Sistema metroferroviário nacional transportou 2,5 bilhões de passageiros em 2024

Levantamento da ANPTrilhos aponta uma recuperação na demanda de passageiros. Expansão da rede foi tímida no período com possibilidade de novas linhas e estações somente nos próximos três anos
Linha 9-Esmeralda da ViaMobilidade (Jean Carlos)
Linha 9-Esmeralda da ViaMobilidade (Jean Carlos)

A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros Sobre Trilhos (ANPTrilhos) divulgou o seu balanço anual do setor metroferroviário. O relatório mostra as principais características e avanços das ferrovias de passageiros no Brasil em 2024.

O Brasil possui 21 sistemas metroferroviários espalhados por 73 municípios. Ao todo são 49 linhas  que transportaram 2,57 bilhões de passageiros em 2024, o que representa uma média de 8,6 milhões de passageiros ao dia.

Balanço ANPTrilhos 2024 (ANPTrilhos)
Balanço ANPTrilhos 2024 (ANPTrilhos)

A malha conta com 1.137 quilômetros de extensão, 633 estações e 39,7 mil profissionais envolvidos com operação, manutenção, gestão e zeladoria dos ativos.

Das 16 empresas operadoras, nove delas são privadas, mostrando a tendência crescente da presença de empresas particulares no Brasil.

Balanço ANPTrilhos 2024 (ANPTrilhos)
Balanço ANPTrilhos 2024 (ANPTrilhos)

Malha nacional

A malha metroferroviária nacional teve expansão de 2,9 km representados pelas extensões do Metrô de Teresina e do VLT Carioca. A ANPTrilhos ainda realizou uma atualização estatística em seus dados apontando um crescimento da rede de 1.133 km para 1.137 km em 2024

Crescimento da rede (ANPTrilhos)
Crescimento da rede (ANPTrilhos)

A rede é atualmente composta por 536 km de trens urbanos, 310 km de metrô, 275 km de VLT, 14 km de monotrilho e apenas 0,8 km de People Mover.

Modos de transporte (ANPTrilhos)
Modos de transporte (ANPTrilhos)

O número de estações teve um pequeno acréscimo de três novas paradas, sendo elas as estações Várzea Nova, na Paraíba, Colorado, no Piauí, e o Terminal Gentileza no Rio de Janeiro.

A estação Mutange foi desativada devido ao incidente ambiental da Braskem. O número líquido de estações, portanto, subiu de 631 para 633 paradas.

Novas estações (ANPTrilhos)
Novas estações (ANPTrilhos)

A quantidade de trens em operação teve um decréscimo em 2024. Foram registrados um total de 4.790 carros ferroviários ativos. As estatísticas da ANPTrilhos não consideram como carros ativos aqueles que não foram comissionados ou que estejam parados por mais de 120 dias em manutenção.

Material rodante (ANPTrilhos)
Material rodante (ANPTrilhos)

A força de trabalho  na ferrovia é de 39,7 mil profissionais, somando próprios e terceirizados. A tendência de crescimento de profissionais subcontratados aumentou, apresentando aumentos sequenciais ao longo dos anos. Hoje a categoria dos terceirizados representa 28% da força de trabalho nas ferrovias do Brasil.

Quantidade de profissionais (ANPTrilhos)
Quantidade de profissionais (ANPTrilhos)

Passageiros transportados

A alta de passageiros em 2024 foi de 3,6%, atingindo a marca de 2,57 bilhões de usuários que frequentaram os sistemas metroferroviários. Este número representa um acréscimo de 420 mil pessoas ao dia.

Foram registradas algumas quedas em sistemas como na Trensurb, afetada pela grande inundação de 2024. Em Recife, o sistema sobre trilhos está em estado de precariedade enquanto no Rio de Janeiro as altas tarifas afastam as pessoas.

Número de passageiros (ANPTrilhos)
Número de passageiros (ANPTrilhos)

Estatisticamente 73,4% dos passageiros utilizam o sistema sobre trilhos para ir ao trabalho. A maior parte deles tem entre 20 e 39 anos e são do sexo feminino.

São Paulo é a região com a rede metroferroviária mais expressiva do país. A rede da região metropolitana possui 377,2 km de extensão, 187 estações, 2.811 carros de passageiros e transporta 1,9 bilhão de passageiros, 76% da demanda nacional.

São Paulo é o estado com maior demanda (ANPTrilhos)
São Paulo é o estado com maior demanda (ANPTrilhos)

Benefícios ambientais

Apostar na ferrovia é o melhor investimento no que se refere a ganhos socioambientais. Em 2024, a economia chegou a R$ 33,6 bilhões. Foram poupadas 1,5 bilhão de horas, 1,2 bilhão de litros de combustível e cortadas 2,4 milhões de toneladas de CO²

Benefícios ambientais (ANPTrilhos)
Benefícios ambientais (ANPTrilhos)

Novos projetos

Apesar de um 2024 tímido, os próximos anos deverão ser de expansão mais expressiva. Ao todo está sendo executada uma carteira de 18 projetos ferroviários representando mais de R$ 50 bilhões em investimentos.

Dos projetos em curso, cinco deles estão previstos para 2025, cinco para 2026, três para 2027 e 5 para 2028.

A maioria dos projetos se localiza na região Sudeste (11 projetos), sendo que oito deles apenas na região metropolitana de São Paulo. Sete projetos estão em curso no Nordeste e um na região Centro-Oeste.

Novos projetos (ANPTrilhos)
Novos projetos (ANPTrilhos)

Concessões

O relatório da ANPTrilhos apontou uma carteira de concessões em 11 sistemas metroferroviários. Os projetos estão em fase de estudos ou com processo em curso. Destaca-se a concessão da CBTU, Trensurb, CPTM, novas linhas de metrô em São Paulo e VLTs no Rio de Janeiro e Curitiba.

Concessões ferroviárias (ANPTrilhos)
Concessões ferroviárias (ANPTrilhos)

Trens regionais

O cenário de trens regionais no Brasil ainda é bastante novo. Existem sete rotas em estudos e três projetos autorizados, sendo dois deles já contratados (TIM e TIC).

A ANPTrilhos considerou em seu relatório os serviços ferroviários da Vale na EFVM e na EFC que transportam por ano mais de 1,2 milhão de passageiros.

Trens Regionais (ANPTrilhos)
Trens Regionais (ANPTrilhos)

Conclusão

Em termos de resultados, o ano de 2024 não foi expressivo em expansão e acréscimo de passageiros na rede sobre trilhos. Observando-se São Paulo, dado que é a região com maior representatividade no setor, existem muitos projetos em curso que só deverão mostrar resultados palpáveis ao longo dos próximos 3 anos.

Em termos nacionais pouco se investe em expansão. Um raro caso tem sido Salvador, que está ampliando o Metrô e construindo um novo VLT na capital. As demais regiões ora tem apenas projetos no papel ou constroem uma ou duas estações, representando um acréscimo tímido.

Algumas destas regiões dependem de investimentos externos. A formatação de uma política pública de investimentos massivos no transporte sobre trilhos poderia dinamizar as grandes capitais e tornar estas cidades pontos importantes de desenvolvimento regional.

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