Dentre as obras de modernização que a CPTM está dando mais foco, destacam-se as melhorias no sistema de sinalização (controle de trens). Esse é um componente indispensável para que a operação ferroviária possa ocorrer com dinamismo e segurança, assegurando ao passageiro viagens cada vez mais rápidas e confortáveis.
Nas linhas 8-Diamante, 10-Turquesa e 11-Coral está prevista a instalação do mais moderno sistema CBTC, que tem como principal característica a possibilidade de reduzir a proximidade entre os trens fazendo com que o “carrossel” possa ser aprimorado com a inserção de mais trens. Entretanto, mudanças recentes podem mudar esse cenário, como veremos a seguir.
O aditamento
O contrato para supervisão das obras de implantação do sistema CBTC, assim como de melhorias no sistema de telecomunicações, foi aditado com a modificação do cronograma físico-financeiro. Segundo a cláusula 2.1 do aditivo, houve uma redução de R$ 489.395,00 no valor do contrato, ou 1,96% do valor total, que passou a ser de R$ 26.619.665,00. O contrato foi assinado com o Consórcio Operação CBTC formado pelas empresas Pólux Engenharia Ltda e SMZ Consultoria em Automação e Controle Ltda.
Linha 8 afetada
Ao analisar o conteúdo do aditamento, é possível reparar um redirecionamento de foco no âmbito de operação das linhas.
O primeiro ponto se refere à forte queda no orçamento despendido para a Linha 8-Diamante da CPTM. Essa queda foi provocada pela diminuição das horas de trabalho previstas originalmente. Para se ter uma noção, tinham sido dedicados quase R$ 7 milhões apenas para a supervisão de obras na Linha 8, valor que caiu pela metade com as mudanças.
A priori a conta não fecha, mas ao verificar as mudanças é possível notar que uma maior quantidade de trabalho será despendida para a Linha 10-Turquesa, alvo de uma unificação operacional com a Linha 7-Rubi. O orçamento para essa linha passou de aproximadamente R$ 11 milhões para R$ 14 milhões.
Outro ponto muito importante a se destacar é o cronograma do serviço de supervisão. Anteriormente estavam previstos repasses até o 36º mês do contrato, referentes a Linha 8-Diamante. Com a atualização do contrato, os repasses ficam restritos até o 23º mês do contrato, ou seja, uma perda de 13 meses no cronograma físico-financeiro. As linhas 10-Turquesa e 11-Coral permanecem sem alterações no cronograma.
CBTC em outras mãos
Um detalhe que pode ter passado desapercebido é a questão da instalação do CBTC. Com a concessão das linhas 8 e 9, fica pendente por parte da CPTM a conclusão da implementação desse sistema que visa justamente promover a redução dos intervalos entre os trens.
Segundo os anexos do contrato de concessão, o EMPREENDIMENTO 54 é aquele que visa a complementação do sistema ATC (atualmente em uso) no chamado domínio 2, entre as estações de Osasco e Imperatriz Leopoldina. A modificação proposta é de realizar a modernização do sistema de intertravamentos por relês, funcionais desde o período FEPASA, por intertravamentos microprocessados que são mais modernos, compactos e com alto grau de confiabilidade.
A CPTM paralisou a instalação do CBTC por justamente não ter concluído a finalização do sistema de intertravamento microprocessado de forma completa ao longo da Linha 8-Diamante. Dessa forma cabe à concessionaria a finalização desses serviços.
Entretanto, o governo do estado facultou à concessionária a finalização da instalação do sistema CBTC na Linha 8-Diamante. Por consequência, ficará nas mãos da ViaMobilidade Linhas 8 e 9, caso deseje, a conclusão do sistema com a instalação em campo e nas composições.
Em uma entrevista realizada no ano passado pelo canal SP Sobre Trilhos, o secretário Alexandre Baldy foi questionado a respeito dessa questão. O secretário se mostrou otimista com os investimentos futuros da nova concessionária, confira no vídeo:
Conclusão
A retirada de horas de trabalho da modernização dos sistemas de sinalização e telecomunicações da Linha 8-Diamante já era esperada tendo em vista que, após o leilão das linhas 8 e 9, boa parte das obras remanescentes ficará a cargo da nova operadora.
Quanto à questão da utilização ou não do CBTC pela concessionária, fica à critério da mesma a opção pela conclusão ou não das melhorias. Caso opte por finalizar a população terá muito a ganhar, mas caso não tenha contemplado tais melhorias no seu plano de investimentos uma questão fica latente:
O que vai acontecer com os equipamentos que foram instalados e aqueles que ainda seriam implantados? Um sistema de sinalização robusto e de cifras milionárias para os cofres públicos pode ser simplesmente jogado ao esquecimento? Possivelmente teremos muito tempo para discutir essas e outras questões.