O Relatório Integrado de 2020 do Metrô, publicado dias atrás, revela que a companhia planeja iniciar operação da Linha 17-Ouro apenas em abril de 2023. A informação crava que o ramal de monotrilho será entregue à concessionária ViaMobilidade no dia 30 de abril, quando também começaria a operação em si.
O documento informa ainda que seis meses depois, em 31 de outubro de 2023, a ViaMobilidade colocaria a Linha 17 em operação plena com os 14 trens encomendados. A primeira dessas composições, chamada de “cabeça de série”, tem previsão de entrega em 30 de dezembro de 2022.
As metas informadas no relatório anual não apenas contradizem as afirmações do governo Doria de que o ramal será aberto ainda no ano que vem como também não esclarecem se esses prazos já consideram o fato de que o contrato de sistemas (trens, sinalização, energia e outros) está suspenso desde o começo deste ano na Justiça.
Os consórcios BYD SkyRail, vencedor da licitação, e Signalling, que tenta barrar sua execução, esperam pelo julgamento na 2ª instância do Tribunal de Justiça de São Paulo quem de fato tem direito a tocaro o projeto, de quase R$ 1 bilhão.
Atualmente, a construtora Coesa toca o contrato de obras civis remanescentes com meta de concluir sete estações e o pátio até o ano que vem – a oitava estação da fase prioritária, Morumbi, já está praticamente pronta.
Em recentes declarações, o secretário Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) pediu por celeridade da Justiça no julgamento, dizendo não se importar com qual dos dois consórcios sairá vencedor na disputa.
A BYD é uma novata no segmento de monotrilhos, tendo implantado apenas dois sistemas de pequeno porte até agora. Já a Signalling propõe um projeto que utiliza o espólio da Scomi, fabricante malaia que faliu anos atrás. Nenhum dos integrantes do consórcio, no entanto, produziu um trem de monotrilho ou participou ativamente da implantação desse modal. Em vez disso, se apoia na montagem de VLTs e em contratos secundários de sinalização.
Com 6,7 km de extensão, a primeira fase da Linha 17-Ouro tem previsão de transportar diariamente 165 mil usuários. A demanda, entretanto, é bem modesta perante a capacidade nominal do sistema, que iniciará serviço com intervalos elevados, de 3 minutos. Por utilizar um sistema de sinalização por CBTC, o ramal pode reduzir em tese esse headway para 2 minutos ou menos, em tese.
Extensão até Jabaquara
Novamente, o Metrô publicou seu mapa futuro, com as linhas em projeto ou estudos preliminares. A Linha 17 voltou a aparecer com a fase 2, até Jabaquara, incluída, enquanto a fase 3 (São Paulo-Morumbi) não é citada.
Caso decida levar à frente a ligação até a Linha 1-Azul (com cinco novas estações), o governo pode vir a solicitar à ViaMobilidade um estudo de implantação semelhante ao que será feito com o trecho da Linha 5-Lilás entre Capão Redondo e Jardim Ângela. Caberia apenas saber se a proposta seria interessante do ponto de vista financeiro para a administração pública.