O recente contrato firmado entre a CENTRAL e a CPTM para recuperar o degradado sistema metropolitano gerido pela Supervia é visto como uma oportunidade inovadora para a estatal paulista aplicar sua expertise por uma causa de grande importância.
Como de costume, o site foi além e buscou um detalhamento desta contratação. Nesta matéria será possível ver não somente as atribuições da CPTM no processo de recuperação da malha fluminense como também o cenário de “terra arrasada” deixada pela concessionária vinculada à acionistas japoneses.
O contrato
A CPTM prestará serviços para a CENTRAL com o objetivo de fornecer dois produtos distintos. O primeiro deles visa a elaboração de um denso orçamento que contemple a contratação de serviços de operação e manutenção do sistema ferroviário da RMRJ.
Já o segundo produto visa a elaboração de um orçamento para a estabilização do sistema ferroviário com base em um ampla planilha de pendências deixada pela operadora privada.
Os produtos a serem entregues deverão prever um orçamento para cenários distintos. Serão elaboradas planilhas para um cenário de 12, 24 e 60 meses, bem como o atendimento a amplas faixas de demanda, estabelecidas em 300 mil, 480 mil e 660 mil passageiros diários.
A definição das faixas cronológicas e de demanda poderão trazer um resultado mais efetivo para os serviços, possibilitando uma aferição clara para uma tomada de decisão assertiva.
Produto 1
O primeiro produto deverá conter não somente o orçamento, mas a planilhas de cálculo incluindo mão de obra, materiais, contratos terceirizados e demais insumos relativos à operação e manutenção de diversas áreas do sistema ferroviário. São elas:
- Operação de Estação;
- Operação de Centro de Controle;
- Operação dos Trens;
- Manutenção de Material Rodante;
- Manutenção de Via Permanente;
- Manutenção de Sistemas Elétricos;
- Manutenção de Sinalização Ferroviária;
- Manutenção de Telecomunicações;
- Manutenção Predial;
- Manutenção de Equipamentos Auxiliares;
- Segurança Operacional e Patrimonial;
- Limpeza de Estações e Trens;
- Tecnologia de Informação;
- Energia Elétrica de Tração.
Os serviços contemplam praticamente a totalidade de ações que permitam a zeladoria e a atividade das operações ferroviárias. Será utilizado com base nos modelos e padrões operacionais da CPTM, com ajustes para uma adequação ao cenário encontrado no Rio de Janeiro.
Cabe citar que a CENTRAL poderá ser consultada pela CPTM para prestar esclarecimentos adicionais que permitam refinar o projeto final a ser entregue pela estatal paulista.
Os cargos e as funções, bem como as atribuições de cada pessoal no quadro de funcionários deverá estar devidamente descrita dentro do plano orçamentário.
Produto 2
O segundo produto é uma orçamentação para a “estabilização” do sistema ferroviário do Rio de Janeiro. A CPTM deverá executar uma planilha orçamentária com a quantidade de serviços e insumos detalhados em material enviado pela CENTRAL.
A valoração de alguns itens poderá ser mais complexa. O termo de referência estabelece análises especiais para produtos importados, detalhamento de mão de obra incluindo encargos trabalhistas, custos por hora e mês e equipamentos além do BDI (Benefícios e Despesas Indiretas). O BDI envolve administração, seguros, garantias, riscos, benefícios e tributos.
Sistema Ferroviário
De forma resumida, o sistema ferroviário do Rio de Janeiro é composto por cinco ramais e três extensões operacionais com 270 quilômetros de extensão e 430 quilômetros de via permanente implantada.
Atualmente são transportados 300 mil passageiros diariamente em 136 trens operacionais de uma frota de 201 composições, representando um índice de 60% de disponibilidade operacional. O sistema possui 104 estações.
A Supervia hoje disponibiliza 554 viagens equivalentes a uma oferta de 1,1 milhão de lugares nos dias úteis.
No seu auge, a operadora já chegou a transportar 908 mil passageiros por dia em 1984. O valor atingiu a mínima histórica em 1998 com a estatal Flumitrens transportando 156 mil passageiros.
A operadora privada obteve sucessivos aumentos de passageiros transportados, mas que nunca chegaram aos níveis da CBTU. Em 2017 houve uma estagnação econômica no Rio de Janeiro e a pandemia praticamente jogou o nível de passageiros para o período pré-2002.
Estabilização
A lista de itens que necessitam ser instalados e comissionados no sistema gerenciado pela Supervia é vasta, o que mostra o descompromisso com a qualidade e segurança dos passageiros.
Elencamos os principais itens a serem repostos no sistema ferroviário do Rio de Janeiro
Sistema de Sinalização
- 162 Bondes de Impedância
- 48 Circuitos de via
- 21 Cabines de sinalização (recuperação e construção)
- 22 sinaleiros
- 32 relés de proteção de sinalização
- 64 km de rede de fibra ótica
Via permanente
- 14,7 km de lastro contaminado (recomposição)
- 676 toneladas de novos trilhos
- 40 AMVs (substituição)
- 22,1 mil dormentes novos
Rede de energia
- 88 km de cabos de cobre (alimentação sinalização 4,4kV)
- 21 postes de concreto
Subestação
- 11 transformadores (revitalização)
- 5 disjuntores extra-rápidos (remoção e troca)
Material rodante
- 224 rodeiros forjados (novos)
Cabe citar que a lista acima é apenas um resumo da tabela completa disponibilizada pela CENTRAL. No informativo constam mais itens com diversos níveis de complexidade de importância.
Ressalta-se ainda o fato desta lista ser referente ao plano de estabilização, ou seja, a manutenção das condições mínimas de segurança operacional e confiabilidade do sistema. Isso está longe de ser uma garantia de que o sistema voltará a ter boas condições de uso.
Recuperação do sistema ferroviário
A recuperação do sistema ferroviário da Região Metropolitana do Rio de Janeiro não será tarefa fácil. As condições atuais da ferrovia requerem atenção e um plano de ação integrado que devem ir além das disciplinas ferroviárias.
Um exemplo é a questão da segurança pública, uma das grandes fragilidades do sistema. O aumento da quantidade de vandalismos, roubos e furtos de materiais inviabilizada, em muitas situações, as tentativas de estabilização operacional dos ramais.
A Supervia, atual operadora, está em graves condições financeiras, podendo evoluir para um estado de plena falência. Diante desse cenária uma intervenção do estado, por mãos próprias ou por meio de parcerias com o setor privado, podem sustentar a frágil situação dos trilhos fluminenses.
Fato é, será necessário tempo, investimento e um amplo plano de revitalização e reeducação para que o sistema de trens metropolitano no Rio de Janeiro possa atingir um nível de qualidade adequado aos passageiros e funcionários.
isso é o que vai acontecer com as linhas 8 e 9 futuramente. e não se trata de birra pq é uma empresa privada, mas pq é a realidade. quem conhece por dentro a viamobilidade sabe q paga-se pouco de salário e por isso tem alta rotatividade e baixa capacitação, a manutenção é feita com gastos mínimos, tem vários trens sucateados inclusive sem rodeiro. na hora que o governo pegar de volta, vai ter q investir muito para voltar ao nível pré concessão. o próprio presidente da CPTM, na época em que foi questionando pelo ministério público, disse que o investimento necessário para recuperar o sistema era de aproximadamente 1,5 bilhões. documento público, pra quem duvida
O cenário do Rio de Janeiro é único e não há como ser reproduzido em nenhum lugar do país.
A tentativa de comparação entre a Supervia e a Via mobilidade não passa de um débil esforço de funcionários públicos tentarem angariar apoio popular contra as concessões.
Até o momento a Via Mobilidade está operando as linhas 8 e 9 dentro dos mesmos padrões obtidos pela CPTM.
débil esforço é sua defesa insistente na viamobilidade. a comparação é justa, visto que a situação atual é de terra arrasada.
mas o reconhecimento que a viamobilidade presta um serviço ruim é que até hoje vc nunca rebateu os dados que eu trago sobre a concessão. suas respostas resume em dizer isso aí que vc escreveu
Isso é o que vai acontecer aqui, só que o Tarcísio como não é paulista e só está usando o estado como palanque pra presidência, vai terminar de vender as linhas, sem olhar para os lados e ver o que já está acontecendo na ViaMobilidade. É uma bomba relógio que um dia vai estourar
Tarcísio sabe exatamente o que acontece na viamobilidade e todas as consequências da privatização. Será que ninguém entendeu que Tarcísio é alguém que veio para satisfazer os interesses do mercado financeiro?
Que matéria completa, parabéns!
Espero que a CPTM possa ajudar os fluminenses assim como ela recuperou a malha paulista.
Maravilhosa a materia, espero muito q o poder publico do RJ consigo ajuda na questão da segurança, pq nao adianta nada botar dinheiro e tudo ser destruído.
#ignorandoComentariosAlheios
obrigado por sempre oferecer matérias completissimas! sonhei um pouco com a CPTM cuidando dos trens no rio e sobrevivendo por meio disso, enquanto o tarcísio vende os trens daqui. seria incrível pra manter as pessoas empregadas de alguma maneira e manter o expertise da CPTM concentrado nela mesma, aplicando ele pra outros lugares no brasil que precisam muito da ajuda
Em breve a CPTM poderá atender são paulo, com sua expertise, consertando os estragos causados pela via mobilidade.
Depois disto o governador de São Paulo deveria repensar na política de privatização da CPTM, já que isto não deu certo em seu estado de origem. Apesar de não serem perfeitas, as linhas da CPTM ,em muitas cidades brasileiras, seriam consideradas linhas de metrô.
A atuação da CPTM na revitalização dos trens fluminenses, além de ser uma decisão acertadissima, só comprova o enorme valor da CPTM como gestora ferroviária. A sua atual privatização é um erro injustificável, cuja fatura todos nós pagaremos em um futuro não muito distante.
Não existe empresa privada com esse conhecimento e competência!
E que o governo fluminense, nesta nova fase das suas ferrovias, não repita o mesmo erro amador do passado em querer concessioná-las a um gestor privado milagroso, que tudo cuidará e tudo resolverá. Isso não existe, os fatos comprovam.
Boa sorte ao estado e à cidade do Rio de Janeiro, e também à CPTM, nessa longa e desafiadora empreitada!!!
E vão tirar a cptm de sp pra ficar revitalizando sistemas destruídos pela sede de lucro privada, simplesmente um escárnio
Recentemente a CPTM já havia prestado colaboração TRENSURB-RS e agora a Supervia-RJ pede cooperação com a CPTM, lembrando que seus trens possuem a mesma modulação, podendo ser intercambiáveis num reconhecimento lógico pelo fato que em matéria em sites especializados, ficou comprovado que os transportes de passageiros sobre trilhos em SP extinção SERVIÇO-710 que utilizam ~740mil p./dia, sendo que ~160mil serão prejudicados com transbordos desnecessários, com projeção de ~1 milhão assim que concluir a Linha 2- Verde contrariando todos fundamentos lógicos de minimização da pendularidade e mobilidade transportando o TRIPLO da soma dos existentes no Brasil!?
De acordo com o texto atualmente a Supervia transporta 312 mil p./ dia em 136 trens operacionais de uma frota de 201 composições, ou seja atualmente só Serviço-710 transporta mais do dobro.
Enquanto em SP está em curso pelo falastrão uma depreciação da CPTM “Os fins justificam os meios” os atuais gestores continuam iludindo a população com o atual governador passando-se como “Gestor” lançado inúmeras supostas melhorias fantasiosas em PAPEL que obviamente não cumprirá, mas que soara bem aos ouvidos dos leigos e bajuladores, para justificar as concessões