Trabalho de drenagem dos poços da Linha 6-Laranja tem início

Segundo governo do estado, ao menos 170 milhões de litros de esgoto devem ser retirados dos poços VSE Tietê e SE Aquinos e dos túneis já escavados pela Acciona
O VSE Tietê alagado: drenagem teve início (iTechdrones)

Começou nesta quinta-feira (3) um trabalho crucial para compreender a extensão dos prejuízos causados à Linha 6-Laranja de metrô após o rompimento do interceptor de esgoto ITI-7 instantes após o tatuzão que escava os túneis da obra chegar ao SE Aquinos. Trata-se da drenagem do material depositado nos poços e que cobriu não apenas a tuneladora sul como também parte do outro shield que escavará no sentido norte.

Segundo a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, cerca de 170 milhões de litros de esgoto serão retirados do local. Para isso, bombas de sucção foram instaladas em pontos estratégicos a fim de transportar o material para um coletor da Sabesp localizado na margem oposta do local do acidente, que fez parte das vias da Marginal Tietê desmoronarem na terça-feira (1).

Além do coletor, também o interceptor ITI-1 será usado para retirar o material dos túneis e poços da obra tocada pela construtora Acciona.

Como o site mostrou em primeira mão, o rompimento do interceptor ocorreu após a passagem do tatuzão sob o imenso túnel que escoa o esgoto de 2,2 milhões de pessoas que moram na região central de São Paulo.

Diagrama divulgado pela Acciona mostra por onde o esgoto acabou chegando ao poço

O vídeo gravado por funcionários da Acciona mostra o shield, como é conhecido o equipamento de escavação, girando a roda de corte após derrubar a última parede que o separava do poço Aquinos. Minutos depois, já com a máquina parada, uma pequena cascata de esgoto começa a escorrer logo à frente da roda de corte e em seguida o material passa a jorrar em grande quantidade. Apesar da dramaticidade da cena, não houve vítimas.

Tatuzão avariado

Após o esgoto ser drenado dos poços, será possível analisar os danos na tuneladora, um equipamento adquirido pelo consórcio anterior de um grupo francês que o fabricou na China. A empresa foi vendida posteriormente e não se sabe até que ponto ela ainda presta algum tipo de assistência já que a Acciona contratou uma concorrente, a alemã Herrenknecht, para fornecer suporte aos trabalhos na Linha 6.

Peças do segundo tatuzão que estão preservadas (iTechdrones)

Embora tuneladoras sejam projetadas para avançar em lençois freáticos e ter contato com água e outros líquidos, o fato de o equipamento de 109 metros estar submerso em esgoto há dias certamente danificará partes mais sensíveis.

Somente com acesso ao local e análise das peças será possível averiguar a extensão dos danos e como ele poderá ser recuperado. Vale lembrar que o segundo tatuzão não chegou a ter todas as peças içados para o fundo da vala. Uma hipótese é que os componentes preservados possam servir como substitutos para a tuneladora sul como forma de antecipar seu retorno ao trabalho de escavação.

O poço SE Aquinos, que foi o primeiro a ser inundado pelo rompimento do interceptor (iTechdrones)

A tuneladora sul, que começou a escavar os túneis no dia 16 de dezembro, havia percorrido cerca de 260 metros dos 10 km previstos em seu trajeto. O prazo para concluir a abertura dos túneis é maior do que o da tuneladora norte, que tinha previsão de partir no mês que vem em direção à região Brasilândia. Ao contrário do primeiro tatuzão, o segundo escavará em rocha e por isso avançará num ritmo mais lento por aproximadamente 5 km.

Apesar de a Acciona ter reiterado que as demais frentes de trabalho da obra seguem funcionando, todas eles dependem da passagem dos tatuzões para serem concluídas. Por isso, o tempo perdido para recuperar os equipamentos e retomar a escavação será determinante para saber qual o impacto no prazo de entrega da Linha 6-Laranja, originalmente marcado para outubro de 2025.

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13 comments
  1. Acredito que, para tentar manter o cronograma original da obra ou pelo menos ficar próximo dele, a Acciona poderia estudar maneiras de avançar em outras partes das estações que não dependeriam exclusivamente da passagem do Shield para a execução

    1. Mas isso já é feito, todo o interior da estação não pode ser feito antes da passagem do tatuzão, então todos os trabalhos terão um atraso de conclusão, principalmente os mais próximos de ponto de início dele.

      1. Esqueceu da L5, onde o túnel foi construído e depois de muito tempo foi feita a estação Campo Belo, tem imagens da estação sendo construída e dentro dela dá pra ver a estrutura dos dois tuneis, que depois foram desmontados.

  2. Essa obra deve ser parada imediatamente. Antes que outro acidente aconteça. Na minha opinião, essas obras metrô de sp deveriam ser proibidas. O risco para a população é muito alto. Uma reportagem da Record mostrou o risco da estação Sesc Pompéia. Nesse lugar existe um córrego canalizado e alagou tudo nas últimas chuvas.

    1. E qual é a abordagem que sugere para ter mobilidade em SP? Colocar tudo trem de superfície, construindo diversos elevados, que ocupam muito espaço e prejudica os arredores onde foram instalados? Não tem para onde correr, essas obras são necessárias e erros como esse podem acontecer. Os engenheiros estão aí para resolver e com os erros cometidos, aprendem algo para que o erro não aconteça novamente. Nesse caso específico, com certeza a Acciona vai ficar junto a SABESP para contornar essas tubulações pluviais e de esgoto.

    2. Acho que as reportagens da Record devem ser paradas imediatamente. Antes que outra desgraça aconteça. Na minha opinião, essas reportagens da Record deveriam ser proibidas. O risco para a população é muito alto.

  3. Ricardo, por suas fontes, existe previsão de quantos dias levarão para retirar todo esse esgoto dos tuneis e poços?

  4. O problema de mobilidade não resolve construindo linhas pendulares de metrô. As pessoas devem morar próximo ao trabalho. As oportunidades de trabalho e educação devem está próximo onde vivem. Mas como Estado não optou por isso no passado, não é construindo uma série de linhas pendulares que isso será resolvido. Além disso, a região onde está sendo construída essa linha é conhecida por alagamentos de córregos canalizados. Um enorme risco para a população.

    1. E oq vc sugere? Não construir nada? Óbvio q é um problema crônico e antigo mas não existe outra solução sem ser construção de linhas, mesmo diversificando as áreas de concentração de empregos linhas de metrô ainda são necessárias numa cidade gigante como São Paulo, não existe outra alternativa.

      Agora sobre córregos canalizados não tem nada haver com as linhas, q estação Anhangabaú tem um córrego percorrendo o piso superior da estação e nada acontece, é normal ter essas componentes consideradas numa obra subterrânea, esse acidente não serve de argumento pra demonizar a construção de infraestrutura tão importante pra cidade como são as linhas de metrô.

    2. Qualquer obra de infraestrutura e de engenharia tem seus riscos, a alternativa nunca será o radicalismo, parar uma obra tão necessária a população, que gera empregos e apesar de todo o transtorno gerado no entorno durante sua execução, após a sua conclusão trará muito mais benefícios as regiões e população no geral, desenvolvimento e progresso do que qualquer malefício, proferir algo diferente disso e falácia e ideologia política…

  5. Existe um ditado assim: “a pressa passa, a merda fica.” Ilustra perfeitamente o caso.
    O vídeo que mostra o começo do rompimento do esgoto é prova perfeita de um ilícito cometido. Ficou claro o erro grotesco, amadorístico. É evidente até para o mais leigo que o interceptor de esgoto precisaria de reforço estrutural antes da passagem da máquina shield, pela absurda proximidade entre os dois túneis.
    O que aconteceu transcende a noção de “culpa consciente” (pode dar problema, mas sinceramente não acredito que dê) para configurar “dolo eventual” (é muito provável que dê errado, mas não quero saber e sigo em frente a qualquer custo).
    Os caras merecem tomar um lindo processo na fuça. Mesmo que não sejam condenados (como sucedeu aos que mataram gente no poço da Estação Pinheiros da Linha 4), que sua vida seja infernizada por anos. Sou pessimista em relação à natureza do indivíduo e acho que eles mesmos não aprenderão, mas fica uma lição para projetos seguintes, conduzida quiçá por gente menos temerária.

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