ViaMobilidade terá de ressarcir governo em R$ 131 milhões por compromissos retirados do contrato

Valor é a soma de três projetos que foram suprimidos da concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, mas dinheiro deverá ser revertido em obras e projetos de melhoria nos ramais
Melhorias no pátio Engenheiro São Paulo foram canceladas (Jean Carlos)
Melhorias no pátio Engenheiro São Paulo foram canceladas (Jean Carlos)

O governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Parcerias em Investimentos, realizou a supressão de investimentos na concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda operadas pela ViaMobilidade.

São três projetos que deixaram de ser considerados no contrato, a construção de um acesso de uma estação da Linha 8, a expansão do pátio de manutenção Engenheiro São Paulo e a construção de um almoxarifado às margens da Rodovia Ayrton Senna.

Esses investimentos suprimidos chegam a um valor de mais de R$ 131 milhões, conforme dados obtidos pelo site com exclusividade. Ou seja, é um montante que em tese deverá ser ressarcido ao governo do estado, mas o destino pode ser um pouco diferente (veja no final do texto).

A seguir mostramos os detalhes de cada projeto e o valor que foi reduzido no contrato com a concessionária.

Acesso norte de Jardim Silveira

O “empreendimento 40” do contrato de concessão previa a complementação do acesso norte da Estação Jardim Silveira. Na realidade o acesso norte já existe, porém, não havia infraestrutura rodoviária, sendo necessário atravessar um terreno baldio até chegar a rua mais próxima.

A prefeitura de Barueri realizou no local a construção de um grande piscinão e acabou por construir o acesso viário, fruto do empreendimento 40. Portanto, pelo menos neste empreendimento, a exigência perdeu sentido, pois o serviço foi realizado pela prefeitura.

Novo sistema viário, já construido pela prefeitura, na Estação Jardim Silveira (Google Maps)
Novo sistema viário, já construido pela prefeitura, na Estação Jardim Silveira (Google Maps)

Cabe lembrar que o acesso norte já conta com elevador, fruto da reforma e ampliação da Estação Jardim Silveira realizada ainda na gestão da CPTM.

Segundo a deliberação 02-116/2024 da Divisão de Assuntos Regulatórios da CMCP emitida em 10 de abril, o custo do empreendimento apurado é de R$ 799.278,12 que deverá ser compensado ao poder concedente.

Rua projetada para o acesso norte da estação Jardim Silveira (STM)
Rua projetada para o acesso norte da estação Jardim Silveira (STM)

Almoxarifado do PET

O “empreendimento 60” previa a realocação de estruturas do Pátio Presidente Altino para o Parque Ecológico do Tietê (PET). A proposta era de que a concessionária pudesse construir dois galpões com área total de 7530 m², balança rodoviária, portaria e vias para acesso de trens a partir da Linha 13-Jade

Francisco Pierrini, COO da Plataforma Mobilidade do Grupo CCR, alegou questões de posse do terreno como principal empecilho para a não execução do empreendimento, citando inclusive questões com a MRS Logística.

Área onde seria construido o PET, indicando posse da CPTM (Google Maps)
Área onde seria construido o PET, indicando posse da CPTM (Google Maps)

Fato é que, em imagens recentes de 2021 e 2023 uma placa está afixada na frente do terreno dizendo de forma clara: “Acesso Proibido – Área da CPTM, destinada a importantes instalações de apoio para a operação do sistema”

Segundo a deliberação 01-115/2024 da Divisão de Assuntos Regulatórios da CMCP, o empreendimento 60 foi removido. O custo apurado das obras seria de R$ 13.461.745,84 que será revertido para o poder concedente.

Almoxarifado do PET (STM)
Almoxarifado do PET (STM)

Ampliação do Pátio Eng. São Paulo

A ampliação do pátio Engenheiro São Paulo era um dos principais empreendimentos do contrato firmado junto à ViaMobilidade. A proposta era de realocar as estruturas do pátio Presidente Altino para a Zona Leste.

Neste sentido, foi incluído um novo abrigo para manutenção de trens com 8.100 m², oficina de manutenção com base de equipamentos fixos com 8.400m², almoxarifado com 4.650 m², balança rodoviária, novo torno de rodas e estruturas de limpeza de trens.

Além disso, o pátio teria novas vias, totalizando 3.773 metros de novos trechos internos e 10 AMVs. Uma nova linha de testes seria construída com extensão total de 1.200 metros.

A alegação de Pierrini leva em consideração as possíveis interferências no terreno no pátio, especificamente nas áreas da SPU (Secretaria de Patrimônio da União) que é a sucessora de parte dos terrenos da antiga Rede Ferroviária Federal.

Neste sentido, possivelmente este empreendimento será transferido para a nova concessionária das linhas 11, 12 e 13.

Segundo a deliberação 01-117/2024 emitida pela Divisão de Assuntos Regulatórios da CMCP, foi deferida a exclusão do empreendimento e apurado que o valor para as melhoria seria da ordem de R$ 116.985.676,40, valor que será compensado para o poder concedente.

Melhorias do Pátio Engenheiro São Paulo (STM)
Melhorias do Pátio Engenheiro São Paulo (STM)

Compensação

O governo do estado não deixou claro como o valor deverá ser ressarcido para os cofres públicos, uma vez que os investimentos foram cancelados. Cabe citar que a soma dos empreendimentos citados está distante do valor de R$ 200 milhões citados em nota pela SPI.

Isso poderia indicar que mais empreendimentos foram cancelados. Existe uma hipótese de que a realocação das estruturas administrativas de Presidente Altino para o Brás tenha sido afetada. No local não existe nenhum tipo de movimentação em relação a obras.

O governo do estado poderia estar em tratativas e estudos atribuir à ViaMobilidade um novo tipo de investimento. As linhas 8 e 9 ainda têm espaço para receber melhorias em infraestrutura ou sistemas que podem ser delegados à concessionária como forma de compensação, entre elas um novo sistema de sinalização do padrão ETCS, que será usado na Linha 7-Rubi e está previsto na concessão das linhas 11, 12 e 13..

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7 comments
  1. Desconsidere o comentário acima, na realidade a VM deverá ressarcir e não o contrário.
    Vamos ver qdo isso será feito, talvez daqui a 30 anos

  2. o acesso já foi feito pela prefeitura de Barueri, se vão privatizar a L13 pra que fazer pátio . O que mais b.o e pátio Eng sp por que VM/CPTM foram espertos por que teriam que pagar aluguel para governo federal , como tá o metrô na L15 para estação Ipiranga

  3. Quando a Via Calamidade for receber uma bolada de “compensação financeira” o governo desconta esse valor

  4. Seria lindo se transformassem essas obras externas numa nova sinalização.
    Lembrando que a CPTM contratou nova sinalização para todas as linhas mas não instalou quase nada – ainda bem, porque estava porcamente dividido entre ATO e CBTC, dependendo da linha. Na concessão da ViaMobilidade, o GESP (porcamente) não detalhou que sinalização seria adotada.

  5. Ao ler essa matéria tudo o que vem à minha mente é aquele episódio do Pica-Pau: “um pra vc, um, dois pra mim…”

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