Responsável pela construção e operação da futura Linha 18-Bronze de metrô, o consórcio VEM ABC esclareceu vários pontos a respeito do projeto, que está parado há três anos aguardando que o governo do estado de São Paulo obtenha recursos para iniciar as desapropriações. Apesar da demora, a empresa vencedora da PPP (Parceria Público-Privada) segue firme no objetivo de explorar o ramal de cerca de 14 km pelos 25 anos previstos no contrato.
Durante Workshop promovido pela revista Sobretrilhos nesta terça-feira (11) em São Paulo, Maciel Paiva, presidente da VEM ABC, foi taxativo a respeito da pressão dos prefeitos recém empossados na região, que preferem uma linha de BRT em vez de monotrilho: “a mudança do modal não faz parte do contrato”, afirmou o executivo. De acordo com ele, a responsabilidade pelo projeto é do estado que ratificou a intenção de construir a linha – segundo rumores, o secretário de Transportes Metropolitanos, deverá se reunir com o Ministério da Fazenda em Brasília para tentar mudar a classificação de endividamento do estado, que impede que seja autorizada um empréstimo para as desapropriações.
A fala de Paiva demonstra que a VEM ABC não ficou parada enquanto o imbróglio do financiamento empacou a autorização para início das obras: “Nesse período já adiantamos várias etapas do projeto, tivemos reuniões com as prefeituras envolvidas e mitigamos vários problemas em potencial que devem economizar cerca de nove meses no desenvolvimento da linha”, explicou. A previsão é que a obra leve quatro anos para ficar pronta, o que deve ocorrer num tempo menor, embora o executivo tenha preferido não precisar um tempo exato.
Estações ampliadas
O presidente da concessionária revelou também que toda a concepção do monotrilho da Linha 18 recebeu aprimoramentos baseados na experiência de construção das linhas 17 e 15. “Aspectos como a qualidade da viga-trilho e o consumo de pneus, fundamentais para calcular o custo de operação, foram melhorados”, diz. Na visão de Paiva, o traçado “amigável” da linha também deve ajudar na implantação e assim como o número baixo de desapropriações, necessárias principalmente para abrigar os acessos laterais das estações.
Diante de um concessão com 25 anos de duração, a VEM ABC também se preocupou em maximizar o potencial comercial e de capacidade da linha. Por isso, cada estação recebeu o que ele chamou de um estudo de aptidão: “analisamos se uma estação tem potencial para uma universidade, shopping center, supermercado, cinemas e vamos explorar essas possibilidades”.
A surpresa foi a revelação que a VEM pretende ampliar a capacidade da Linha 18, estimada em 314 mil passageiros por dia. A ideia é poder reduzir o headway (intervalo entre trens) e até ampliar o número de vagões para chegar a uma capacidade de até 40 mil passageiros/hora, por exemplo. Para isso, as estações foram redesenhadas, ganhando plataformas laterais em vez de central, como se vê na Linha 15-Prata. Isso facilitará a expansão das plataformas caso seja necessário incluir mais um vagão nas composições – os trens terão inicialmente cinco vagões fabricados pela Scomi, empresa da Malásia que também fornecerá os trens da Linha 17-Ouro.