A estreia da Série 2500 na Linha 13-Jade ficou para 2020. Segundo apurou o site, os trens fabricados pelo consórcio Temoinsa-Sifang deverão começar a operar no ramal da CPTM em meados de janeiro, um pequeno atraso em relação à previsão da companhia, que tem dito que eles entrarão em serviço ainda neste mês.
Apesar disso, os testes com o trem fabricado na China estão evoluindo. A primeira composição está desde sexta-feira (13) sendo avaliada na própria Linha 13-Jade, etapa final do processo de homologação, quando são realizados testes de sinalização e do sistema de informação aos passageiros. Na imagem acima, que circula nas redes sociais, o trem aparece estacionado durante o dia na via após a estação Aeroporto Guarulhos já que os testes são feitos durante a madrugada.
Ao mesmo tempo em que o primeiro trem foi levado de Osasco para o pátio Engenheiro São Paulo, no Brás, outra composição foi entregue no pátio Presidente Altino na semana passada. Ela chegou a Santos juntamente com outros dois trens e que serão transportados do litoral nos próximos dias. Com isso, faltarão serem entregues apenas dois trens da encomenda de oito unidades. A previsão é que eles cheguem ao Brasil na primeira semana de janeiro.
Nova encomenda
A licitação para compra de oito trens para a Linha 13-Jade foi realizada em 2013 e previa que essas composições tivessem pequenos diferenciais em relação a outras séries, entre eles os bagageiros para acomodar malas de passageiros que utilizam o Aeroporto de Guarulhos, próximo à linha. Mas os trens da Série 2500 estrearão novos paineis eletrônicos sobre as portas e possuem botões de abertura individual que, embora requisitados pela CPTM, não serão utilizados inicialmente.
A Série 2500 também traz o ineditismo de ser produzida na China, pelo grupo CRRC, ao qual faz parte a Sifang. Até então, a CPTM havia contratado apenas fabricantes com instalações no Brasil – com exceção do trens da Série 2100, comprados usados da Espanha, e reformados. A escolha de um grupo estrangeiro sem uma fábrica nacional tem causado polêmica entre as empresas instaladas no país.
Em apresentação na semana passada, a ABIFER, associação que reúne o setor ferroviário no Brasil, lamentou a ociosidade da indústria, agravada pela encomenda da CPTM ao consórcio com empresas chinesas. Para o presidente da entidade, Vicente Abate, a concorrência chinesa tem sido injusta por conta da falta de isonomia tributária. Na visão da ABIFER, fabricantes estrangeiros têm vantagem por não arcarem com os pesados impostos do setor no país.
Diante desse quadro, a associação teme que as novas licitações para material rodante da CPTM e do Metrô acabem sendo vencidas por grupos estrangeiros sem vínculo com o Brasil. Num setor que anda às moscas, perder as encomendas de 34 composições da CPTM e de 44 trens para as linhas 2-Verde e 6-Laranja de metrô, pode ser um duro golpe para os grupos instalados no país, boa parte deles formada por fabricantes estrangeiros como Alstom, Bombardier, CAF e Siemens.
Por outro lado, todos eles também acabaram sendo alvo de investigações por suspeita de conluio em várias licitações e condenados pelo CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Sem falar nos imensos atrasos na entrega de trens nos últimos anos, o que demonstra que o problema da indústria ferroviária no Brasil não se resume apenas ao dilema de importar ou fabricar localmente seus trens.