Como tem sido praxe na expansão sobre trilhos em São Paulo, mais uma vez uma obra de metrô é alvo de protestos de moradores, novamente alegando supostos prejuízos ambientais.
Uma matéria veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta semana expõe a demanda contraditória de pessoas que são vizinhas ao Parque Chácara do Jockey e reclamam do local onde poderá ser construído o acesso secundário da Estação Chácara do Jockey, da Linha 4-Amarela.
Eles alegam questões como emergência climática e degradação de áreas verdes.
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O site teve acesso aos referidos estudos e chegou a um entendimento menos alarmista do que aquele divulgado e difundido pela reportagem. Vale dizer antes de mais nada, que os estudos até aqui são preliminares e podem sofrer alterações. Mas nem por isso soam imprecisos ou relapsos. Entenda:
O local
O local em questão é o acesso norte da estação Chácara do Jockey. Conforme este site divulgou anteriormente, o acesso deverá se localizar dentro do Parque Chácara do Jockey, sendo necessário desapropriações no local.
A desapropriação total será de 670,86 m². Apesar do grande espaço cabe citar aqui que apenas 346,85 m² serão usados de fato para acessar a Linha 4. Mais da metade desse espaço será dedicado para um bicicletário, reforçando a mobilidade ativa e ecologicamente correta.
O projeto também prevê que a pista de skate do local seja preservada e não tenha qualquer tipo de interferência durante a construção do acesso.
Cabe citar que originalmente a estação Chácara do Jockey deveria ser construída inteiramente dentro do parque de mesmo nome. O projeto produzido pela Fernandes/Arquitetos Associados mostra que a implantação original seria muito mais intrusiva.
Portanto, há de se considerar que houve esforço por parte dos projetistas em minimizar as interferências ao parque.
Áreas verdes
O centro do problema seria a suposta grande devastação que um acesso poderia causar ao meio biótico. É necessário esclarecer, dentre outros pontos, a alegação de 129 árvores cortadas na região.
O diagnóstico de Meio Biótico destaca de fato a presença de 129 árvores como é descrito na matéria do Estadão. Entretanto é imprescindível citar que apenas 48 árvores estão dentro da Área Diretamente Afetada (ADA). Esse valor representa 37% do total.
Os demais 63%, ou seja, a maioria das árvores (81 ao todo) está dentro do entorno que compõe um buffer de 7 metros de distância.
É igualmente importante salientar que do total das ADAs (4,37 hectares), apenas 5% representam agrupamentos arbóreos. Campos antrópicos representam 21% das áreas, enquanto os espaços urbanizados representam 74% dos locais. Isso revela a preocupação com a escolha dos espaços para minimizar os impactos.
Identificação dos Impactos
A identificação e avaliação dos impactos ambientais fazem parte do Relatório Ambiental Preliminar (RAP). Dentro deste contexto foi classificado o impacto IMB.1 relativo a perda de vegetação no empreendimento.
O relatório, elaborado por 15 profissionais especializados incluindo mestres e doutores, aponta que o impacto ocorrerá na fase de implantação sendo classificado como negativo, certo e de curto prazo.
O documento ainda aponta, de forma clara, que o impacto é de baixa importância e o enquadra como de baixa magnitude.
“Dado o contexto ambiental e a baixa estimativa de supressão vegetal, e de intervenção em APPs e em Vegetação Significativa do município de São Paulo, além do fato de se tratarem de campos antrópicos e árvores isoladas ou em agrupamentos, pertencentes a espécies nativas ou mesmo exóticas ao Brasil e comumente presentes na arborização urbana da Região Metropolitana de São Paulo, este impacto possui baixa importância. As medidas mitigadoras e, sobretudo, compensatórias, possuem alto potencial de resolução, quando bem implementadas e monitoradas. Assim, o impacto é considerado de baixa magnitude.”
Ainda cabe citar que os mapeamentos quanto a supressão arbórea mostram que apenas oito árvores estão alocadas dentro do espaço onde será construído o novo acesso. Outras sete arvores estão em área que deverá ser desapropriada para o alargamento da avenida.
Estação mais profunda
Um dos especialistas consultados pelo jornal cita a possibilidade de construir a estação em maior profundidade, perto da camada de rochas. Ele afirma que isso poderia evitar impactos ao lençol freático e menor interferência na superfície.
Apesar da exposição tecnicamente correta em termos ambientais, o aprofundamento da estação poderia gerar dois problemas. O primeiro é um orçamento maior para a construção da obra sem necessidade.
Quanto maior a profundidade de uma estação, mais caro é sua construção. Impactos orçamentários, apesar de não serem contabilizados de forma intensa nos relatórios, são de extrema relevância.
Outro ponto a ser considerado é o projeto geométrico de vias e o método construtivo adotado. No caso do projeto de vias, uma estação mais profunda poderia significar rampas mais acentuadas, o que poderia gerar impactos em termos de energia.
Como os túneis da Linha 4-Amarela serão construídos em NATM, as escavações mais profundas poderiam também exigir equipamentos mais complexos, já que poderiam, dada a situação geológica, atingir a camada de rochas.
Conclusão
Em linhas gerais, o problema posto soa como uma polêmica desnecessária diante do impacto ambiental positivo de dispôr de uma linha metroviária, aliviando o trânsito na região. A demanda da estação deverá girar em torno de 39 mil pessoas por dia.
Os benefícios socioeconômicos também entram na conta. Atualmente as melhorias do sistema metroviário já atingem a casa das dezenas de bilhões de reais ao ano que incluem redução de viagens motorizadas, redução de acidentes e menor tempo de viagem, além da melhora na qualidade de vida das pessoas.
Os projetos podem (e devem) sofrer mudanças para permitir ainda mais reduções de desmatamentos, ou incluir dentro de seus projetos arquitetônicos áreas que preservem o verde como, por exemplo, os jardins de chuva.
Existem soluções eficientes para diversas questões envolvendo as mudanças climáticas. Certamente a construção do metrô é uma solução muito mais benéfica para ser alvo de protestos como esses..
Estação de metrô é como feira livre, presídio e usina éolica
É muito bom perto da casa dos OUTROs
Perto da minha casa não
Sergio, considerou os benefícios ao seu imóvel e na melhoria de políticas públicas a região?
Além, da geração de empregos e renda, terá no primeiro momento da elaboração do projeto, construção civil e nos serviços quando estiver pronto.
Isso seria ruim?
essa estaçao e realmente necessaria? eu só faria a estacao em taboao da serra a distancia da estação vila sonia pra taboao nem e tanta assim pra justificar essa estaçao na chacara do joquei foi uma jabuticaba enfiada na extensao da linha 4.
Julia, eu moro do lado do parque e ando 30 minutos todo dia pra chegar no metrô, então SIM essa estação é necessária, pra mim e pra todos os moradores do Jardim Monte Kemel, que inclusive é um bairro com potencial enorme de adensamento e no futuro deve receber novos moradores, que vão morar perto do metrô. Essa galera pseudo-ambientalista que é contra não representa as demandas reais da cidade, geralmente são moradores antigos que são contra qualquer tipo de verticalização e querem a população pobre bem longe, nas periferias.
Minha filha… a estação tem demanda de 39 MIL PESSOAS POR DIA! Como você tem a capacidade de questionar se ela é necessária kkkkk
Sim, bem lembrado! A turma dos aspirantes-à-nobreza conseguiu barrar a estação Três Poderes da Linha 4, assim como mais tarde também conseguiram barrar a estação Angélica da Linha 6.
Essa burguesada deveria lembrar que em Londres, Paris e Nova York é muito comum que haja estações de metrô também nos bairros ricos – e ninguém acha ruim.
Você só pode estar de brincadeira! Estação em frente de casa é um luxo que poucos tem! poder sair de casa e ter uma estação de metrô ao lado de casa é ruim onde? Não sei onde em que mundo as pessoas que comentam uma coisa dessas vivem!
Sinceramente…
Vivemos em uma das maiores metropoles do mundo, aonde a presença do Metrô representa melhor qualidade de vida aos habitantes e uma fundamental contribuição ao meio ambiente (propiciando dariamente transporte rápido, eficiente e limpo aos seus milhões de passageiros).
O governo e os planejadores de obras não podem e nem devem gastar tempo ouvindo gritas e mi-mi-mis de burguesinhos que odeiam transporte publico em seus bairros, e nem de falsos ambientalistas que só querem causar e aparecer.
Que venha a estação Chácara do Jokey, e muitas outras!!!
Como morador da região e frequentador assíduo do parque digo que o impacto alí é mínimo. A área é uma clareira com poucas árvores junto as grades da calçada e corredor de entrada do parque. O espaço que a estação vai usar do lado do parque é muito pequeno. Do outro lado é que ficará a maior parte daestação, fico triste por que o ótimo restaurante Espetinho do Vale será desapropriado. Espero que sejam devidamente ressarcidos.
toda vez que um linha de metrô passa próximo a um bairro burguês essa discussão começa
Adorei a notícia, parabéns Jean Carlos! Sua maneira de cobrir assuntos como esse são prudentes e bem colocadas.
Eu pessoalmente acho que os ricos são tão mal resolvidos com o meio ambiente, que até ao tentarem se apropriar da pauta de emergência climática, eles aplicam de forma equivocava. Eu acrescentaria ainda o exemplo da China, que em questão de obras, eles nem pensam duas vezes se vai desmatar ou não. Todas as obras estruturantes são realizadas. Acontece que ao mesmo tempo, eles estão conseguindo reflorestar o deserto, feitos assim extraordinários. Em que pese continuarem a ser um dos maiores emissores de poluentes do mundo, o que estou querendo apontar aqui é o nível do entendimento do que configura ou não emissão de poluentes, e o que se faz para reequilibrar a parte desmatada, dá para fazer muito mais.
Por exemplo: logo ao lado da Chácara do Jockey, há um enorme gramado. Aquilo dali foi uma área desmatada também, certo? Não estou dizendo que precisa desmatar todo o restante, mas querer atribuir a uma entrada mínima de metrô uma preocupação com emergência climática, quando tudo ao redor vai na contramão em mais intensidade, é bem equivocado. Construam então um teto esverdeado acima do gramado cujo teto receba árvores, ainda que rasteiras. Aí sim o discurso ganha corpo em defesa da área desmatada.
Com a melhor das intenções,
Flávio
No dia que eu ver uma matéria nesse site que não passe pano para o governo eu acredito em toda essa conversa. Já é quase certo quando usam o velho “beneficiar milhões, gerar empregos e benefícios sociais” que falta uma justificativa real para a obra. Dizer que o impacto é pouco porque as árvores não são nativas chega a parecer piada. Estamos em São Paulo, qualquer árvore faz falta. Quanto aos “especialistas” todo mundo sabe muito bem que eles são pagos para concluir o que o governo quer, igual quando fizeram um laudo bem raso pra justificar acabar com o serviço 710 e retirar a linha 10 da Barra Funda. Mas voltando ao tema, tudo o que disseram que teria impacto mínimo ou jogaram a conversa dos benefícios e empregos sempre teve resultado desastroso para o meio ambiente. São obras que nem sempre são tão necessárias ou não precisam ficar exatamente no local escolhido. E vendo os comentários infelizmente está longe o dia em que a população vai acordar para as consequências dessas obras nesses locais.
Será que foi protesto de moradores mesmo? Afinal a chegada do Metrô costuma valorizar muito os imóveis na redondeza. Dificilmente alguém reclamaria de seu imóvel subir de preço…
Curioso é que nunca protestam contra invasões em áreas de preservação e mananciais. Ambientalistas e ONG’s são pura farsa, massas de manobra custeadas por peixe grande, tem método! Enquanto tem choradeira de retirar 100 árvores (que serão replantadas em outro local por compensação), em outras partes da cidade as invasões/desmatamento continuam, e toneladas de esgoto continuam sendo despejadas nos rios. Exemplo: arredores de obras do Rodoanel Norte.
Se o seu comentário prevalecesse, São Paulo jamais teria metrô.
Esse “protesto contra o metrô” pode ser a parte dos moradores da Chácara do Jóquei que não quer “gente diferenciada” no bairro e já estão usando a desculpa do acesso da estação no parque para barrar a obra da estação?
Boa tarde Anderson
Você cita: [Já é quase certo quando usam o velho “beneficiar milhões, gerar empregos e benefícios sociais” que falta uma justificativa real para a obra.]
Olha, esse é o real motivo pelo qual se investe em transporte público. Gerar empregos e benefícios sociais para a população.
Se você é contra isso, perdoe-me, você é contra o metrô e qualquer iniciativa de transporte.
Talvez devêssemos pensar também devolver o “Brasil aos Índios” para solucionar todas as questões ambientais da cidade. Sob pena de destruir a metrópole.
As soluções para São Paulo não precisam exigir devastações como na Amazônia, nisso eu concordo, mas santificar as arvores é algo impossível, ainda mais nas regiões mais distantes da cidades.
Você claramente não conhece o site MetrôCPTM. Muitas vezes, o site já criticou ações do governo. Basta pesquisar o posicionamento do MetrôCPTM em relação ao BRT ABC.
gente eu moro na região ali é subdistrito da vila Sônia então seria uma classe mais baixa onde a estação vai ficar que fica na divisa com Taboão da Serra
O que o Sérgio disse é uma constante: é bom, mas não quero que seja na porta da minha casa… E, se fossem realmente “ambientalistas”, onde eles estavam quando houve invasões em áreas a 4 km dali, invasões em áreas de mata atlântica nativa? Citaram as obras do Rodoanel Norte que não teve pressão nenhuma dos mesmos ambientalistas… Outro ponto: é necessária sim uma estação e, segundo o projeto, vai mudar bem pouco o visual do parque; se levarmos em conta os mais de 10 anos que a chácara do Jockey ficou fechada, sem uso nenhum, acumulando sujeira e bichos… ou esses “moradores” iriam preferir prédios???
E la vamos nos, a mesma novela do jardim textil se repetindo, me pergunto em que mundo esse povo vive? Uma obra que beneficiará milhares de pessoas e eles se importando com meia duzia de árvores, sabe oq é pior? As invasões a mananciais que o governo finge não ver. Isso sim é relevante e impactante negativamente de verdade.
caao rapadura 2 – vai pra justica e os juizes vão decidir daqui uns 2 anos. ai as obras ficarsk paralisadas.
Acho válido sim a população questionar, preocupante seria se todos aceitassem tudo de olhos fechados. Cabe aos responsáveis mostrar com dados (como está sendo feito) os impactos positivos e negativos para análise.
Pra quê uma saída de estação dentro do parque? Com certeza não ter saída ali não vai impactar o uso de 39 mil passageiros por dia. A área em que querem cortar árvores precisa de mais árvores plantadas.
Quanto ao projeto da estação e as desapropriações, é bom se informar bem porque a área considerada só tem uma explicação: Ganância pura. Enquanto nas áreas nobres da cidade a linha 4 fez modestas saídas do metrô, ali no monte Kemel querem desapropriar o quarteirão inteiro para depois a concessionária explorar o comércio que antes pertencia aos comerciantes locais. Alguém citou o Espetinho… pois seus clientes serão clientes de alguma das franquias que o metrô vai administrar lá.
Olá Sr. Jean e amigos presentes
Bem eu já eu detalhei em outros comentários a respeito dos desafios que essa extensão vai ter pela frente, mas por enquanto vou aguardar para novos comentários, aqui em Taboão na próxima quarta feira dia 17 vai a divulgação do Relatório Ambiental Preliminar pela Via 4 e governo, segundo notícia vinculada no tabloide “O Taboanense”, se for possível vou ver se dou um pulo lá. Abraços