O Metrô de São Paulo está avançando no processo de concessão do direito de renomeação parcial de suas estações. O chamado “naming rights” é uma prática bastante controversa, pois, ao mesmo tempo que provê melhor sustentabilidade financeira, incorre num processo de descaracterização das estações.
Apesar da concessão dos nomes das estações geraram bastante polêmica, vamos nos ater a discutir outro tópico, aparentemente sutil, mas que devido às suas dimensões quantitativas pode causar um grande impacto financeiro.
A troca do nome de uma estação não impacta somente a estação alvo, mas toda a comunicação visual ao longo do sistema metroferroviário que precisará se adaptar a novas mudanças. Isso vai desde a alteração dos avisos sonoros em trens até a alteração dos mapas da rede.
Além das alterações globais, as mudanças também atingem as próprias estações que contarão com a renovação completa de sua comunicação visual, um dos pontos mais positivos da nova mudança, uma vez que as placas são atualizadas para versões mais modernas e assertivas.
Custo na estação
O investimento para a alteração da comunicação visual nas estações geralmente é bastante elevado, dado o grande número de elementos e materiais que deverão ser substituídos. Neste caso em específico, vamos analisar o caso da estação Santana.
Através de documentos disponibilizados pelo Metrô para sua concessão é possível ter uma noção das quantidades de itens a serem alterados. Dentre os itens mais expansivos estão as placas de parede nas plataformas.
Estes elementos estão dispostos ao longo da estação em ambas as plataformas e possuem valor estimado em R$ 150 mil para cada plataforma.
Outros itens de valor bastante expressivo são as placas de parede nos corredores e passarelas (R$ 48,7 mil para cada lado), o conjunto de informações tipo pórtico (R$ 41,5 mil cada) e as novas testeiras (R$ 34,5 mil). Os totens têm valor estimado em R$ 13,5 mil cada.
A lista de elementos é diversa e envolve a implantação em todos os pontos da estação como os acessos, mezanino, corredores e plataformas. Ao todo, o custo de todas as intervenções está estimado em R$ 916 mil somente para a estação Santana. Confira abaixo a tabela com os valores:
Custo nas demais estações
O custo para as demais estações é estimado através das alterações que deverão ser realizadas nos mapas das estações. Dentre os tipos de mapas existentes estão o mapa de transporte metropolitano, guia do passageiro, mapa de linha, mapa de embarque, utilidade pública e mapa em porta de plataforma.
O investimento total para a alteração dos mapas em todas as estações elegíveis é de aproximadamente R$ 311 mil. Abaixo é possível visualizar a quantidade de mapas e as áreas aproximadas de material a ser impresso.
Custo nos trens
No interior dos trens deverão ser considerados os elementos como os mapas das linhas (geralmente unificados) e os mapas de transporte metropolitano. Com exceção dos mapas dos trens da frota M que operam na Linha 15-Prata, os demais necessitam de alterações.
Ao todo, o investimento para as alterações contemplam o fornecimento de material, remoção e instalação. O valor total para a substituição dos elementos em vinil e PVC está estimado em R$ 435,9 mil.
Em determinadas situações, em vez da realização da substituição completa dos mapas, o Metrô opta pela instalação de um pequeno adesivo nos mapas apenas para substituir o nome da estação. A solução pode se apresentar como efetiva no curto prazo, mas corre o risco de se tornar uma espécie de colcha de retalhos caso mais estações tenham sua nomenclatura alterada.
Conclusão
Somando todos os valores é possível obter uma cifra de aproximadamente R$ 1,6 milhão para concretizar todas as alterações pertinentes à estação Santana. O valor neste caso específico é mais elevado pois leva em consideração as dimensões da estação.
A concessão dos naming rights da estação Penha vai gerar ao Metrô uma receita adicional de R$ 12,2 milhões ao longo de 10 anos, o que representa uma mensalidade de R$ 105 mil.
Na estação Penha, o investimento para as melhorias apenas na estação foi de R$ 235 mil, valor bastante próximo àquele cobrado para a estação Brigadeiro, que é de R$ 261 mil.
O valor para a estação Consolação, uma das mais movimentadas da Linha 2-Verde, é de R$ 721 mil apenas para esta parada. Isso indica que o valor fixo dos investimentos sugere ser proporcional ao tamanho e relevância da estação.
Em linhas gerais é possível observar que a concessão do direito dos nomes das estações gera uma reação em cadeia que pode ser vista de forma positiva, quando os principais pontos de informação físicos nas estações são atualizados, mas também de forma preocupante, quando as alterações criam um clima de mercantilização de um dos principais elementos do sistema metroferroviário: o nome das estações.
Por isso eu sou contra os naming rights, o Metrô só pega migalhas, vive mendigando para essas empresas de fundo de quintal e só gasta mais do que arrecada, além de enfeiar os nomes das estações e irritar o povo!
Poderia ser muito pior, em Dubai, os nomes das estações desapareceram completamente ficando só o nome da empresa.
Se fosse a iniciativa privada realizando a troca do nomes com certeza seria bem mais barato e melhor.
Concordo perfeitamente com o entendimento deste editorial que nomes de estações e logradouros devem tão e somente ser originados de referências geográficas da região, que soem familiares para a maior parte das pessoas. Ao contrário da maior parte de logradouros, monumentos ou outros equipamentos públicos, estações de trens não deveriam ser usadas para esse tipo de homenagem, exceto que fosse um comprovado benfeitor local.
Com relação á nomeação das estações com a utilização de “Naming rights” (Direitos de nomenclatura) trazem receitas para o Metrô / CPTM revertendo em benefícios para o usuário, elas deveriam obrigatoriamente favorecer e facilitar sua localização, e o nome do patrocínio de forma reduzida a no máximo 25%, escrita uma única vez, sempre após e jamais antes. Mantido este critério deveriam ser removidas e imediatamente e banidas obrigatoriamente as nomenclaturas de todos clubes sem exceção, principalmente os de futebol que absurdamente introduzidos vem antes do título e local principal nas estações, e que são distantes do local, além de nada contribuir com a arrecadação, e confundir e atrapalhar os usuários.
Parabéns pela matéria informativa muito bem elaborada com tabelas de valores o quanto é o prejuízo para troca de placas sinalizadoras e letreiros.
A Estação Conceição podia se chamar Estação Conceição Itaú-Unibanco em parceria com o banco ou Estação Conceição Carrefour em parceria com a rede de hipermercados do Brasil.
Também concordo em retirar todos os nomes de clubes de futebol nas estações, afinal seus nomes estão sendo divulgados de forma gratuita e o metrô não ganha nada com isso.
Também quero ressaltar que a estação Sumaré deveria ser chamada somente de Sumaré e não acrescentar um nome de entidade religiosa, pois se trata de um espaço público e o Estado é laico.