A concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, assumidas pela ViaMobilidade, completou dois anos no final de janeiro. Com a expectativa de mudanças positivas no serviço, a empresa do Grupo CCR tem enfrentado um dos maiores desafios na operação de sua plataforma de mobilidade.
Para avaliar se a ViaMobilidade realmente obteve avanços na qualidade do serviço, o site recorreu à Lei de Acesso à Informação para obter dados oficiais sobre as linhas 8 e 9.
O objetivo desta matéria é, portanto, traçar um histórico da operação e manutenção e constatar a evolução do serviço.
Operação
Segundo o contrato de concessão, sete indicadores medem a qualidade da operação das linhas 8 e 9. A média ponderada destes sete indicadores são utilizados para a obtenção do Índice de Qualidade do Serviço Prestado (IQS) que é aferido de 0 (nota mínima) até 1 (nota máxima).
O site fez um artigo mostrando como a operação da concessionária é avaliada. Os sete indicadores são, resumidamente:
- Tempo médio de percurso nos picos
- Ocupação de viagens nos picos
- Cumprimento da oferta
- Acidentes
- Incidentes
- Reclamações
- Satisfação do passageiros
A Linha 8-Diamante teve melhorias na operação em 2023. O índice IQS médio para 2022 foi de 0,34 enquanto no ano de 2023 houve ascensão para 0,74. A linha 8 teve aumento em diversos indicadores, destacando-se o tempo médio de percurso na linha e a quantidade de acidentes reduzida.
Já na Linha 9-Esmeralda houve uma leve queda na qualidade do serviço prestado. Em 2022 o indicador IQS era de 0,56 e, em 2023, caiu para 0,54. Observa-se que alguns itens foram seriamente prejudicados como lotação no horário de pico, acidentes com passageiros e incidentes, indicador mais grave, que se mantém em níveis críticos desde o começo da concessão.
Fazendo a análise completa dos dados de operação observa-se de forma clara que os serviços das linhas 8 e 9 se inverteram. Antes a Linha 9-Esmeralda era tida como a melhor dos ramais de trens metropolitanos. Atualmente, na concessão da ViaMobilidade, a Linha 8-Diamante passou a ser a melhor linha em termos de qualidade de operação.
Observe abaixo os dados completos:
Manutenção
Para a medição da qualidade da manutenção são aferidos cinco indicadores que são submetidos a média aritmética. Os indicadores são:
- Disponibilidade técnica de trens
- Confiabilidade de material rodante
- Regularidade de estações
- Regularidade nos sistemas de linha
- Confiabilidade de dados
Para melhor compreender as informações, o site fez um pequeno resumo destes indicadores.
DTT – Disponibilidade Técnica de Trens para atendimento do programa de Oferta de Trens nos Picos
O objetivo do indicador DTT é realizar o monitoramento da disponibilidade de trens pela manutenção durante os horários de pico.
O indicador estabelece que a disponibilidade ideal é de 99,43% de trens operacionais no horário de pico. Caso a manutenção ofereça menos do que 99,13% dos trens necessários para a operação em horário de pico, a nota da concessionária é zerada.
MRO1 – Indicador de Confiabilidade de Material Rodante
O objetivo deste indicador é medir a média de falhas operacionais da frota de trens. Para o cálculo deste indicador é feita a apuração da quilometragem total percorrida pelos carros dos trens dividido pelo número de falhas.
A meta de manutenção é de uma falha a cada 45 mil quilômetros rodados. A nota pode ser zerada se ocorrerem falhas com frequência menor à 40,5 mil quilômetros rodados.
MRO2 – Indicador de Confiabilidade de Material Rodante
Este item segue a mesma métrica estabelecida para o MRO 1, porém terá cálculos diferentes e realizados de forma automática pelo Sistema Informatizado de Gestão da Manutenção (CMMS) que deverá ser implantado futuramente.
As metas da concessionária são de elevação da qualidade ao longo do tempo. São estabelecidos três patamares para as três décadas de concessão. São considerados como valores ideais (nota 1) e valores críticos (nota 0):
- Do ano 1 ao 10 – Valor ideal de 45 mil quilômetros a cada falha
- Do ano 11 ao 20 – Valor ideal de 52 mil quilômetro a cada falha
- Do ano 21 ao 30 – Valor ideal de 62 mil quilômetros a cada falha
- Do ano 1 ao 10 – Valor crítico de 40,5 mil quilômetros a cada falha
- Do ano 11 ao 20 – Valor crítico de 46,6 mil quilômetros a cada falha
- Do ano 21 ao 30 – Valor crítico de 56 mil quilômetros a cada falha
EST1 – Regularidade das Estações
O objetivo do indicador EST1 é averiguar a conservação das estações, dos ativos e equipamentos, obtendo-se seu valor de disponibilidade para a operação.
A ideia do cálculo é medir o percentual do tempo de funcionamento de todos os equipamentos de todas as estações por mês. O valor ideal é de que 98,67% dos equipamentos estejam em pleno funcionamento. Se o valor foi abaixo de 98,24%, a concessionária é penalizada com a nota mínima.
EST2 – Regularidade das Estações
Segue a mesma metodologia do EST1, porém os dados são calculados diretamente pelo CMMS.
Os indicadores de disponibilidade em estações são mais rígidos. O ideal é uma disponibilidade de 99,3%, garantido-se uma nota máxima. O valor crítico é de 97,65%, ou seja, caso a disponibilidade seja menor do que este valor a nota atribuída será zero.
LIN1 – Regularidade dos Sistemas de Linha
O indicador LIN1 vai medir a disponibilidade dos equipamentos de eletrificação, via permanente e sinalização. Os cálculos serão realizados levando em consideração os tempos de atividade do sistema de sinalização, eletrificação e via permanente.
O valor ideal para a disponibilidade de sistemas nas linhas será de 99,65%. Caso o valor seja menor do que 99,54% a nota zero será atribuída.
LIN2 – Disponibilidade dos Sistemas de Linha
Seguirá a mesma lógica do LIN1, porém com os cálculos realizados automaticamente pelo CMMS. Os valores de cada subsistema deverão ser apurados.
Ao mesmo tempo, o valor para o atingimento da nota máxima será aumentado. A disponibilidade ideal será de 99,68%. A nota crítica será de 99,22%
FC – Confiabilidade de Dados
Este indicador foi criado para verificar se a concessionária está repassando dados precisos para o poder concedente. Para constatar este fato é necessário que se realize inspeções periódicas nas linhas.
Nas vistorias são medidas as não conformidades encontradas. Esses dados vão compor o FC que irá influir diretamente no IQM
IQM – Indicador da Qualidade da Manutenção
O IQM é utilizado para verificar a qualidade de manutenção das linhas. Para a obtenção deste valor será realizada a média entre os quatro indicadores DTT, MRO, EST e LIN.
O IQM1 deverá acrescentar o FC após a média para a obtenção do valor de qualidade da manutenção. Isto ocorre para evitar possíveis distorções de dados da concessionária.
Já no IQM2, os dados deixam de apresentar o FC, já que o CMMS deverá estar ativo e computará as falhas de forma automática.
Os dados de IQM serão somados ao IQS para obtenção do Coeficiente de Mensuração de Desempenho da Concessão (CMD).
Os indicadores de manutenção da Linha 8-Diamante evoluíram de forma significativa. Em 2022 foi apurado nota média de 0,31 para o IQM. Já em 2023 os dados apontaram impressionantes 0,94 de nota média.
Indicadores como a confiabilidade do material rodante, regularidade de sistemas e confiabilidade de dados influíram positivamente no aumento da qualidade.
Na Linha 9-Esmeralda os indicadores de manutenção sofreram uma pequena queda. Em 2022 foi apurado o valor de 0,93 enquanto em 2023 foi apurado o valor de 0,92.
Os valores que impactaram negativamente foram a regularidade de sistemas da linha, que sofreu uma forte queda em fevereiro de 2023.
Em geral é possível ver que até mesmo no quesito manutenção a Linha 8-Diamante está apresentando níveis melhores do que a Linha 9-Esmeralda. As recentes falhas e a pressão constante do sistema sobre o trecho mais demandado da concessão gera impactos intensos nas notas obtidas.
Observe abaixo os dados completos:
CMD – A nota final
O CMD é o Coeficiente de Mensuração de Desempenho da concessão. Este dado é obtido através da média ponderada do IQM e IQS das Linhas 8 e 9 com base na quantidade de passageiros transportados por cada ramal.
O CMD tem impacto direto na receita auferida pela concessionária. O indicador tem peso de 12% na receita operacional que a ViaMobilidade recebe do governo. Portanto, manter este indicador em alta é importante para o sucesso financeiro da operação.
Os dados oficiais do governo apontam: A ViaMobilidade teve melhoria de aproximadamente 120% na qualidade da concessão comparando ao período 2022 com 2023. O CMD subiu de 0,35 em 2022 para 0,77 em 2023.
Percebe-se que os principais fatores que influenciaram a elevação do serviço foi o foco na operação e manutenção da Linha 8-Diamante. Neste sentido a concessionária priorizou os maiores problemas e conseguiu obter bons indicadores gerais.
Números altos, reputação em baixa
Apesar dos números surpreendentes que a concessionária obteve, uma coisa não mudou: a reputação da empresa perante à sociedade continua em níveis baixos.
É inegável. Desde o início da concessão a ViaMobilidade não conseguiu pontuar no indicador de satisfação do passageiro. Um fator, que parece isolado, pode afetar diretamente a visão do passageiro sobre o serviço: Os Incidentes.
Apesar de não serem itens graves, os incidentes são os maiores geradores de insatisfação. Eles dão impressão de que a empresa não consegue operar bem as linhas. Viagens demoradas, trens evacuados por defeitos, etc. Tudo isso impacta no serviço.
A concessionária pode comemorar em parte o crescimento dos indicadores. Atualmente ela deverá sanar os problemas mais graves que são relacionados à estabilidade da operação de forma duradoura e, sobretudo, obter a resolução para sua reputação.
A ViaMobilidade, de certa forma, acendeu um sinal de alerta em parte da população que hoje questiona se o modelo de concessões é realmente o melhor para o transporte. Caberá à própria concessionária provar, com ações, se essa visão está correta ou equivocada. Esse é seu maior desafio.
Eu como passageiro diário da linha 9 não tenho o que reclamar, é lógico que dá pra melhorar bastante, mas a operação tá muito boa com os novos trens. Intervalos regulares, lotação média no pico, correção nas vias, tudo isso passa batido ao usuário comum que sequer se atenta ao destino do trem mas que no final fazem toda diferença.
linho 8 de marte só pode. ontem estive na linha e peguei um trem sem AC na ida e outro com duas portas quebradas na volta. sem conta na velocidade de carroça, o cheiro de pano podre no tem q tinha AC e uma trepidação horrível durante todo o trajeto…
Eu dei risada lendo isso, porque no fundo só pode ser piada. A 8 sofrendo com as sucatas 7000 pegando fogo, sendo deixada de lado na entrega dos novos trens, mas ”melhorou” muito sim hahah.
exaltando um serviço meia boca , só quem é passageiro diária dessa linha sabe o caos que é, principalmente nos fins de semana a noite a lentidão e as paradas no meio das estações,
faz uma averiguação diária com quem realmente usa a linha e posta a real situação.
Aos fins de semana é feita a manutenção da linha. Se o trem não diminuir a velocidade, poderia atropelar os operários da manutenção.
Além disso, há lentidão a leste de Carapicuíba por conta da obra do novo viaduto gerenciada pela EMTU. Por norma de segurança o trem deve passar em baixa velocidade na região das obras até elas serem concluídas.
passa pano pra sujeira doa trens, pra trepidação de algumas composições, pras portas q nao funcionam… pro fedor de pano podre nos vagões…
Considerando que a CPTM entregou a maior parte da frota sem condições de uso e que, mesmo assim, a concessionária conseguiu manter o serviço funcionando, o saldo é positivo.
Depois que todos os trens tiverem sua revisão concluída e toda a frota nova chegar, a tendência é de melhoria do serviço.
A concessão permite que a sociedade acompanhe e questione a qualidade dos serviços. Já a CPTM nunca apresentou parâmetros suficientes para que a qualidade seja aferida.
Ivo
Sem condições de uso está hoje nas mãos da CCR.
A CCR sabia exatamente o que ia receber, inclusive fez lobby pesado para receber esta concessão junto ao governo do estado. A passagem de bastão rápida foi uma exigência da CCR, que queria a concessão o quanto antes e achou que o modelo implantado na linha 4 de esforço mínimo seria o suficiente para as linhas 8 e 9, que eram até então as melhores da CPTM.
E não importa o estado em que recebeu, a concessão foi feita para melhorar a qualidade que havia. Pelo menos no início espera-se que mantenha o mesmo nível de qualidade, e não piore.
Os trens andam sujos, não fazem usinagem de rodeiros, e andam normalmente com a janela aberta por falha em ar-condicionado. Tem vários trens imobilizados servindo de almoxarifado para outros, inclusive um 8500 que era para ser devolvido. Já são 2 anos de concessão.
Os salários são baixos, a rotatividade é alta, e até o lanche comemorativo de 2 anos de concessão que entregaram para os funcionários estava estragado.
O valor do investimento não justifica a concessão. Só de renúncia fiscal (eleitoreira) do ICMS do combustível em 9 meses de 2022, Rodrigo Garcia gerou um déficit de 4,4 bilhões de reais. Em 9 meses gastou mais do que a previsão de investimento contratual da concessionária. Em 8 anos no máximo, baseado nos termos do edital, a CCR passa a recuperar o dinheiro. Isso não representa nem 1/ do período de contrato.
Se você que sempre se mostra alguém bem informado e esclarecido concorda com isso, só resta a lamentar.
Fica facil manter os indicadores, liberam trens sem condições de operação. Paramentrizam as metas, mas não a condição pela qual deve ser alcançada. Se você considerar a condição de liberação dos trens, não indicador seria atingida. Com relação a CPTM ter entregue a linha sucateada, tem que levar em conta que a CPTM tinha que manter a linha rodando com uma receita tarifária menor que a via mobilidade. E mesmo depois de dois anos ainda continua sem acertar mesmo com mais recursos que as empresas estatais. Então IVO, ta na hora de avaliar de forma imparcial e bater todas as condições em igualdade, e não ficar falando sobre opiniões baseada em indicadores sem lastro.
Eu amei a matéria!
Claro que uma matéria como essa, infelizmente vai gerar muitos comentários ruins e dizendo que os dados são mentira.
eu como usuário do transporte a mais de 20 anos das linhas, estou acompanhado e estou vendo as melhorias, principalmente na manutenção e troca de rede aéreas, trilhos, subestações.
E assim como alguns sites comentaram, a concessão das duas linhas foi justamente para que uma compensasse a outra, pq a L8 precisava urgentemente ser melhorada, e ela foi concedida junto com essa finalidade.
Nao importa se vândalos partidários ou não estroem a linhas, eu estou vendo acontecer exatamente aquilo que o governo queria e a população tbm, a melhora da L8 que era completamente sucateada e recebia 0 dinheiros para melhorias se comparadas com as outras.
Sempre vai ter gente partidária reclamando e fazendo alarde, mas em algum momento as pessoas que usam de verdade vão notar que esta dando menos problema, depois de ter tido tudo arrumado, e ai, não adianta nego insatisfeito chorar, a linha vai operar tão bem quanto a L9.
100% nunca será, nem nunca foi com a CPTM, mas vai chegar ao melhor nível agora sem ela, pois estão fazendo o que precisa.
Arrumando tudo.
Obrigado pelos Dados!