPORTO T1 ou TABOÃO-AERPORTO T1

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