Repensada, estação Morumbi do monotrilho terá solução melhor que projeto original do Metrô

Futura ligação da Linha 17-Ouro com a Linha 9-Esmeralda já começa a ganhar forma final, evidenciado um projeto mais agradável que as demais estações
Plataformas da estação Morumbi: solução mais bem resolvida que as demais estações do monotrilho (CMSP)

Projetar estações de trens elevadas certamente não é das tarefas mais fáceis para arquitetos. Ao contrário de uma linha subterrânea, onde grande parte da área necessária não é visível, a estrutura de um ramal acima da superfície exige mais do que pensar apenas a funcionalidade. É preciso minimizar e, se possível, harmonizar a construção com seu entorno, algo bastante complexo quando se trata de uma linha de metrô pesado como a 1-Azul. Basta reparar como as estações Portuguesa-Tietê ou Santana incomodam nossos olhos, por mais que tenham plataformas relativamente simples.

Se por um lado os novos projetos de linhas pesadas têm priorizado o trajeto subterrâneo, o advento do monotrilho voltou a evidenciar esse dilema. Defendido como uma solução mais barata e rápida de implantação (algo até hoje não totalmente comprovado), o modal implica em criar vias e estações elevadas que passam pelo canteiro central de avenidas na maior parte do tempo.

Para isso, a solução arquitetônica contratada pelo Metrô tem sido construir estações com plataformas centrais ligadas a pequenos acessos laterais por passarelas. A primeira dessas estações a ficar pronta, Oratório, revelou um resultado até que aceitável, mas seu conceito acabou abandonado pela companhia nas demais estações, que passaram a ser mais simples e pesadas. Todas elas, no entanto, apresentam cobertura em arco, instalada a uma altura relativamente baixa, que causa um certa sensação de espaço reduzido, reforçada pela ausência de aberturas para insolação.

Plataforma da estação São Mateus da Linha 15 (CMSP)

Trata-se de uma solução pouco vista em outros monotrilhos  ou linhas leves de metrô no exterior, que optam pelas plataformas laterais e uma cobertura mais elevada e que conta ainda com elementos vazados para melhorar a iluminação natural. Por outro lado, esse tipo de construção se revela mais volumoso e que, sem um acabamento adequado, certamente afeta de sobremaneira o entorno. Ainda assim existe o benefício de mezaninos mais espaçosos e com circulação mais adequada, algo do qual se beneficiarão os passageiros que utilizarem a futura estação Morumbi, da Linha 17-Ouro.

Projeto da estação Brooklin Paulista: resultado deixa a desejar (Tetra)

Localizada às margens do rio Pinheiros, ela fará a ligação do monotrilho com a Linha 9-Esmeralda e encontra-se na reta final de construção, como mostramos aqui recentemente. E por estar nesse estágio avançado já é possível notar o quanto seu projeto parece melhor resolvido que as demais estações. Ele adota justamente esse conceito de plataformas laterais, iluminação natural e uma “pele” que irá revestir boa parte do prédio e esconder as estruturas de concreto.

Vale lembrar que esse resultado não era o plano original do Metrô. A estação, que chegou a ser licitada como parte de um dos dois lotes de quatro paradas, deveria seguir a mesma solução padronizada e se conectar à estação Morumbi pelo pequeno mezanino acima das plataformas. Felizmente, a companhia chegou à conclusão que a demanda no local seria bem elevada a ponto de exigir um segundo acesso para a rua. Com isso, o projeto foi ampliado e deslocado para a ponta sul da estação da CPTM.

Estação de monotrilho chinês: ambiente mais arejado

Possibilidade de ampliação

Além de Morumbi, também a futura estação Jardim Aeroporto, vizinha ao pátio de manutenção Água Espraiada, terá plataformas laterais. No entanto, a construção está parada há anos, diante da falta de perspectiva de conclusão da obra como um todo, além de problemas com o contrato com o consórcio responsável. Sua finalização ficará a cargo da Constran, que venceu a licitação de obras remanescentes da Linha 17, caso a Justiça não acate o recurso de uma construtora derrotada no certame. Não se sabe ao certo como será o resultado final já que não existem ilustrações públicas do projeto.

A adoção de estações com projeto semelhante a de Morumbi poderia ter ocorrido também na Linha 15-Prata. A estação Vila Prudente, atual terminal oeste, possui plataforma central sobre um enorme terminal de ônibus, que mostram um resultado estético bastante precário. Se por um lado a plataforma central facilita estratégias de trens alternados que trocam de via antes de chegar a ela, por outro as plataformas laterais podem organizar melhor esse fluxo ao separar seus passageiros. Com a inauguração da estação Ipiranga, inclusive, Vila Prudente deixará de ser terminal e os aparelhos de mudança de via serão menos utilizados do que hoje.

Projeção de uma das estações da Linha 18-Bronze, cancelado pelo governo Doria (Fernandes Arquitetos)

As estações de plataformas laterais também favorecem uma implantação mais simples de vias, segundo explicou a VEM ABC, concessionária que deveria ter construído e operado a Linha 18-Bronze de monotrilho, que atenderia a região do ABC Paulista. Os projetos das estações passaram a ser todos com plataformas laterais, evitando estruturas maiores para receber vigas-trilho em curvas, por exemplo. Com isso, a empresa previa ampliar o tamanho das plataformas em caso de aumento na demanda, algo muito mais complexo e caro de executar nas estações mais antigas de monotrilho do Metrô. No entanto, todo esse trabalho, como se sabe, foi desperdiçado pelo governo Doria no ano passado, quando decidiu cancelar o projeto em favor de um corredor de ônibus “BRT”.

 

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23 comments
  1. Aproveito a deixa para reclamar do quanto as estações elevadas da linha 1- Azul são ruins.
    Parecem que foram feitas nas coxas, principalmente as estações Armênia e Tietê.
    A estação Armênia só tem escadas rolantes, apenas uma em cada lado da estação, até metade do caminho para a plataforma!
    O restante temos de andar em escadas normais e azar de quem está carregando malas ou tenha alguma deficiência física e não tenha tempo para esperar aquele elevador minúsculo.
    Foi um grande descaso não terem ampliado a estação Tietê enquanto construíam a rodoviária e, atualmente, isso faz falta, a plataforma sentido Jabaquara ficou estreita para tanta gente. O problema só amenizou por causa da pandemia por enquanto.
    Deveria haver um acesso separado para quem vem da rodoviária e assim evitar o congestionamento de pessoas, principalmente após feriadões.

  2. Eles deveriam fazer igual a linha 15 Prata, inaugurar o primeiro trecho com 2 estações, já que Morumbi é a mais adiantada podiam inaugurar o trecho Morumbi-Chucri Zaidan

    1. Não tem como inaugurar nada sem os trens (que estão com o contrato barrado na justiça) e muito menos sem o pátio de manutenções, que ficará ao lado da estação Jardim Aeroporto (que também está com obras paradas)

  3. Ricardo, a estação Jardim Colonial que está sendo construída não comprova a eficacia para a construção de uma estação de monotrilho?

  4. Não precisa ser um gênio da raça para saber que obviamente o monotrilho é uma solução mais barata e rápida de implantação do que os sistemas tradicionais, o problema infelizmente e claramente é o apocalipse administrativo brasileiro, especialmente dos governos e o sistema estatal com sua burocracia doentia agravada mais ainda pela alta corrupção e baixa modernização nos quadros administrativos.

  5. A Estação Jardim Aeroporto deveria ser inaugurada só depois que o monotrilho seguisse pro Jabaquara. Não vejo sentido em haver essa estação sem demanda alguma, sendo que a estação de Congonhas deveria ser privilegiada neste momento.

    1. Congonhas precisa de uma linha de metrô e acho bom uma ligação entre a linha 5 e a linha 9 pela região da Berrini. No entanto, acho que seria melhor se a linha 17 seguisse de Congonhas até o Paraíso passando pela estação AACD Servidor, pelo Ibirapuera e pela 23 de Maio ao invés de seguir pro Jabaquara. Assim seria muito mais útil pra quem chega ao aeroporto e pra diminuir o trânsito na Rubem Berta.

      1. A Rubem Berta é muito estreitinha naquele trecho segregado (onde tem o trecho expresso, que fica no meio, e o trecho alto – que dá acesso às ruas paralelas da Região), fora os viadutos. Vai dar um trabalho enorme pra conseguir implantar.

        1. A Rubem Berta não é tão estreita assim, lembrando que esse monotrilho iria passar por áreas bem piores de espaço, tipo Paraisópolis e o Morumbi, fora que já vai pra Washington Luiz, que tem largura semelhante. Daria um pouco mais de trabalho, mas valeria a pena fazer a linha seguir pela Rubem Berta e 23 de Maio até o Paraíso. É uma área muito congestionada.

    2. Não, meu caro Granhunha, esse título pertence ao Expresso Tiradentes.

      A Linha 17 será mais uma das linhas do metrô, ligando uma região importante e atendendo a centenas de milhares de pessoas por dia inicialmente através de veículos elétricos e nada impede dela ser ampliada.

      Mas e o Expresso Tiradentes? Não tem perspectiva de ampliação, usa transporte poluente e não trouxe grandes benefícios para a cidade. Mas não vemos você criticá-lo, vai ver desconhece a existência desse corredor de ônibus elevado ou concorda com o projeto dele.

      1. Em alguma coisa eu concordo com você. Fora que o Expresso Tiradentes deveria se chamar Expresso Sacomã, porque nem pra Cidade Tiradentes ele vai, pelo contrário, passa é longe.

      2. Ivo, eu acho expresso Tiradentes outra porcaria, assim como será esse BRT do ABC. Não é necessário eu ter que criticar um meio para então poder criticar outro. Mas tudo fruto do belíssimo planejamento que você adora elogiar. Não me surpreenderia se a gente acabar o trecho original do Expresso Tiradentes com um trecho – BRT/Monotrilho/Corredor de ônibus.
        Além do mais, monotrilho não é metrô. É, pra quem gosta de ser enganado.
        Tem diversos estudos e matérias que mostram que o número de passageiros transportados será baixo em relação ao tamanho do investimento. Mas nem seria necessario, apenas uma matematica básica de primeiro grau já te dá essa conclusão.
        E quanto a possibilidade de ampliação, aí acho melhor você reclamar com o governo, pois ele próprio já tá abandonando este modal, inclusive o trecho entre Morumbi e São Paulo Morumbi nem faz mais parte dos planos

        1. Acho que pra linha 17 monotrilho seria um bom modal, se ele fosse feito com a promessa que o titio Alckmin chuchu fez e não cumpriu, ou seja, de ser um modal barato e rápido de fazer. Não foi! A Linha 15, a meu ver, jamais deveria ter sido monotrilho, essa deveria ter sido trem ou metrô, pois tem demanda muito alta pra ser monotrilho. E a linha 13 Jade poderia ter sido monotrilho, já que poderia “adentrar” nos terminais do aeroporto, além de ter demanda baixíssima e, pelos planos da CPTM, vai continuar tendo. Ou seja, o planejamento do governo paulista foi sim extremamente péssimo!

          1. Gabriel, nenhum estudo demonstrou que existe demanda alta para a região da Linha 15. Nenhum. Assim como nenhum estudo apontou demanda baixíssima para a Linha 13 (que sequer está pronta ainda).

            De onde tirou essas constatações? Todos os projetos e dados matemáticos de demanda são públicos. E todos desmentem suas afirmações.

          2. Precisa de estudo pro óbvio, Ivo? A linha antes de fechar já estava megalotada! Precisa de estudo pra demanda baixíssima da linha 13?? Ela SEMPRE está vazia. Admita, o planejamento do governo tukanos foi péssimo!

          3. Até onde eu saiba a demanda da L15 é de 450k visando o ano de 2045 com a linha completa entre Ipiranga – CiTi.
            Agora, se vcs tiverem uma solução melhor, que consiga subir rampas ingrimes, e seguir o traçado da avenida acho que você deveriam virar engenheiros/designers.

          4. Matheus, fizesse um metrô convencional subterrâneo mesmo. E não me fale de custos nem de prazos, o monotrilho saiu tão caro e demorado quanto um metrô convencional e ainda saiu cheio de defeitos depois de pronto, além de já não atender a demanda diária. PelamordeDeus, parem de passar vergonha defendendo esse trenzinho só pra defender o governo tukano!

        2. Pobre Granhunha, acha que sabe mais do que todo mundo. Onde está sua empresa de consultoria em mobilidade?

          Enquanto posta comentários na base do mais puro achismo, o monotrilho transporte 1 milhão de pessoas por dia na China. E em São Paulo, vai transportar inicialmente quase 800 mil pessoas só com a conclusão das fases atuais de projeto. No ano passado, a Linha 15 transportou (mesmo com trechos em testes) mais de 20 milhões de passageiros.

          Sobre projetos, a Linha vermelha do metrô levou doze anos para ser concluída, e mais de 13 anos para operar conforme o projetado, passando por crises, desistências de projeto e isso não impediu ela de ser concluída. Se dependêssemos dos “Granhunha” da vida tocando o projeto, a linha vermelha seria a última construída em São Paulo, dado os problemas de projeto.

          No caso da Linha 17, os terrenos necessários para a obra entre São Paulo Morumbi e Jabaquara estão todos desapropriados e pagos, o monotrilho é uma obra simples e barata e pode ser feita em fases como qualquer outra.

          Será que o mundo inteiro está errado e você é o único que está certo? Onde estão os projetos milionários de sua empresa de consultoria em mobilidade?

          1. Ivo, vc sempre acha que sabe mais que todo mundo e acusa os outros da arrogância que vc tem. Vc mesmo tá falando que a linha 15 tem alta demanda agora, ainda quer me fazer crer que o trenzinho monotrilho atende uma das áreas mais densamente povoadas da cidade, a de Sào Mateus?

            Será que todo mundo tá errado e só vc e o PSDB estão certos? Será que a única coisa que presta pra vc é o que vier de projetos de empresas contratadas por governos tukanos?

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