As obras da estação João Dias, da Linha 9-Esmeralda, continuam a surpreender pela rapidez do seu avanço. A nova parada, que ficará localizada próxima a ponte João Dias e entre as estações Santo Amaro e Granja Julieta deve ser concluída no segundo semestre e inaugurada no início de 2022, segundo o governo do estado, mas pelo ritmo impressionante não será surpresa se ela for aberta antes.
Tocada pela Telar Engenharia, que foi contratada pela empresa Brookfield, a estação João Dias é bancada praticamente pela iniciativa privada. A exceção envolve os serviços de rede aérea e via (trilhos), que ficarão a cargo da CPTM.
Em visita nesta semana às obras, o canal iTechdrones revelou que a plataforma de João Dias já conta com boa parte da estrutura metálica da cobertura, incluindo o mezanino de acesso à ela. Neste fim de semana, inclusive, a CET anunciou uma interdição na Marginal Pinheiros por conta das obras, mas a CPTM não informou a razão.
Embora seja uma estação de porte pequeno comparada à outras do ramal, João Dias tem comprovado como a burocracia estatal é ineficiente na implantação de projetos metroferroviários. Sem as amarras das licitações e fiscalização do andamento das obras tocadas por Metrô e CPTM, um empreendimento consegue evoluir como esperado, com trabalhos sendo feitos conforme o planejado senão em tempo ainda mais curto, já que é interesse da empresa privada concluir o quanto antes o cronograma.
Amargo contraste com a administração pública
Um imenso contraste com outras obras tocadas pela CPTM como Varginha que, misteriosamente, anda a passo de tartaruga há muito tempo. Infelizmente, leis e regulamentos existentes na gestão pública para evitar desvios, corrupção e mesmo atrasos acabam por gerar outros problemas.
Uma simples licitação pode levar anos para ter seu contrato assinado e as obras efetivamente iniciadas e mesmo assim serem contestadas, como ocorre em dois projetos da Linha 17-Ouro. Mesmo que passe por esse obstáculo, o próximo desafio é fazer com que os trabalhos andem conforme o previsto, mas isso também é raro ocorrer.
Diferenças entre projetos e a realidade, de uso de materiais e serviços e outros acabam gerando discussões sobre aditivos e em muitos casos levam a suspensão da obra. Para fiscalizar o andamento dos projetos, o governo acaba gastando mais ao contratar outra empresa para essa tarefa, a qual deixou de realizar há bastante tempo.
Além disso, há outras dificuldades recorrentes como desapropriações não resolvidas, licenças ambientais e possíveis obstruções causadas por redes e sistemas de outras áreas do próprio governo. Isso sem falar na falta de recursos financeiros para bancar o projeto.
Após um longo período para aprovar o projeto, a Brookfield pôde enfim colocar em prática sua proposta e com isso não passa por nenhuma dessas provações públicas: o projeto foi bancado por ela, a empresa que executa a obra é paga por ela e as áreas necessárias para a implantação ou são da própria (o conjunto corporativo) ou cedidas pela CPTM.
Ou seja, é um raro alinhamento que permite que um projeto como esse saia do papel da forma que todos esperam. Que sirva de lição para o futuro.