Na próxima segunda-feira, 27, serão completados três anos desde que o trem M20, da Linha 15-Prata, teve um dos pneus estourados pelo desprendimento do “run-flat”, um disco metálico que serve como anteparo de segurança para o monotrilho.
O incidente causou enormes problemas para os passageiros já que o Metrô foi instado a suspender a operação do ramal pelo Consórcio CEML, responsável por fornecer os trens Innovia 300 e também construir as vigas guia por onde esses veículos circulam.
Na época, a empresa temia que a situação pudesse se repetir e solicitou que a Linha 15 deixasse de funcionar para que fosse possível averiguar o ocorrido e fazer as correções necessárias.
O episódio inusitado, no entanto, causou um enorme prejuízo ao Metrô (e indiretamente aos cofres públicos) já que o ramal ficou fechado por nada menos que 95 dias.
Além de causar transtornos aos passageiros, a demora em solucionar o problema fez o Metrô perder arrecadação e, de quebra, gastar recursos para manter o sistema PAESE, de ônibus emergenciais, por cerca de três meses.
Segundo um documento obtido pelo site na época, apenas no primeiro mês de suspensão o Metrô perdeu cerca de R$ 15 milhões.
A Linha 15-Prata só voltou a abrir em 1º de junho de 2020 após o CEML reparar a superfície de várias vigas-trilho, conhecidas pelas irregularidades, e reduzir o diâmetro do “run-flat” para que não houvesse risco de um novo contato com o pneu, o que causou o rompimento de fevereiro de 2020.
Apenas no dia 29 de junho de 2020, o Metrô instaurou o “Processo Administrativo Sancionatório nº 06/2020” para responsabilizar o consórcio CEML pelo incidente ocorrido com o trem M20. Em que pese a necessidade de defesa do consórcio, o processo em questão se arrasta até hoje.
Este site solicitou, por meio do Serviço de Informaçao ao Cidação (SIC), o atual status da investigação assim como de outros dois processos que correm associados, o 04/2020 e nº 09/2020, que abordam as perdas de receita tarifária e dos custos do serviço PAESE.
A resposta, como em outro pedido feito em junho, foi lacônica. “O presente processo encontra-se em fase de Recurso Administrativo e está em análise por parte da Companhia do Metrô”, disse a empresa.
Há oito meses, o processo estava no estágio de “análise das alegações finais” do consórcio, ou seja, aparentemente pouco evoluiu. O conteúdo do processo não foi tornado público pela companhia, o que impede que se entenda quais são os argumentos do CEML para se defender da grave falha apresentada pelo seu trem e obra.
Também não está claro como o Metrô aceitou um projeto que pudesse dar margem para uma situação tão perigosa quanto o desprendimento de peças metálicas sobre uma movimentada via.
Laudo “secreto” do IPT
Logo que o incidente ocorreu e em meio à discussões entre os envolvidos, o governo do estado solicitou ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) um laudo independente sobre o ocorrido.
Este site tentou obter uma cópia do documento, mas foi impedido pelo governo porque o relatório foi “considerado sigiloso, com classificação de acesso secreto, de acordo com o Decreto 58.052 – Art. 30 – Inciso III”.
Siga o MetrôCPTM nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
Desde o acidente com o trem M20 não houve mais ocorrências semelhantes, porém, a Linha 15 continua a ter intervenções emergenciais, algumas motivadas por desgastes no concreto das vigas guia, projetadas para durarem dezenas de anos.
Enquanto não recebe uma sanção pelos erros de 2020, o Consórcio CEML continua a celebrar aditivos contratuais como o que incluiu mais trens Innovia 300 a serem entregues nos próximos anos.
Infelizmente, a grande imprensa se esqueceu do episódio de três anos atrás, o que ajuda a transformá-lo em mais um caso sem conclusão.
Sem cobrança aos culpados e a correta prestação de contas pelo governo, a sensação é de que contratos públicos só funcionam para os interesses do lado privado. Ao contribuinte resta arcar com o prejuízo e a irresponsabilidade de alguns.
Boa reportagem. Além da parte financeira, o governo do PSDB realmente prejudicou a imagem do Metrô e da CPTM. Isso com certeza favorece a privatização já que eles visam descredibilizar a imagem das empresas para a população em geral. O mesmo vem acontecendo com a Sabesp…
Não sabia que todos os funcionários do Metrô e da Sabesp eram membros do PSDB. Renato, poderia nos mostrar a fonte dessa informação?
Quantas versões tem o CBTC dessa linha?
O Brasil é um dos poucos países onde se premia a incompetência injetando dinheiro a rodo e ainda impurram a narrativa de corte de gastos quando na verdade se está maquiando interesses pessoais promíscuos que só atendem a um reduzido número de pessoas para bancar candidaturas e aposentadorias gordas. A via mobilidade está aí pra confirmar e querem mais. Gestão e capacitação nos tempos atuais se mostram mais eficazes . Se for pra vender tudo o João da feira se mostra mais capacitado para fazer bons negócios do que qualquer um que está aí se dizendo gestor público!
Quem fiscalizou a fabricação, testes (no Brasil e Canadá) e aprovou trens e vigas-trilho foram funcionários do Metrô. Se algo não saiu como deveria, a Cia. do Metropolitano também possui responsabilidade pelos problemas.
Será que a Cia. vai multar a si mesma?
Não consegui comentar em outra matéria..Falando sobre linha 22 e rosa acho uma grande mentira pois não há motivo fazer uma linha centro bairro essas, já havendo a linha amarela e vermelha nos mesmos lugares, assim como a rosa. Já existe a 9 e a azul, só vai beneficiar após o Jabaquara até Sti André.
São Paulo é tão carente de linhas porque fazer linhas repetidas.Acho que o metrô quer nos enganar como de, c/ a linha 5 q demorou 20 anos pra ficar pront. Ou será o novo Gov. Tarcísio q quer mostrar serviço mas está perdido