Paradas desde setembro de 2016, as obras da Linha 6-Laranja estão na lista de metas que o governo Doria pretende retomar o mais breve possível. Apesar da intenção, a complexidade da situação da linha tem feito a Secretaria dos Transportes Metropolitanos avaliar medidas pouco comuns como a desapropriação da obra, como forma de acelerar o processo de retomada.
Segundo uma fonte ouvida no governo, as opções que estão na mesa do governador são variadas. Incluem até mesmo o cancelamento da caducidade caso a concessionária Move São Paulo consiga atrair novamente um interessado em tomar o lugar das sócias afetadas pela operação Lava Jato.
Até que o processo de caducidade passe a ser efetivado em agosto, seria possível revertê-lo, o que simplificaria a questão legal. Caso isso não ocorra, a gestão Doria terá de pensar em soluções que evitem desperdício do trabalho já realizado até agora.
Quando assumiu a linha, a Move São Paulo deixou de lado parte dos projetos iniciados pelo Metrô como o das estações que passaram a ter uma concepção mais simples e barata. A ideia é que esse trabalho seja aproveitado mas isso dependerá da forma como uma nova licitação será modelada. Dependendo de quem vencer ficará a cargo dessa empresa optar pelo caminho mais interessante.
Outro aspecto crucial na obra diz respeito aos ativos da construção, caso dos dois shields comprados pelo consórcio construtor Expresso Linha 6. O que poucos sabem é que a Move São Paulo, embora constituída por três grandes empreiteiras, preferiu “terceirizar” a construção da linha. É essa a empresa dona dos dois tatuzões, por isso não está claro se os dois equipamentos, hoje estocados num canteiro na Marginal Tietê, poderão ser utilizados de fato.
Horizonte incerto
Se optar por seguir com a caducidade, o governo terá certamente longas disputas judiciais pelo caminho já que a Move São Paulo buscará o maior ressarcimento possível pelo período em que esteve à frente do projeto. Por essa razão, a caducidade pode ser uma solução prática para assumir o espólio da obra e relicitá-la o mais breve possível.
Caberá então ao governo decidir se mantém o formato de PPP (parceria público-privada) ou se a fatiará e a licitará por lotes. Nesse cenário, a compra de trens, instalação de sistemas e operação caberia à iniciativa privada, nos moldes do que foi feito com a Linha 4-Amarela.
Seja qual for o caminho a ser adotado pela gestão Doria é certo que o prazo de entrega da Linha 6-Laranja estará bem distante de hoje, possivelmente em meados da próxima década na hipótese mais otimista. Algo lamentável para uma obra vendida como solução para os seguidos atrasos e encarecimento das obras públicas no Brasil.